Capítulo 48

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Paulo Henrique.

- O que tu quer, filho da puta? - eu xinguei e ele riu do outro lado do telefone.

- Mais educação comigo, porra. Tenho uma criança aqui e não tenho medo de jogar do alto do morro não.

- Porra, fala logo.

- É o seguinte... Tô de bom humor hoje e vou te dar duas opções, meu amigo.

- Teu amigo é o caralho. - retruquei.

- A primeira opção, meu amigo, é tu entregar teu morro na paz mermo, e eu devolvo a garota na paz também. Certo pelo certo. Ou então é guerra, eu vou invadir tua casa, matar tua mulher, tua enteada aqui, e ainda vou te deixar vivo pra conviver com a culpa. Essas são minhas opções, e aí, vai querer qual?

- Tu ta falando de certo pelo certo mesmo? Desde quando envolver criança nessa tua merda é certo? Ahn? Me diz, WM. Tu não tem coragem nem de se identificar, tu sabe que se bater de frente comigo vai perder na certa. Se tu achasse que tem chance, nem me dava opção, já teria invadido. Mas o problema é que tu é covarde, tu é só palavra, zero atitude. - joguei pro psicológico mesmo. Eu tava puto da vida, esse cara mexeu com a pessoa errada e no dia errado também.

Hoje eu tava puto pra caralho.

- Cala a porra da tua boca, meu irmão. Eu vou ligar de novo mais tarde, até lá tu já deve ter uma resposta. A vida da menina tá na minha mão, pensa bem.

- Filho da puta! - gritei quando ele desligou o telefone e eu me segurei pra não jogar na parede, nem era meu.

- E aí? O que ele queria? - Valéria falou chegando perto de mim.

- Negociar. Quer o morro em troca da Lena. - eu expliquei.

- E você vai entregar? Não né? - ela perguntou e eu só neguei com a cabeça.

- Se eu não entregar, ele vem atrás de tu e mata ela lá. - ela arregalou os olhos e eu suspirei.

- Precisamos bolar um plano. - Rato falou e olhei pra ele tentando pensar numa saída onde todo mundo saia bem.

E a única solução é invadir a Rocinha, ainda hoje. Enquanto ele espera uma resposta, eu invado e pego Milena. Era a única forma.

- Vamo invadir! - falei decidido e desviei o olhar dele pra olhar pra Val. - Vou preparar tudo pra invadir agora! Vou levar tu e Hanna lá pra tua casa, lá tem duas armas minhas pra caso alguma coisa aconteça, tu sabe onde fica. Vou trazer nossa menina de volta.

- Vou falar com a minha mulher. - Rato falou indo pro quarto onde Hanna estava, ela disse que tava se sentindo mal, por isso saiu de perto de nós.

- Toma cuidado, por favor! Qualquer coisa me liga. - ela segurou meu rosto fazendo carinho na barba rala e beijou minha boca com os olhos cheios d'água. - Eu confio em você, confio que você vai fazer o que precisar pra trazer Lena de volta.

- Eu te amo, Valéria. Se preciso, dou a minha vida por você e por ela. - eu falei beijando o topo da cabeça dela.

Deixamos as duas na casa da Val e mais uma vez beijei minha mulher e passei a confiança de que eu voltaria aqui com a filha dela.

Esperei Rato descer também e saímos, eu subi na minha moto, ele entrou no carro dele e vazamos pra boca.

Já cheguei lá acionando todos os vapores na salinha.

- Antes de qualquer coisa, quero todos os celulares nessa porra aqui. - coloquei uma caixa na mesa e eles colocaram.

Não queria correr o risco de vazar daqui essa invasão e chegar no Fogo ou naquele filho da puta do TH. Muito menos no ouvido do WM.

- Beleza, peguem tudo o que precisar de arma aí, bomba e os caralhos todos porque a gente vai invadir a Rocinha. Eles querem agir mas a gente vai agir um passo a frente. - eles concordaram. - A gente vai vazar em quinze minutos, se preparem pra uma guerra grande.

- Beleza, chefe. - um deles respondeu e eles saíram pra salinha que tinha todas as munições que precisava.

Apoiei minhas duas mãos na mesa e respirei fundo. Rato deu duas batidinhas na minha costa e eu olhei vendo que na sala ficou só ele e K2.

- Vamo lá. Vai dar tudo certo, porra. - ele falou e K2 deu duas batidinhas no meu rosto.

Gostaram de me dar tapa pelo visto.

- Tu é foda pra caralho, pensamento positivo. - K2 falou colocando o dedo na minha cara.

- Bora, porra. O clima não tá bom pra ficar papeando não. - saí da sala pegando um fuzil e uma pistola. Olhei o pente pra ver se tava tudo carregado e segui meu rumo pro carro. Os moleques iam tudo nas vans, e eu ia no carro com K2 e Rato.

Eu deixaria alguns vapores aqui pra caso quisessem fazer invasão aqui também, tinha que ter gente pra revidar. Mas comigo tinha uns vinte caras pra apoiar.

O caminho foi todo em silêncio, eu tava tenso pra caralho, chegava a tremer de raiva. Hoje eu mostraria o motivo pela qual fui preso, mostraria o Paulo Henrique criminoso procurado pela justiça por quase todos os crimes que constam no código penal.

Dirigi a 140km por hora, chegamos na Rocinha em coisa de vinte minutos. Parei umas duas ruas antes da barreira pra ninguém reparar em nenhum movimento suspeito.

As vans chegaram logo em seguida e eu olhei pra K2 e Rato sentindo que eles estavam tão tensos quanto eu.

De alguma forma toda essa rixa se tornou um bagulho levado pro pessoal. Não é mais pelo morro, é por uma única vida que de alguma forma significa algo pra um de nós três. Lena é filha da minha mulher, Lena é amiguinha da filha do K2, Lena é apadrinhada pelo Rato. Ela tem relevância pra caralho na nossa vida.

A gente vai fazer essa porra acontecer e tirar ela da mão desses caras.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora