Capítulo 81: ATITUDE

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SAMMY

Decidi trabalhar na sexta-feira.  Pois segunda eu não teria tempo para está aqui, pois iria tirar a semana para fazer compras com Daniel e passar um tempo com minha irmã. Na verdade, seríamos nós três. Eu, Daniel e Hannah.

Depois de contar a Paolo, tudo o que aconteceu comigo ontem, ele ficou completamente chocado. Claro que eu fiz um resumo de tudo que eu tinha passado, não abordando certos assuntos que pudessem me causar gatilho.

Também vim trabalhar hoje porque daqui iria para a casa do meu namorado. Essa parte já não me deixava tão ansioso. Um pouco nervoso, talvez. Esperançoso pelos momentos que iremos passar juntos.

O dia de hoje foi bem tranquilo, mas com grande movimentação. Ainda fizemos algumas tatuagens ao longo do dia. Isso foi bom para distrair um pouco. Também recebi uma ligação da minha irmã. Isso me deixou bastante animado.

Confirmamos tudo direitinho para o nosso encontro. Iria aproveitar o fato de ter que fazer compras com Daniel para ter um tempo com ambos. Eu tenho certeza que os dois iriam se dar muito bem.

Quando falei pro Dan tudo que aconteceu comigo ontem. Ele disse que eu era realmente uma pessoa boa. Porque ele jamais iria ajudar aquela pessoa. Mas a verdade era que era fácil falar. Mas eu conhecia muito bem o meu amigo, sabia que ele estava falando da boca pra fora.

Às 19:30 Decido ligar para o Yan para saber se ele iria demorar a passar aqui para me buscar. Ele disse que já estava de saída. Que logo estaria aqui. Então decidi fazer uma surpresa para ele, indo de encontro a sua presença.

Paolo ficou encarregado de fechar o estúdio, então peguei minha mochila e não demorou muito para a porta do elevador abrir no quinto andar. Mas o que eu vi, me machucou no nível que eu não esperava!

Yan se encontrava de costas para mim. Mas aquele mesmo cara moreno que passou a mão nele no elevador no outro dia estava com suas mãos em volta do pescoço dele! Só queria sair dali sem ser visto.

Apertei o botão de modo frenético, mas a grande caixa metálica estava descendo e sabia que iria demorar a subir. Então fui obrigado a ver o desenrolar daquela cena desagradável, me obriguei a não chorar. E talvez me agradeço por ter ficado ali.

— Tire a droga de suas malditas mãos de cima de mim! Você é surdo porra? – Em modo brusco Yan empurra o cara pra longe de si, assim quebrando o contato físico.

Mas aquele cara não se abalou pela maneira que foi tratado, as palavras do meu namorado não causaram nada nele e o que ele fala em seguida, comprova tudo! Não entendi porque alguém tão bonito se pregava a esse papel humilhante.

— Mas ele não está aqui... ele não precisa saber.
— Você me dá nojo, jamais trairia ele, muito menos com alguém como você! – Finalmente pude ver ele recuando. A malícia em sua voz sumiu quando falou em seguida.
— Você se acha, não é? Olha pra mim! Eu sou lindo. – Por um momento achei que ele estava tentando convencer a si mesmo. Mas então ele continua querendo se iludir.
— Eu sei que você sente atração por mim… todos sentem. – Yan nega com a cabeça. Eu não iria permitir que essa cena fosse adiante.

Macho em ambas direção, diminuindo a distância deles, quando finalmente puxei meu namorado para me encarar, capturando seus lábios. Não demora para eu sentir seus braços me envolverem correspondendo o beijo quase que de imediato.

Ele me colocou em seu colo e envolvi sua cintura com minhas pernas se aprofundando cada vez mais em um beijo onde obviamente eu estava marcando território. Queria deixar claro que ele pertencia apenas a mim.

Mas tivemos que nos separar e desço dos seus braços tão rápido como subir e finalmente olho no fundo dos olhos daquele cara. Não o olhei com ódio e sim com certa pena, por estar se humilhando a alguém que não queria nada com ele.

