Capítulo 78: INCONVENIENTE

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YAN

Ainda estava olhando para o elevador. Completamente frustrado, ele realmente sabia me tirar do sério. Por um momento, eu achei que ele iria falar! Mas estava óbvio que ele estava me provocando.

Me viro, dando de cara com o segurança, ele estava com uma expressão séria, não demonstrando qualquer reação. Mas na verdade eu sabia que ele era lgbt!

Ao longo do tempo decidi colocar pessoas da minha comunidade ao meu redor, para que em nenhum momento eu passe por situações onde eu pudesse perder a compostura.

Eu não suportava lgbtfobia e fazia de tudo para não sofrer ataques desse tipo, porque não confiava em mim mesmo. Eu não tinha autocontrole e tenho certeza que seria capaz de fazer uma grande besteira, então apenas me mantive fechado, mas nunca negando quem eu era.

-—Que horas o ruivinho chegou aqui? – Elliot estava perguntando a minha secretária quando passei pela porta. Eles estavam tão distraídos que nem me viram entrar!
— Acho que era umas 09:00 horas! – Ela responde vermelha pela proximidade que meu amigo tinha dela. Eu sabia que ele estava seduzindo a mulher para obter resposta e ele estava conseguindo.

Meu pai estava ouvindo tudo e me viu chegar. Mas Elliot continua, fazendo suas deduções enquanto olhava o celular, fazendo uma simples conta matemática e fala em seguida.

— Uma hora trancados na sala, eles estavam fechando um grande negócio. – Meu pai gargalha, chamando atenção de ambos que olha pra ele e acaba dando de cara comigo.

Fuzilo minha secretária negando com a cabeça, ela se contraiu toda e abaixou os ombros, abaixando a cabeça como uma boa subalterna. Ela me irritava em vários níveis! Mas executava seu papel muito bem. E é por isso que ela ainda era minha secretária.

— Vai pegar um café expresso pra mim, agora! – Falo de modo nada gentil. Ela se levanta às pressas, indo fazer o que mandei.

Elliot abre um grande sorriso, não se importando com minha cara feia quando nossos olhos se encontraram! Deixei claro que ele devia parar. Mas claro que ele ignorou.

— Adorei o novo visual, tá bem descontraído. Esse cabelo pra frente te deixa tão fofo. Apesar da cara séria..! – O desgraçado fala zombando de mim. Evito passar os dedos pelos cabelos.

Eu não tinha arrumado meu cabelo ainda, pois eu queria mostrar ao Sammy que eu não me importava se eu estava com cara que tinha fudido. Mas porra! Isso era muito humilhante!

Tanto Elliot como meu pai riem da minha cara, se divertindo às minhas custas e me arrependi por ter exposto o meu namorado dessa maneira. Mas o que podia fazer se eu o queria intensamente?

Não estava nem aí se daqui pra mais tarde o quarto e o quinto andar saberão da visita dele! Na verdade eu até queria. Era melhor que ser shippado com o Elliot! Já chegou em meus ouvidos que as pessoas diziam que a gente se pegava no off! Esse povo só podia ter algum problema, não era possível!

Ignorando eles, passando pela aquele idiota, entrando na minha sala. Mas não dá tempo de trancar a porta e ele acaba me seguindo passando por ela também, fechando atrás de si.

— Eu não estou com paciência pra você Elliot! – Deixei claro meu mau humor, que eu tinha certeza que ele iria continuar ignorando.
— Eu tenho uma coisa importante pra falar! Pra alguém que aliviou o estresse, você está bem estressado. – Ele levanta as mãos mostrando que iria parar de gracinha quando viu que eu poderia jogar ele pra fora da li.

Quando fui à minha mesa e peguei alguns papeis no chão, ele dá uma olhada no lugar que estava levemente bagunçado. Ele se aproxima da cadeira que ele sempre se senta e pergunta desconfiado.

