YAN
Meu pai não gostava muito de vir aqui, por mais que tivesse muitas memórias boas dessa casa, as ruins foi que prevaleceu. Então ele deixou a casa aos meus cuidados quando me tornei de maior.
Por mais que fosse uma casa grande eu não podia deixá-la para trás. Minha mãe adorava essa casa que já foi dos seus pais. Ela era luxuosa e prática e eu cresci ali. Então apenas prossegui morando na casa dos meus pais.
E como eu tinha me fechado pro mundo, acabou sendo fácil. Era como se a minha mãe estivesse comigo. Más lembranças sempre me atormentavam! Mas eu as merecia e teria que viver com elas até eu morrer.
Seu celular toca fazendo eu voltar pro agora, ele passa um tempo conversando com alguém e ao finalizar a ligação ele olha pra mim e fala.
— Vamos marcar um jantar com os Leão e os Sartori, como uma forma oficial de unir as famílias. – Ele fala animado já ficando de pé.
Ele oferece sua mão a Mary, depositando um beijo ali e em seguida vai para o Sammy, que logo estica a mão, mas percebo que meu pai vai beija a mão do meu namorado! E antes que isso aconteça, interrompo o ato.
— Tô vendo que essa relação vai ser bem saudável... – Ele debocha da minha cara
— Igual a sua com minha mãe! – Eu rebato de modo sarcástico. Ele leva as duas mãos ao coração, de modo dramático e mostrando uma falsa ofensa.Não demora muito para ele realmente ir embora e vou de encontro ao Sammy e Mary que estavam conversando bem entretidos
Como sempre, ele era como uma criança. Quando dou de cara com ele seu dedo estava na boca e o canto da sua boca estava sujo. Pego seu rosto entre minhas mãos, lipando sua boca com meu dedo, depositando um beijo demorado nos seus lábios doce e macio, dando uma leve sugada.
— Eu sabia! – Nos assustamos pela forma que Mary proferiu as palavras. Nos pegamos olhando pra ela com semblante de confusão! Então ela continua.
— Eu sabia que te conhecia de algum lugar! – Ela fala vasculhando algo no celular. Quando acha entrega o celular na minha mão.
Enquanto o vídeo prosseguia, as cenas eram de uma praça. Pude ouvir a voz da minha mãe conversando alegre em quanto me filmava. Acabei pausando o vídeo... não queria ver essas cenas, mesmo que seja provavelmente de uma época que eu era feliz.
— Não quero ver isso Ba! – Falo, deixando bem claro que ela não devia ter feito isso.
— Dê uma chance, te prometo que você não vai se arrepender... – Acabo aceitando sua palavra dando play no vídeo.— “Olha mamãe e Ba, tem um menininho ali na grama chorando”! – Minha voz de criança logo chamou a atenção da minha mãe que estava gravando e logo ela filma o bendito garoto.
— “Acho que a mãe dele é aquela ruiva ali” – Agora era a voz da Mary falando. Mas já não estava me importando. Estava chocado de como o mundo pode surpreender!
O garoto era ruivo e pálido, com sardas em seu rosto, seu choro era dramático e exagerado, mas partia o coração de quem ouvisse.
— “Vai lá meu amor perguntar o que ouve”. – Minha mãe me estimula a ir até o garotinho e assim faço. Chegando ao seu encontro me abaixo sentando no chão como ele estava, perguntando em seguida.
— “Você pode me contar o que aconteceu”? – Pergunto prontamente.
— “Minha mãe não quer comprar algodão doce para mim”! – Fico tão compadecido, que pego o rosto da criança na minha mão, tentando enxugar suas lágrimas.Mas depois de enxugar suas lágrimas, aproximo meu rosto do menino, unindo nossos lábios! Antes da câmera ser desligada, pude ver o garotinho ruivo piscar os olhos sem nenhuma reação.
Olho na direção do Sammy que estava com os olhos arregalados, a incredulidade estava refletida no seu rosto. Provando a mim que aquele garotinho era realmente ele!
— Como isso é possível? – Sua voz era um sussurro. Ele até estava pálido. Ele estava muito surpreso por tudo que tinha visto e eu entendia, estava na mesma situação.
As memórias vieram como uma enxurrada em minha mente, lembrei do encanto que senti por ele... um encanto que me fez beijá-lo! Não era maldade, só queria que ele se sentisse bem.
Sempre quando me machucava era assim que minha mãe, Ba e até meu pai me acalentava, com um selinho nos lábios. Eu sempre me sentia melhor, simplesmente achei que iria surtir o mesmo efeito nele.
Mas me lembro também que o tinha achado lindo... ter seu rosto nas minhas mãos, despertou algo dentro de mim, só queria que ele parasse de chorar, porque estava com o coração apertado, em ver suas lágrimas descendo por suas lindas bochechas.
— Então estou certa não é? É você mesmo? – Mary me tira dos meus devaneios.
— Sim... sou eu! Eu sei disso, porque eu tinha uma foto quando eu tinha seis anos, e na foto eu estou com a mesma camisa do vídeo! – Ele fala distante.— Esse dia foi cômico, foi nesse dia que descobrimos que Yan gostava de garotos. Depois que Asuka, desligou a câmera, a mãe do garotinho quase bateu no Yan. – Eu me lembro disso também. Ela disse que eu ia perecer no inferno! Uma coisa horrível a se dizer a uma criança de apenas nove anos
Eu perguntei mais tarde o que essa mulher queria falar com aquelas palavras e minha mãe me explicou tudo. Que provavelmente essa mulher era cristã e que a maioria eram assim. Então eu simplesmente esqueci disso tudo.
Mas então do nada acendeu uma luz em mim. Abro um sorriso e olho pra ele. Ele ainda estava distante, então pego em suas bochechas o fazendo olhar no fundo dos meus olhos.
— Você sabe o que isso significa? – Perguntei ainda sorrindo.
— Como assim? O que significa? – Seu semblante confuso o deixava lindo.
— Que eu fui seu primeiro beijo! – Logo aquela confusão foi substituída por um belo sorriso. Mas logo lágrimas transbordam pelos seus olhos. Por que ele estava chorando?— Ei! Isso é uma coisa boa né? – Pergunto passando meus dedos em suas bochechas onde lágrimas desciam como cachoeiras.
— É maravilhosa... – Ele fala fungando tentando se controlar.Estávamos destinados a ficar juntos, cedo ou mais tarde ele iria ser meu. Agora era nítido que fomos feitos um para o outro e eu iria fazer qualquer coisa pra ele ser feliz.
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Traumas do passado +18
RomanceYan e Sammy são pessoas distintas, que carregam traumas horríveis dos seus passados! Sam um tatuador, que sofreu homofobia por parte de sua família, foi expulso de casa com 15 anos! Passou anos em um relacionamento tóxico, até o preço de sair dessa...