Duas semanas depois.
Finalmente hoje era o primeiro dia onde a loja estava oficialmente comigo. Eu agora era dona de um negócio.
Ainda era inacreditável.
Demorou mais tempo porque eu decidi dar uma reforma geral na loja com o dinheiro que restou. Por isso, oficialmente hoje era a reinauguração e eu tava ansiosa demais.
Era um sábado, eu estava em casa ainda me arrumando. Hanna se ofereceu pra ficar com a Lena ontem pra que eu fosse trabalhar tranquila e eu aceitei. As duas iriam me encontrar hoje lá na loja, pra ver a inauguração.
Coloquei uma roupa mais social, os saltos que eu comprei ontem. Eu estava me sentindo bem comigo mesma e finalmente pude desfrutar daquilo que eu queria fazer meses atrás.
O suor do meu trabalho me trouxe aqui, as minhas escolhas me trouxeram aqui e eu só sabia agradecer mentalmente.
Passei uma maquiagem leve sem me importar muito com isso, eu nem tinha o costume.
Mandei mensagem pra Hanna pra saber se Lena tava bem e recebi uma foto da minha pequena desenhando e assistindo desenho. Sorri sabendo que ela tava sendo bem cuidado.
Ouvi a buzina do carro e suspirei sabendo que era Henrique. Ele garantiu que iria me levar hoje e eu só aceitei.
Saí de casa desligando e trancando tudo, e entrei no carro vendo ele como sempre. De boné, camisa regata e bermuda. Sem esquecer a arma na cintura.
- Que gostosa, puta que pariu. - ele beijou minha boca, sua língua encontrou a minha e eu ri entre o beijo.
- Bom dia pra você também. - brinquei e ele beijou meu pescoço.
- Porra, não sabia que precisava te ver de empresária até te ver de empresária. Tu tá uma gata. - ele falou e eu sorri.
- Obrigada. - meu sorriso não saía do rosto.
- Tenho um bagulho pra ti. Rato disse que mulher gosta dessas coisas, fui na dele. - ele estendeu a mão no banco de trás e me mostrou um mini buquê de rosas brancas. Era a coisa mais linda.
- Que lindo, Henrique. Eu amei, obrigada de verdade! - eu falei sentindo as lágrimas querendo sair, mas me segurei.
- É pra tu colocar na tua sala nova e lembrar de mim toda vez que olhar. - ele explicou. - Lá tu lê o que tá escrito nesse bilhete.
- Você tá tão romântico que eu até estranho. - ele riu e eu também.
- Não se acostuma não, porra. De dia sou romântico, mas de noite te mostro quem sou de verdade. - ele brincou e deu partida no carro.
Fomos o caminho conversando assuntos aleatórios e assim que chegou ele beijou meu rosto e cheirou meu pescoço.
- Eu queria ficar e ver a inauguração, mas tá cheio de inimigo rodeando, é difícil. - ele explicou.
- Não se preocupa, já significa muito pra mim tudo isso. Você ter me trago, as flores, tudo. - eu passei a mão pela sua nuca e me aproximei pra beijar sua boca, mas ele me parou, bem perto de mim.
- Eu preparei um bagulho pra ti lá no complexo. Venho te buscar mais tarde e te levo pra lá pra você ver. - ele falou e eu assenti finalmente podendo beijar sua boca.
- Vai com cuidado. - falei ainda proximo dele.
- Bom trabalho, minha preta. Tu é só sucesso. - ele se afastou e apertou minha coxa. - Qualquer coisa me liga. - piscou um olho pra mim e eu saí do carro indo em direção à loja.
Eu tava nervosa pra inauguração, por isso decidi chegar cedo pra preparar tudo. Eram oito da manhã, e a loja abria só dez.
Mas eu queria que tudo estivesse impecável. Eu transformei tudo em uma semana e até uma sala de descanso digna consegui fazer. A antiga era a sala de estoque, era apertada e quente. O almoço sempre era um sufoco.
Mas agora as meninas que trabalham comigo vão ter o intervalo da forma que um trabalhador merece.
Abri a porta, liguei todas as luzes, ansiosa e com o coração batendo mais forte. Parecia ser exatamente o que eu gostaria de fazer a minha vida toda e nunca tinha pensado.
Alinhei tudo, deixei as flores na minha nova sala, e peguei o papel com letras que com certeza não foi Russo que escreveu.
"Tu é a mulher que eu mais admiro no mundo, papo reto. Eu quero que o dia de hoje pra ti seja o melhor, porque tu merece tudo isso. Sucesso nessa nova etapa minha preta, tu merece o mundo." - Henrique.
Sorri involuntariamente, meu coração bate mais forte e eu agora tinha certeza de algo que ainda tinha algumas dúvidas.
Eu o amava, não precisava ligar muitos pontos pra chegar nessa conclusão.
Eu amava Henrique. Tava bem escondido aqui esse sentimento dentro de mim, mas ele consegue me fazer tão feliz, e às vezes sem dizer uma palavra sequer.
Tirei uma foto com o buquê e mandei pra ele. Bloqueei o celular e fui mexer no que precisava. Repor algumas peças de roupa nos cabides, colocar preço em algumas roupas que estavam sem.
Quando deu nove horas, as meninas que ja trabalhavam comigo antes foram chegando, elas sorriram pra mim e eu fiz o mesmo. Um sorriso nervoso.
Eu não planejei um discurso nem nada disso. Mas elas sabiam o que se passava pela minha mente, porque o meu olhar dizia muita coisa.
Às dez em ponto abrimos, eu não parei. Trabalhei como trabalhava todos os dias, e eu realmente gostava disso.
As duas da tarde eu finalmente dei uma pausa. Vi minha pequena vindo com Hanna, as duas sorridentes vindo em direção à loja.
Assim que elas entraram, já abracei minha amiga e beijei o rosto da minha filha. Arrastei as duas pro escritório pra conseguir conversar direito.
- Ai, eu tô tão feliz por você. A loja tá linda. - Hanna elogiou.
- Eu tô tão feliz também. Obrigada por ter vindo.
- Mamãe eu quero comprar aquelas roupas. - Lena falou e eu ri.
- Mas não tem pro seu tamanho, meu amor. Se quiser, mais tarde vamos no shopping pra comprar roupas pra você. Pode ser?
- Pode mamãe. - ela falou sentando na minha poltrona e sorri.
- E essas flores? - Hanna perguntou curiosa e eu mordi o interior da boca. - Ah, que bonitinho. Bandido também ama e sabe ser romântico.
- Você é uma graça. - foi a única coisa que eu falei.
Me distraí com Lena, mostrando o joguinho no computador pra ela mexer e mal percebi minha amiga do outro lado da sala, começando a ficar palida.
- Amiga... - ela se apoiou na mesa do canto. - Tem banheiro aqui?
Apontei pra porta do banheiro e ela correu com a mão na boca e outra no estômago. Eu ouvi o barulho dela vomitando, me afastei de Lena e me preocupei com ela lá dentro.
Ouvi o barulho da torneira, a descarga, e logo ela saiu. Com o olhar perdido e as mãos tremendo, ela me olhou e eu a olhei sabendo exatamente do que se tratava.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...