— Diz que esse lugar é seguro pra se sentar? –  Será que se eu disser que não, ele me deixaria em paz?
— Nenhum lugar aqui é seguro. – Dou um sorriso cínico. Mas aí ele se senta com vontade.
— Você não sabe mentir meu caro amigo. Basta dar uma olhada no lugar que é fácil saber aonde vocês fizeram. – Ele olha pra janela e continua suas deduções sem graça.

— Aquela janela por exemplo... com toda certeza vocês andaram fechando negócio por lá! E nem me fala dessa mesa né, pela bagunça! – Quando achei que ele iria parar com suas inconveniências, ele vira a cadeira pro sofá e fala.

— Nunca mais vou querer sentar nesse sofá..! – Então vira pra mim e faz cara de nojo. Mas no fundo eu sabia o que ele estava sentindo, então joguei na cara dele.
— Sabe o que eu acho? Que você está com inveja.
— Sim seu desgraçado, eu estou morrendo de inveja, tô me corroendo. Me perguntando como uma pessoa como você teve mais sorte em encontrar um amor que eu! – Eu abro um sorriso sarcástico.

— A culpa não é minha se você teve mau gosto de ter escolhido aquela mulherzinha pra se envolver. Eu ainda preferiria o Daniel! – Nunca falei pro meu amigo, mas ela já deu em cima de mim, de uma forma invasiva e descarada. Eu sei que Daniel também já fez isso, mas eu sabia que era pra chamar atenção.

E também já teve uma época que nossos pais queriam juntar as famílias. Eles achavam mesmo que só porque nós éramos gays assumidos, que seria fácil assim. Que era só pedir pra tentarmos que iria dar certo!

Então eu sabia que por insistência dos pais, ele sempre procurava dar em cima de mim. Até que passou a ser divertido pra ele quando viu que eu me aborrecia muito. Ele sempre estava representando um personagem idiota e vazio.

— Sério que você vai falar dele? – Meu amigo me puxa para o presente.
— Você acha que eu sou um idiota? Eu sei que você só passou a ter um relacionamento com aquela mulher pra esquecer o loiro!

— Mas eu realmente gostei dela!
Não como gosta do Daniel! Cara eu estava lá! Foi eu que tive que lidar com suas crises.
— Eu não quero falar disso, Yan! Eu não vim pra isso. – Ele fala magoado, estava na cara que ele não esqueceu o que Daniel fez com ele! Me arrependo por cutucar sua ferida.
— Então o que você veio fazer aqui? – Troco de assunto. Ele respira algumas vezes para recuperar seu controle.

— Meu pai está cada vez mais doente e a promessa que eu fiz de ficar seis meses do próximo ano trabalhando aqui, eu não vou poder cumprir! – Se a intenção dele era me deixar desanimado, ele conseguiu! Eu não vejo ele não vindo aqui todos os dias encher meu saco. Mas não há nada o que fazer.

— E quanto tempo você vai poder ficar?
— Com muita insistência, eu só vou ficar três meses do próximo ano! – Isso seria suficiente para ensinar e auxiliar Daniel a ser um bom empresário? Droga, isso não é bom! Não tinha nada que eu pudesse fazer, então falo.

— Ainda bem que a aposta foi apenas de um mês! Mas bem que eu acho que você não vai aguentar isso tudo.
— Você é realmente um desgraçado mesmo, sabia? – Eu abro um sorriso fraco. Mas ele sabia que no fundo eu iria sentir falta dele me enchendo.

— Queria poder comprar as ações que vocês estavam vendendo e ser sócio e continuar na minha função.
— Vendemos trinta por cento para um amigo de confiança do meu pai, vou guardar dez por cento pra você, pra quando você quiser dar um chute na bunda do seus pais, você pode vim pra cá. – Ocultei quem era o amigo. Ele sorri fraco também.

A amizade que a gente tinha, iremos fazer de tudo para mantê-la sólida. Ambos se ajudaram muito na adolescência. Sem ele eu teria seguido por um caminho que não iria ter volta. Sem mim ele teria feito loucuras. Então essa amizade foi e é benéfica para nós dois.

Traumas do passado +18Onde histórias criam vida. Descubra agora