Paulo Henrique.
Meu sangue tava fervendo.
Valéria era uma filha da puta. Ela tava agindo nas minhas costas.
K2 me explicou que ela mandou a localização lá do BOPE pra ele, depois de ter sumido por umas duas horas. O que merda ela foi fazer lá?
Me entregar?
Dar minha localização e todos os meus passos?
A troco de que?
Uma filha da puta do caralho.
A porta da casa dela abriu e ela apareceu toda desorientada.
Eu me aproximei na calada, puxando minha arma. Sem apontar, sem ameaçar. Eu queria entender o que essa porra foi fazer do outro lado do Rio de Janeiro com o Bope.
Os caras tão me caçando tem semanas.
- Que isso? - ela olhou pra arma e deu dois passos pra longe. - Eu já vi arma demais na minha frente por hoje. Guarda isso.
- Vou guardar porra nenhuma enquanto tu não me explicar que porra tu foi fazer lá no terreno inimigo.
- Primeiro fala direito comigo, não é nada do que você tá maquinando na sua cabeça. K2 é um fofoqueiro. - ela falou irritada. - Segundo que você vai ter que responder umas perguntas minhas também.
- Beleza, me explica então. - eu cruzei os braços deixando a pistola visível.
- Eu saí do trabalho e um carro me parou, era um cara do Bope, à paisana. Ele que me fez entrar no carro e me levou pra base deles. E me fez responder umas perguntas sobre você.
- E você respondeu o que?
- Você tem que me agradecer muito porque eu sou inteligente e não te entreguei, me mantive neutra. - eu suspirei.
- E quem garante que tu não me entregou? Quem garante que tu não foi lá pra dar minha localização? - eu questionei chegando mais perto.
- Eu sou maluca, mas nem tanto. Prefiro dever informação pra polícia do que entregar você e ficar careca, ou morrer na mão de bandido. Eu me arrisquei pra caralho, agora posso ser presa por omissão de provas. Mas antes ser presa do que ser morta.
- Eu tô te dando esse voto de confiança, Valéria. Não vacila comigo não, porque eu não vou ter pena de acabar com a tua vida. - ela assentiu e eu guardei a arma.
- Beleza! Tô te garantindo que não entreguei, nem falei nada comprometedor.
- Quando rolar um bagulho desses de novo, tu dá um jeito de falar comigo. Se tiver em perigo tu liga escondido, fala qualquer coisa na ligação, fala da Milena, fala que tá com saudade. Qualquer porra assim, que eu vou entender.
Ela concordou com a cabeça e mordeu a parte de dentro da boca.
- E o que tu queria perguntar?
- Eu quero saber algumas coisas que fiquei sabendo ao longo desse dia caótico. - ela jogou a bolsa no sofá e tirou o tênis com a meia. - Primeiro... você deu ordem pra Fogo não parar de me pagar? - dei um sorriso sacana.
- Claro, tu tá fazendo teu trabalho ainda. - olhei pra ela sério e ela cerrou os olhos.
- Mas eu não quero mais receber por isso. - falou e eu dei de ombros.
- Porque? - questionei.
- Porque não! Não faz sentido, você não tá mais preso. - ela disse como se fosse óbvio.
- Beleza, vou ver isso ai. Que mais?
- Você deu ordem também pro K2 não falar comigo? - cocei a cabeça e ela riu sarcástica. - A gente virou até amigo. Sabia que ele é casado e respeita a mulher dele?
- Sabia, pô. Mas é aquela coisa, ele tá fazendo o trabalho dele. - eu falei e ela revirou os olhos. - Revira os olhos pra mim não, caralho.
- Por último... - ela suspirou e olhou bem no meu olho, procurando qualquer vacilo. - Você não me contou que seu parceiro de cela era André. E que ele fugiu com você.
- Achei irrelevante. - dei de ombros. - Porque era importante pra você saber?
- Não não. Quem faz as perguntas agora sou eu. - ela veio cheia de marra e eu ri cruzando os braços. - Porque não me contou aquela vez que eu perguntei?
- Porque não achei relevante contar. Ele era o que teu? - eu insisti pra ela me dizer.
- Ele é meu ex, genitor da Lena. - eu tava esperando um bagulho assim mesmo, nem me espantei. - Ele me ligou no dia seguinte da rebelião. Disse que tava atrás de mim e que ia levar Lena.
- Agora eu que te pergunto, porque não me passou essa parada aí? - falei bolado.
- Achei irrelevante. - ela deu as costas e foi pra cozinha pegar alguma coisa pra comer.
- Se ele ligar de novo, tu vai me contar. - ela concordou passando manteiga no pão.
- Eu tenho que buscar Lena lá na Hanna. Ela deve estar preocupada. - ela falou.
- Te levo lá, tenho que voltar pra boca. - ela assentiu e eu esperei ela comer pra sairmos de casa.
Levei ela na casa da Hanna e voltei lá com Fogo pra conversar.
Ele tava a frente, mas quase tudo passava por mim, mesmo de dentro da cadeia, era pouca coisa que ele resolvia sozinho.
- E aí... - ele me olhou sentado atrás da mesa, arrumando uma carreira de cocaína.
- Fala, Russo. - ele disse e cheirou o pó branco, limpando o nariz. - Quer?
- Não, valeu. Vim pra outro bagulho. - me joguei no sofá e ele ficou me olhando. - Dobra o valor do pagamento da Valéria.
- O que? - ele perguntou meio desacreditado.
- Dobra o valor. - eu falei e ele me olhou estranho.
- O chá tá tão bom assim? Ou você que é ruim demais e tá tentando consolar ela com dinheiro. - eu mandei um dedo do meio. - Mas fala sério, porque?
- Porque eu quero e têm dinheiro pra fazer. Então só faz e eu lido com as coisas depois. - eu falei e peguei um cigarro no bolso, colocando na boca e acendendo com o isqueiro.
Dei a primeira tragada, relaxando no sofá e Fogo tava em silêncio. Fechei os olhos e só ouvi ele cheirando mais pó.
- Você vai acabar se matando com esse monte de droga no cu. - ele soltou uma risadinha, mas ignorou completamente porque também acendeu um cigarro de maconha e botou na boca.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...