Capítulo 53

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Valéria Dantas - Um mês depois, 23 de dezembro.

Observei Russo colocando a minha última mala no carro.

- Porra, é só um final de semana, tá levando coisa pro mês todo. - ele reclamou pela vigésima vez. - Vai se despedir da Lena? - ele perguntou e eu concordei com a cabeça.

- Será que eu sou uma péssima mãe por estar indo passar o natal longe dela? - eu perguntei e ele riu passando a mão no cabelo baixo.

- Ela não quis ir, pretinha. Tá tranquilo. - ele falou tentando me convencer.

- Ela queria ficar aqui só porque a mãe da Hanna prometeu fazer bolo de chocolate com cobertura de chocolate e todos os chocolates do mundo na ceia de natal. Acredita nisso? - eu falei indignada e ele riu.

- Eu acredito. Milena é malandrinha, adora um doce. - ele falou e eu cruzei os braços preocupada. - Ei pô, se preocupa não. Quer que eu tente convencer ela a ir com a gente?

- Ela não vai querer e Hanna tá toda animada que vai passar o natal com Lena. - eu falei.

- Então pronto, pretinha. Você não é uma péssima mãe por passar três dias longe da princesinha, ela vai ficar bem aqui. - assenti suspirando e entrei no carro.

Nós passamos na Hanna e eu dei mil beijos na minha pequena, passei todas as ordens pra Hanna e saí da casa dela ouvindo um "se protege, de bebê já basta o meu."

Dei um dedo do meio discretamente e ela gargalhou, fui saindo, Russo também veio e finalmente saímos do morro pra começar a viagem.

Nas últimas semanas, Henrique deu entrada pra colocar o nome dele na certidão de nascimento da Lena, quando ele contou pra ela, falou soltarem fogos. Ela ficou tão feliz que chorou falando que agora ele era o papai dela.

E Russo também ficou todo mexido com isso, até mandou acelerarem o processo pra conseguir logo a certidão nova com o nome dele.

Olhando ele agora, posso só admirar o homem que ele é. Autêntico, único, prioriza as coisas certas, sabe demonstrar o amor dele além de ser um gato. Meu período fértil agradecia todas as vezes que olhava pra esse homem.

Sobre a viagem, Russo falou que era Belo Horizonte, só não falou o que a gente ia fazer lá, nem onde a gente ia ficar. Eu sou muito curiosa pra esse suspense todo, mas fiquei calada pra manter a surpresa dele.

Pegamos estrada umas dez da manhã, eram seis horas de viagem. Fizemos duas paradas pra comer e ir no banheiro e a viagem foi seguindo.

Dentro do carro eu dormi por algumas horas enquanto Henrique dirigia rápido. O carro era tão bom que eu quase não sentia que tava correndo.

- Você quer comer de novo? Tem uma cidade aqui perto que dá pra parar.

- Eu acho que aguento até chegar, falta pouco. - olhei no relógio vendo que ia dar três da tarde e o horário previsto pra chegarmos lá era às quatro e meia. - Mas se você quiser parar, eu te acompanho.

- Tô tranquilo também, quero parar só pra abastecer e fumar um. Tem um posto pertinho.

- Você conhece essa estrada. - eu afirmei e ele deu de ombros deixando tudo ainda mais misterioso.

Ele tá me escondendo alguma coisa. E eu pretendia descobrir em breve se não ia questionar e pressionar até ele me dizer.

Como planejado, paramos no posto, ele abasteceu e seguimos. Um pouco mais a frente ele parou no acostamento pra fumar um enquanto eu comia um salgadinho que comprei na conveniência do posto.

Finalmente ele terminou. Não foi só um cigarro, foram três seguidos, não sei onde vai parar esse pulmão dele.

Uma mão dele veio pra minha perna, eu cantarolava a música tocada e olhava a paisagem que era muito bonita.

Olhei pra Russo concentrado na estrada e mordi o interior da minha boca. Ele me olhou rápido e deu uma risadinha.

- Tá me secando? - ele perguntou e eu ri.

- Claro! Você é uma delícia. - eu falei e me aproximei pra beijar seu pescoço.

- Porra, preta. Eu tô dirigindo a 140km por hora, dá pra fazer essas coisas agora não, vai me desconcentrar.

- Tô fazendo nada. - beijei seu maxilar e ele suspirou. Desci os olhos pro meio das suas pernas vendo seu membro começar a dar sinal de vida.

- Daqui a pouco a gente termina isso, tua sorte é que a gente tá quase chegando, se não ia fazer tu me chupar aqui mesmo. - ele falou e eu sorri safada mostrando que aquela era a minha intenção.

Russo continuou dirigindo até estacionar umas ruas depois da entrada da cidade, era um condomínio que ele entrou sem precisar se identificar.

- Que lugar é esse? - questionei olhando ao redor vendo as casas arrumadinhas, umas bem grandes e outras médias.

Estávamos bem na frente de uma grande, com um portão de ferro bem branquinho e cheia de flores do lado de dentro.

- Vem comigo, tu vai ver. - respondeu e eu o acompanhei saindo do carro e dando a mão pra ele segurar.

Nos aproximamos do portão e Russo tocou a campainha. Sua mão tava suando e nem deu tempo de perguntar porque, já que uma senhora baixinha apareceu e nos viu.

Ela era bem pequena, branca, os cabelos loiros estavam presos num coque. Devia estar na faixa dos cinquenta anos.

Ela se aproximou colocando os óculos, me olhou primeiro dando um sorriso e depois olhou pra Russo, seu sorriso foi falhando até que ela ficou séria e pálida. Como se visse um fantasma.

Eu não tava entendendo nada. O que será que trouxe Russo aqui? Justo pra casa dessa senhora que parecia conhecer ele muito bem.

- Paulo? - ela perguntou assustada.

- Oi mãe. - ele falou me deixando assustada também. "Mãe"? Meu Deus, eu não tava preparada pra isso.

Porque ele não disse que a gente vinha ver a mãe dele?

- Quando seu tio pediu pra eu separar mais dois lugares na mesa, eu jamais iria imaginar que era pra vocês. Meu Deus, que falta de educação a minha, podem entrar. - ela foi abrindo o portão e eu entrei tímida.

- Eu quis fazer surpresa, pedi pra ele não avisar.

- Ah, que moça linda! Você é a...?

- Sou a Valéria, pode me chamar de Val. - estendi minha mão, mas ela não se contentou com a minha mão e me puxou pra um abraço.

- Seja bem vinda, Valéria. Eu sou a Ana Paula, mas todo mundo me chama só de Ana por aqui. - ela explicou e eu sorri.

- Muito obrigada, dona Ana! - ela sorriu de volta e Russo apertou minha mão.

- Venham, entrem. Tirei um bolo de fubá agorinha do forno, eu sentia que alguém chegaria. - ela riu e eu encarei Henrique sem entender nada.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora