Cheguei em casa umas onze da noite. Val tava sentada no sofá assistindo alguma coisa e comendo um podrão.
- E aí, minha gata. - ela mandou beijo com a boca cheia e eu ri me aproximando pra beijar a cabeça da bonitona.
- Tem um desse pra você na geladeira, esquenta aí no microondas. - ela falou e eu concordei colocando lá pra esquentar.
- Como foi teu dia? - perguntei tirando o sapato, colocando no canto e tirando a camisa também pra deitar do lado dela.
- Foi tranquilo, dia de segunda sempre é mais de boa lá na loja. E o seu?
- Tranquilo também. Tava só precisando bater um papo contigo, mas termina aí de comer e depois nós conversa. - eu falei e puxei um cacho dela.
- Eu sou curiosa, vou aguentar esperar não. - eu ri e ela me encarou.
- Depois, pretinha. Posso tomar um banho lá no teu banheiro? Enquanto meu lanche esquenta.
- A casa é sua, amor. - ela falou e piscou. - Só não usa meus produtos caros, se não você vai pagar cada gota.
- Beleza, beleza. Deixa comigo.
Saí dali indo pro quarto dela. Coloquei minha roupa ali pra lavar, sabendo que ela ia ficar com a camisa pra ela. Era sempre assim, se eu colocasse uma camisa pra lavar, ela até lavava mas o pagamento era uma camisa minha na coleção dela.
E ai de mim se pegar de volta.
Tomei um banho rápido, lembrei de não usar nada dela além do sabonete líquido que parecia se encaixar nos produtos caros mas eu pouco me importei.
Vesti só a bermuda e voltei pra sala, ela já tinha acabado o lanche dela e eu peguei o meu pra comer também. Tava verde de fome.
- Você poderia falar o que queria falar antes de comer né? - ela perguntou e eu ri.
- Tô com fome, porra. Aguenta aí, quando eu acabar eu te falo. - eu dei a primeira mordida e nem demorei tanto pra acabar.
- Já? - eu abri a latinha de coca olhando pra ela, só gastando com a cara dela mesmo porque já ia falar o que ela precisaria fazer.
- Já, preta. - bebi um gole e encarei ela bem sério. - Meus inimigos querem você. - fui direto ao ponto e ela deu uma risadinha.
- Me querem? E eles sabem quem eu sou? Porque até um dia desses eu ainda era a prostituta que ia te visitar na cadeia. - ela disse e eu negueu com a cabeça.
- Prostituta não, porra. Bagulho feio. - eu falei e ela deu de ombros. - Mas é sério. Eles tão atrás de tu pra me atingir, eles sabem quem tu é.
- Tá... E o que eu posso fazer?
- Tentar sair o mínimo daqui, e se for sair, eu te levo e busco. Vou colocar alguém na tua cola, porque o bagulho tá tenso.
- Vai colocar alguém na minha cola? Sem sentir ciúme? - ela me gastou e eu olhei feio pra ela.
- Vai tomar no cu, garota. Falando bagulho mó sério e tu cheia de gracinha. - ela me olhou rindo e eu beijei sua boca.
- Mas eu vou tomar todo cuidado, se for pra manter minha pequena segura, eu aceito ter alguém na minha "cola" - ela fez as aspas com os dedos.
- Eu vou me manter por perto sempre que puder também. Mas pela tua vida, fica mais pelo morro, tu é dona da loja agora, precisa tanto ir lá não. Pelo menos essas próximas semanas. Beleza?
- Só discordo com a parte de não precisar ir na loja, mas beleza!
- É um milagre tu não ficar na teimosia e me ouvir. É até estranho essa sensação. - zoei e ela me olhou de cara feia.
- Eu só sou uma mulher de personalidade forte. - ela falou e eu soltei uma risada.
- Tu é foda, cara. - me aproximei e cheirei o cabelo dela. - Quer mais uma boa notícia?
- Quero. - ela falou me olhando.
- Teu ex voltou pra cadeia. Sem direito de condicional. O otário foi me entregar e ficou por lá mesmo. Burro pra um caralho.
- Eu acho bom, quero ele longe de nós. - ela falou e eu ri.
- Vou fazer o meu máximo pra ninguém mal intencionado chegar perto de tu, gatinha. - beijei seu rosto e fiz um carinho na mão dela que tava na minha perna.
- Tava afim sabe de que? - ela perguntou me encarando. - Um sorvetinho de chocolate.
- E tu quer que eu faça o que? - eu falei e ela cerrou os olhos pra mim.
- Pega lá na geladeira pra gente. - ela pediu toda manhosa e eu ri.
- Pra gente o caralho. Você só me usa, sou um escravo nessa casa. - ela gargalhou.
- Para de drama. Eu que sou uma escrava, você só me usa pra dormir a noite toda.
- Claro, me acostumei pô. - eu falei e ela riu.
Me levantei pra pegar o sorvete da bonitona e levei dois potes e duas colheres.
- Muito obrigada. - ela beijou minha boca e abriu o pote toda feliz.
Eu morreria pra ver ela assim, sempre feliz com o sorriso no rosto.
- Lena ja dormiu? - eu perguntei vendo ela servir seu pote.
- Dormiu. Ela tava cansada, passou o dia brincando com a filha do K2.
- E tu? Tá bem? - servi o meu copo também e encarei seu rosto.
- Tô na medida do possível. Esperando que tudo se ajuste. E você? Tá bem? Tem deixado a mente descansar pra não ficar sonâmbulo de novo? - falou me zuando. Sinceramente, nem tenho mais moral nessa porra.
Ela tinha me falado essa parada do sonambulismo. Fiquei espantado com o bagulho porque não acontecia desde a minha adolescencia. Uns dez anos que eu não ficava assim. Quando minha mente ficava muito pilhada, eu acabava dormindo mal pra caralho e sempre me diziam que eu fazia coisas sem nenhum sentido.
Tipo como aconteceu dessa vez. Eu engatilhei a arma no banheiro, não faz sentido nenhum. Poderia ter matado Valéria ou a filha dela, poderia ter feito uma merda das grandes.
- Tô relaxado, morena. Eu tô de boa, tô deixando as coisas acontecerem também. Só não quero desgraça vindo pra cima de mim.
- Vai dar certo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...