Valéria Dantas. - quatro dias depois.
Acordei no meio da noite, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento.
Olhei pro lado vendo Henrique dormindo pesado, sua mão tava na minha cintura e sua boca bem perto da minha. Ri de lado, sem me acostumar com um homem desse na minha casa.
Tudo era tão esquisito.
- Qual foi, pretinha? - ele falou baixo, com a voz rouca ainda de olhos fechados me assustando.
- Como você sabe que eu tô acordada? Nem me mexi.
- Sua respiração muda. - ele disse simples e eu ri. - Tá bem aí? Quer o que?
Sua mão apertou minha cintura e eu suspirei fechando os olhos de novo.
- Eu quero voltar a dormir, mas tô com dor de cabeça. - ele colocou a mão dentro dos fios do meu cabelo e fez um carinho, apertando um pouco com uma das mãos, como uma massagem
Eu tava relaxando, mas um incômodo tava crescendo no meu peito me deixando ansiosa. Eu nem sabia o que era, mas tava respirando cada vez mais pesado.
- Ei, pô. Relaxa, o que tá pegando? - ele perguntou e de repente meus olhos encheram dágua e eu não consegui me segurar.
Chorei por algo que eu nem sabia o que era, mas que me deixava aflita ao ponto de me fazer soluçar.
Russo passou os dois braços ao meu redor e eu continuei chorando e soluçando, seu aperto era firme e senti sua boca beijar bem de leve a curvatura do meu pescoço como uma forma de me aliviar, acalmar, não sei.
- Me diz o que tu tá sentindo, preta. Eu quero te ouvir. - ele falou no meu ouvido.
- Eu não sei... eu tô com uma sensação esquisita, parece que algo ruim vai acontecer e eu não consegui controlar o choro. - falei meio abafado e ele continuou os beijos leves.
- Nada vai acontecer não, todo mundo vai ficar bem. - ele tentou me acalmar e me abraçou de novo.
- Eu quero mesmo que todo mundo fique bem, porque eu tô sentindo algo terrível se aproximando. Espero que seja só algo da minha cabeça. - eu falei e ele respirou fundo.
- Eu te garanto que as coisas vão se alinhar. Pode voltar a dormir, vou ficar acordado até tua respiração mudar de novo. - eu ri e ele voltou a fazer carinho na minha cabeça até que eu pegasse no sono de novo.
Demorou um pouco mas eu dormi, e dormi pesado.
(...)
Acordei umas oito da manhã e Henrique não tava mais na cama, mas assim que peguei o celular já vi que tinha mensagem dele avisando que tinha coisa pra resolver na boca, mas que depois voltaria.Só mandei uma figurinha que ele nem visualizou.
Hoje era sexta, feriado no Rio de Janeiro e graças a Deus amanhã eu estava de folga e domingo também, então só na segunda feira que eu precisava voltar a trabalhar.
Levantei logo da cama, fiz minha higiene matinal e fui no quarto de Lena pra ver se ela tava bem. Depois da noite de hoje eu fiquei pensativa, neurótica.
Fui pra cozinha depois de conferir que a minha pequena estava dormindo pesado e comecei a preparar meu café da manhã.
Minha porta da frente foi aberta e Hanna passou por ela com um saco de pão e outras coisas também.
- Bom dia, meu amor. Trouxe um café pra gente tomar e depois a gente vai lá na pracinha tomar um açaí com a Lena, pra aproveitar esse feriado e o sol que tá fazendo lá fora. - ela desandou a falar e eu sorri na sua direção.
- Bom dia, minha linda! Eu vou ter que trocar a fechadura da minha porta, todo mundo quer invadir. - eu falei rindo e ela veio pra perto de mim e beijou minha bochecha.
- Quem além de mim tem a audácia de entrar assim na tua casa? - ela questionou e eu só ri, deixei quieto. - Não acredito! Eu já até sei, pelo amor de Deus Val, diz que você tá se protegendo.
- O que? Claro! Eu não sou louca. - eu falei e ela suspirou aliviada.
- Meu Deus, ele tem livre acesso? Tipo... a hora que ele quer, ele vem? - ela perguntou sentando na mesa e eu sentei também, colocando a garrafa com café quentinho no centro da mesa.
- Não é assim também, não tenho mais um dia definido, mas ele passa as noites aqui. Às vezes nem fazemos nada, a gente só dorme.
- Só dormem? - ela perguntou curiosa e duvidando.
- Só dormimos. - ela riu incrédula.
- Isso é uma coisa tão íntima. Dormir junto é coisa pra quem já tá num relacionamento.
- Não é o nosso caso. Ele só dorme aqui porque ainda não pegou nenhuma casa no morro.
- Ele é o dono disso aqui. E já tem o quê? Três semanas que ele voltou? Acho que é isso mesmo... - perguntou pra ela mesma responder. - Já dava tempo de ter conseguido uma casa, nem que seja só um quarto e um banheiro.
- É, eu sei! Mas a gente tá se dando bem, eu já pedi pra parar de receber pela visita, nem faz mais sentido já que ele tá aqui. - eu falei e ela concordou com a cabeça dando uma mordida no pão.
- Você tá bem com isso? Com ele aqui? Ele te trata bem? - ela perguntou depois de um tempo em silêncio.
- Eu tô confortável, ele me deixa confortável e me trata bem sim. Do jeito dele. - eu expliquei e ela me olhou estranho.
- Val... Eu não queria falar nada, mas seu olhar é diferente quando fala dele. Eu te conheço e você nunca falou assim de ninguém. - ela disse parecendo preocupada. - Você tá sentindo algo diferente?
- Não, é coisa da sua cabeça. Eu não tô sentindo nada. A gente tem uma conexão, mas não passa disso.
- Eu me preocupo porque seu último relacionamento não foi bom pra você. E eu não quero te ver sofrendo e tendo que passar pela mesma coisa de novo, é de se esperar violência e grosseria vindo do Russo.
- Ele nunca foi violento comigo. Mas garanto que não vou me envolver. Eu tô numa fase boa da vida, não estou em busca de nada envolvendo relacionamentos amorosos. - eu falei olhando no olho dela que deu um sorriso leve e concordou.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...