- Eu senti tua falta, porra. - eu comentei olhando pra frente, onde a Lena tava brincando com outra criança.
- Senti a tua também. - ela me olhou de relance.
- Eu te visito de madrugada, só me dizer o endereço. - ela riu negando com a cabeça.
- As coisas não são mais como antes, Russo. - ela disse com um ar meio triste.
- Russo não, pô. - eu falei. - E o que mudou? Meus sentimentos por ti são os mesmos, meus pensamentos são os mesmos. Vai dizer que em duas semanas tu mudou de ideia?
- Eu... Não, não mudei de idéia. Mas não é o tempo. Primeiro eu preciso enfrentar esses problemas.
- E vai enfrentar sozinha? Eu entro contigo nessa, preta. Tu sabe que eu tô aqui pra ti, não vou sair e quero te proteger. - eu falei e ela me olhou meio balançada.
Eu sabia que ela ia ceder se eu insistisse mais um pouco.
- Vamo comigo de volta? Eu arrumo uma casa nova pra ti, ou se tu quiser morar comigo, a gente ver uma casa nossa. - joguei verde sabendo que ela não ia aceitar nunca.
- Eu não vou morar contigo. - ela disse rindo e ficou alguns segundos me olhando e pensando. - Arruma uma casa pra mim e outra casa pra você, e eu vou.
- Fechado pô. Preciso nem pensar muito. - ela sorriu pra mim. - Como tá lá no trabalho?
- Tá bem, tá dando pra guardar um dinheiro pros meus planos futuros. - ela disse. - E lá no complexo. Tá como?
- Cheguei hoje e já tô na atividade, não dá pra parar. - eu falei e encarei ela. - K2 e Rato tão no carro. Quer falar com eles?
- Quero, Lena vai ficar feliz de ver o tio dela. - ela comentou e chamou a menina com a mão.
- Oi tio Russo. - ela me abraçou e eu fiquei sem reação. Não tinha muito jeito com criança mas Lena me fazia estranhamente gostar dessa aproximação.
- E aí, pequena. Como tá? Tá indo pra escola? - eu questionei rindo pra ela e me levantando.
- Tô indo, tio. Todo dia. - ela falou animada e segurou minha mão. - Eu fiz prova ontem, tirei uma nota boa e mamãe comprou pizza pra gente comemorar.
Valéria me olhou segurando a risada vendo que eu tava nervoso com uma criança e eu cerrei os olhos pra ela.
- Quer ver o tio Rato filha? - Val perguntou e ela ficou toda animada.
Fiz um sinal pra os dois saírem do carro e eles saíram rindo de alguma coisa que falaram.
- Titio! - a pequena saiu correndo e Rato abriu os braços pra pegar ela no colo.
- Saudade de você, princesa. - ele falou e beijou seu rosto.
- Cadê a tia Hanna? - Lena questionou e eu olhei de canto de olho K2 cumprimentando Valéria com um abraço de lado. Tinha que ter mais distância nesse caralho.
- Ficou em casa, outro dia a gente marca pra você ir lá ver ela.
- Tô com saudade dela. - Milena falou triste e eu olhei pra Valéria vendo ela abaixar a cabeça sabendo que era culpa dela o afastamento da filha e da melhor amiga.
Mas porra, eu tentava entender o lado dela. Valéria é superprotetora com a filha e com certeza quis ser também com a amiga dela pra todo mundo ficar bem.
O problema é que se distanciar ia só piorar a situação dela e deixar ela ainda mais vulnerável a qualquer perigo. Se os caras conseguiram vir na casa dela mais cedo, facilmente eles conseguiriam invadir de madrugada, matar as duas sem piedade.
Porque no crime é assim, principalmente os de mente fraca que só pensam em subir de cargo, ter poder e dinheiro. Eles não se importam com nada.
Rato continuou brincando com Lena perto da gente e eu fiquei ali conversando com K2 e Val.
Até começar a anoitecer e eu precisar ir pra casa. Valéria não ia me deixar dormir com ela mesmo, então me restava ir pra casa e bater punheta pensando nela.
Beijei seu rosto pra me despedir, querendo beijar sua boca. Ela riu perto do meu rosto e me encarou.
- Acho que eu quero sim que você passe a noite comigo. Só hoje. - ela comentou e eu assenti.
- Precisa nem pedir duas vezes, gatinha. - eu falei e ri.
- Val... Posso levar a Lena pra ver Hanna? - Rato perguntou. - Ela dorme lá em casa hoje e amanhã de manhã eu devolvo.
- Eu não sei... Com essas coisas acontecendo, eu não quero que ela fique longe de mim.
- Te garanto que ela vai ficar bem e segura com a gente lá em casa. Hanna vai ficar feliz de ver ela. - Valéria pareceu pensar, suspirou e fechou os olhos.
- Tudo bem! Mas vai me dando notícia. Qualquer coisa pode me ligar, de verdade. Eu vou ficar atenta.
- Se preocupa não, baixinha. Nós vamo indo lá, qualquer coisa você liga.
- Vou ficar aqui parceiro. Podem ir, fiquem de olho lá. - eles assentiram e foram saindo.
- Tua casa é longe? - questionei pra ela.
- Não, vem comigo. - ela saiu andando na minha frente e eu logo alcancei.
Andamos coisa de cinco minutos pra uma rua perto dali. Ela parou na frente de uma casa e pegou a chave no bolso do short.
Abriu e me deu passagem pra entrar.
- Eu ainda não tenho todos os móveis, perdi tudo na invasão. Mas fica a vontade, senta aí no sofá. Tá com fome? - ela perguntou me encarando.
- Tô, mas se preocupa não, vou pedir alguma coisa pra gente comer. - peguei o celular abrindo o aplicativo do ifood. - Quer comer o que, preta?
- Quero sushi. - ela disse e eu fiz careta.
- Tu vai me falir, porra. - puxei ela pro meu colo e beijei seu pescoço.
- Tu perguntou o que eu queria, e eu respondi.
- Beleza, beleza. Vou pedir teu sushi. - pedi o sushi pra ela e um hambúrguer pra mim, paguei e bloqueei o celular. - Só esperar agora.
- A gente pode fazer coisas mais interessantes. - ela falou e eu estreitei o olho pra ela.
- Ih, lindona. Tudo isso é saudade? - eu perguntei brincado e ela passou as pernas pra uma de cada lado do meu corpo.
- Claro. Foram duas semanas, senti tua falta. - eu sorri pra ela.
- Pra caralho, minha preta. - concordei e ela sorriu também.
Eu tava realizado, essa mulher era tudo o que eu precisava.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...