Levantei da cama antes de amanhecer, indisposta como todos os dias, mas sabendo que eu precisava correr atrás do meu pra colocar comida na mesa. Sendo só eu e Milena, meu bebê de quatro anos que me motiva todos os dias a levantar e ir fazer o que tem que ser feito.
A vida não foi muito fácil pra mim, desde nova ralei muito pra sobreviver. Aos dezesseis anos me envolvi com o genitor da minha filha, André não teve de pena de mim em momento nenhum.
Desempregada, sozinha, com pais viciados em droga, e cheia de traumas. Foi assim que ele me encontrou e completou o serviço de acabar com a minha vida.
Por cinco anos eu estive com ele, aguentando tudo o que ele fez comigo. Aos três anos de relacionamento, engravidei por um erro meu de não tomar meu anticoncepcional.
Tive a minha filha aos oito meses de gestação, idade gestacional prematura por causa de uma surra que levei nessa fase da gravidez. André nem quando eu estava grávida, ele me deu paz e me deixou viver essa fase tranquilamente.
Eu passei dois meses chorando, tive depressão pós parto, e além disso, com vinte dias da vida de Lena eu precisei voltar pra casa e saí do hospital. André me obrigou a transar com ele, mesmo que eu não estivesse totalmente recuperada.
E se eu fosse contar todos os meus traumas aqui, faltaria linha.
Mas o importante é que agora eu estou bem. Sigo desempregada mas pelo menos não estou mais com o filho da puta do André.
Pelo visto ele se cansou de nós e assumiu uma nova família, foda-se também, que todos eles sejam felizes bem longe de mim. Não costumo guardar rancor e tristeza, depois de muita decepção a gente aprende a sempre esperar o pior das pessoas, e foi isso que eu fiz.
Milena agora tava dormindo na mesma cama que eu, é uma casa pequena de um único quarto, o aluguel tá três meses atrasado e as contas acumuladas, eu precisava urgentemente de um emprego pra sustentar minha família, composta por apenas eu e Lena. O grande e único amor da minha vida.
Antes de acordar Milena pra ir pra escola, eu fui pra cozinha preparar pelo menos um leite quente que era o que tinha. Eu me tranquilizava mais porque minha pequena comia na escola.
Suspirei cansada e fui tomar um banho pra me arrumar e entregar currículo mais uma vez na zona sul. Mesmo morando na favela, seria difícil a locomoção pra lá, mas eu tinha que correr atrás de todos os meios.
Eu me olhei no espelho com a toalha cobrindo meu corpo e soltei uma risada nasalada e sarcástica pra mim mesmo vendo o quão magra eu estava. Meus olhos estavam cheios de olheiras, meus cabelos estavam lavados mas o shampoo era tão barato que estava deixando eles ressecados.
Olhei pra minha filha pela porta, ela estava deitada na cama ainda dormindo, com o pijama que ganhou de Hanna, minha melhor amiga. Ela morava a duas ruas da minha casa e sempre ajudava como podia, mesmo eu dizendo mil vezes que não precisava.
Coloquei uma roupa e me debrucei na cama pra acordar meu bebê. Eu comecei beijando seu rosto, cheirando seus cabelos cacheados e coloquei a boca próximo ao seu ouvido.
- Ei, Leninha. Acorda meu amor. - ela resmungou e eu beijei suas bochechas de novo.
- Só mais um pouquinho mamãe. - ela gemeu com os olhos fechados e eu dei um sorriso.
- Vamos logo, mais tarde você dorme mais. - eu falei ainda em um tom baixo e ela abriu os olhos coçando com as duas mãos.
Esperei o tempo dela pra levantar e tomar o banho enquanto eu observava. Tão inteligente e independente.
Quando já estávamos prontas e tomamos café, saí de casa com ela e a sua mochila nas costas, e a minha bolsa na mão.
Deixei ela na creche da comunidade e fui pra parada de ônibus na entrada do morro pra pegar um pra ir pra zona sul, seria uma viagem.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...