— Ele é meu, e se você ousar encostar suas mãos novamente no meu namorado, pode ter certeza que você vai se arrepender profundamente. – Me surpreendi até com minha voz, a confiança que usei parecia não pertencer a mim. Eu não tinha essa confiança!

O cara me avalia de cima a baixo. Suas expressões não falavam nada. Então ele toma uma decisão inteligente e vai pro elevador pisando firme no exato momento que as portas se abrem e logo ele entra sumindo da nossa vista quando as portas se fecham. Olho para o Yan que estava com cara de orgulho no rosto.

— Isso foi muito inesperado, mas eu adorei ver isso. – Reviro os olhos indo até o elevador apertando o botão novamente e ele me segue.

— Tem sorte de eu não ter sido precipitado ou até ido embora. – Falo quando ele envolve meu corpo por trás e me dá um beijo no pescoço.

— Eu sou muito sortudo mesmo, mas sou desde o dia que te conheci. – Ele fala ainda me abraçando, tirando sorrisos de mim. A porta se abre e entramos.

— Yan, eu estou com fome! – Falo fazendo bico pressionando o botão do terceiro andar.
— Você sabe que vai tá lotado né? Vai querer comer o quê?
— A mesma coisa que você trouxe quando você me levou pra casa pela primeira vez. – Dou um sorriso, piscando os olhos e ainda faço bico novamente.
— Pois me espera no meu carro, ele está no mesmo lugar de sempre. Vou enfrentar aquela multidão pra te alimentar. – Ele me entrega a chave me dando o selinho no exato momento que as portas se abrem novamente e dou um tchauzinho quando o elevador se fecha e pouco segundo abre novamente no estacionamento.

Estou caminhando lentamente com um sorriso nos lábios. Estava distraído procurando uma música no meu celular. No processo, a chave do carro cai da minha mão. Guardo o celular rapidamente na mochila e alcanço-a, me arrastando  até meu destino. Quando estou me aproximando do carro do meu namorado, eu ouço uma voz que eu nunca queria ouvir novamente na minha vida! Aquela voz que destruiu meu psicológico com as piores ofensas dirigida a mim.

— Eu não acredito que finalmente te achei! – Pior que ouvir essa frase, foi sentir seu toque em meu braço quando ele me vira para dar de cara com ele. O pânico já estava fazendo efeito sobre mim.

Me causando falta de ar, logo levo minha mão livre pra garganta que estava fechada, tudo ao meu redor começa a girar me jogando em lembranças que eu não queria me lembrar!

Tinha acabado de fazer 17 anos e me encontrava de frente ao espelho. Finalmente estava quase no fim do último ano do ensino médio e hoje foi muito legal. Cantaram parabéns para mim na sala, depois um cara deu em cima de mim também. Ele disse que eu era exótico em um bom sentido. Eu gostei muito disso.

Agora mesmo eu estava em frente ao espelho com um sorriso nos lábios, me sentindo bonito, o que era raro de acontecer. Mas não era por menos. O cara que me elogiou era incrivelmente bonito.

— Porque você está sorrindo? – Levo um susto encontrando os olhos do meu namorado pelo reflexo. Que logo vem em minha direção pegando meu cabelo de um jeito bruto, causando uma dor no meu couro cabeludo!

— Eu te fiz a droga de uma pergunta porra! – Ele aperta mais meus cabelos e logo meus olhos se enchem d’água.
— Eu só estava me olhando no espelho.
— Porquê? Você acha que é bonito? Olha pra você. Esses olhos quase que brancos! E esses cabelos vermelhos? São horríveis! Fora essa pele pálida com essas manchas, que parece que você está sempre sujo! Que droga eu vi em você? Você tem sorte de eu te amar, se não, estava debaixo de uma ponte agora. – O desprezo que ele usava na voz sempre partiu meu coração.

— Agora vai tomar um banho que eu quero te fuder. – Dito isso ele me solta de um jeito brusco, quase que me derrubando no chão! E meu primeiro aniversário nesse lugar foi horrível, não muito diferente dos dias que se passaram desde que ele me abusou.

Traumas do passado +18Onde histórias criam vida. Descubra agora