Capitulo 58: SOFRIMENTO

58 6 7
                                    

YAN

Saio do banheiro enrolado em uma toalha, estava decidido a não deixá-lo dormir com raiva de mim. Estava disposto a falar do meu passado, para deixar claro que tudo que sinto por aquele cara é repulsa.

Mas quando olho pra cama ele já estava em um sono profundo, mas pude sentir que ele estava tenso ao me aproximar dele. Eu jamais pensei que pudesse me sentir assim, como se algo estivesse comprimindo meu coração, fazendo eu sentir uma angústia profunda.

Cogitei em acordá-lo e com cuidado estiquei minhas mãos em sua direção, mas antes que eu pudesse tocar nele, meu celular tocou, me fazendo se afastar dele. 

Vou até a minha mesa para pegar o aparelho e era apenas uma mensagem do meu pai, me desejando um bom final de semana. Tinha contado a ele que iria trazer finalmente alguém para cá. Mas não imaginei que tudo fosse ficar assim!

Imaginei várias maneiras de ter evitado tudo isso, mas não me adiantaria de nada, o estrago já está feito! Talvez eu devesse deixá-lo dormir e amanhã eu conversava com ele, quando tudo tiver mais tranquilo.

Tinha ajeitado toda a minha agenda para ficar livre para ele. O dia tinha sido uma loucura e eu estava cansado também, agora ele estava dormindo com raiva de mim, mesmo que eu não quisesse que ele sentisse tal sentimento.

Uma vez escondido eu pude ouvir meus pais falando que eles poderiam brigar, mas que nunca iria dormir com raiva um do outro. Agora eu entendia o mal que isso causava! Não queria que fosse assim... eu realmente não queria.

Passo a mão pelo cabelo completamente frustrado, mas me distraio com um grito, mas era um grito de puro horror e senti meu corpo congelar. E percebi que vinha da cama… do Sammy!

— Não! Socorro, por favor, não! socorro! Por favor, não façam isso, eu imploro! Não, não, não... – Corro ao seu encontro e pego o, tentando acordar ele, sacudindo de leve seu corpo, chamando pelo seu nome.

Ele estava todo suado e lágrimas estavam descendo pela sua face descontroladamente, senti seu corpo tremer entre as minhas mãos! O que estava acontecendo?

Quando finalmente ele abre os olhos, suas mãos vão para garganta e ele fica vermelho, ele tentava respirar, mas não conseguia! Ele estava tendo um surto de pânico... eu conhecia os sintomas!

Ele puxa o ar com dificuldade e tenta se levantar e suas mãos apontaram para o banheiro, ele queria ir pro banheiro.

Pego ele no meus braços e o carrego até lá, ele sai dos meus braços rápido demais e tateiam suas mãos nas prateleiras como se estivesse procurando alguma coisa, senti que ele estava desesperado por não achar.

Peguei seu rosto em minhas mãos o fazendo me encarar, mas fiquei em dúvida se ele realmente estava acordado, pois seu olhar parecia distante, como se estivesse em um transe.

— Sammy... acorda, por favor! – Finalmente o ouço contar enquanto levanta as mangas de sua blusa, pude ver cicatrizes de corte no seu pulso e a tempo, percebo que ele iria morder lá e o impeço.

O abraço forte e em seguida o beijo, mas não era um beijo gentil, era desesperado e mordia seus lábios com força! Eu sabia que ele queria sentir dor... talvez era assim que ele conseguia voltar para a realidade!

Finalmente o ouço chorar quando corresponde ao beijo, me afasto um pouco seu rosto do meu e seu lábios estava vermelho por conta das mordidas que eu deixei lá.

— Eu vou ficar bem... eu sempre fico bem.. – Sua frase partiu meu coração em milhares de pedaços! O abraço novamente e ele corresponde dessa vez chorando.
— Eu prometo que você vai ficar bem! – Dou um beijo em sua testa e perguntei se ele queria tomar um banho, ele confirma com a cabeça fungando.

Morria de medo de estar fazendo uma falsa promessa e meu coração aperta no peito novamente! Abro a torneira da banheira para que ela encha. Não queria deixá-lo só, mas ele tinha que tomar banho e sabia que teria que dar privacidade a ele.

— Vou deixar você tomar banho..  – Falo dando as costas pra ele, mas antes que eu possa sair ele me pega pelo braço e pergunta.
— Você... pode tomar... banho comigo? – senti medo em sua voz.
— Posso sim... – Confirmo e ele levanta os braços e demorou alguns segundos pra perceber que era pra que eu tirasse a blusa dele, assim o faço, colocando ela em um suspensório em um canto. Tentando não prestar atenção em suas curvas, mas foi impossível.

Pois pude ver arranhões pela sua pele se misturando com as sardas e era recente, pude ver como estava vermelho, ignoro a agonia que aperta meu coração e desvio o olhar. Ele fez isso com ele? Porque ele fez isso? Queria chorar, mas não pude me dar esse luxo, ele precisava de mim!

Agradeci por estar de cueca e tiro a toalha, entrando na banheira, desligando a torneira e ofereço minha mão pra ele entrar, só que antes dele aceitar, ele tira a parte de baixo, ficando completamente nu! Viro meu rosto para evitar não olhar seu corpo novamente.

Em seguida, sinto suas mãos na minha e logo ele se senta na banheira e sinto seu corpo relaxar, sentindo suas costas sobre meus peitos. Ele ainda estava tremendo e assustado! Eu ainda podia sentir o seu medo.

— Você pode me abraçar? – Sua voz era tão baixa e manhosa, que manualmente o envolvi com os braços, o apertando forte e um gemido de alívio escapou dos seus lábios. Eu precisava me controlar pras drogas das lágrimas não descerem!

— Você quer falar sobre o que aconteceu? Acho que pode ajudar... – Não consegui esconder minha preocupação! Eu precisava saber o que tinha acontecido pra ele ter esse tipo de pesadelo. Mas eu sabia que só podia ser uma coisa muito ruim!

— Se eu contar, teria que ser do começo, a história é longa e com coisas muito ruins nela...
— Tenho todo o tempo do mundo! – Respondo rápido demais. Senti que meu coração estava batendo forte enquanto ouvia o seu também bater.

Um silêncio ensurdecedor deixou um grande pesar, mas rapidamente, ele logo o quebrou, e o silêncio era um paraíso comparado pelo que saiu de sua boca!

Traumas do passado +18Onde histórias criam vida. Descubra agora