Capítulo 50

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- Pode falar! - tampei os ouvidos de Lena e ela fechou os olhos.

- Ele pegou um caralho de tiro, tá na upa tentando sobreviver. - eu arregalei os olhos e voltei a chorar.

Eu tava parecendo uma adolescente, que não sabia lidar com as minhas emoções.

- Qual upa? - eu questionei.

- Aqui do complexo mesmo. Perdeu muito sangue, no caminho pra cá teve uma convulsão, a situação tá feia.

- Meu Deus! - eu falei entrando em desespero.

Ele falou sério quando falou que daria a vida por nós. Mas ele é forte e vai sair dessa.

- Eu quero ir lá ver ele. - eu falei.

- Curte a tua menina aí, pô. Ele deve tá em cirurgia agora, talvez só amanhã. A gente dá um jeito de tu ver ele. - Rato falou se aproximando com Hanna.

- Ele precisa de energias positivas, precisa que a gente torça por ele. Henrique é um cara foda, já passou por muita coisa, isso aí vai ser fácil pra ele. - K2 falou.

Fiquei calada sem saber o que responder, mas com certeza concordando que Henrique precisa de energias positivas. Eu sei que ele vai sair dessa.

O resto da noite eu aproveitei com Lena, dei comida pra ela que tava morrendo de fome. Eu tava exausta mentalmente mas minha cabeça não parava por um segundo. Umas duas horas depois, Milena dormiu na minha cama e eu fiquei ali obsevando ela.

Precisei sair do quarto pra ver como os três estavam.

Quando desci K2 não estava mais ali.

- Onde K2 foi? - perguntei

- Foi ver a mulher e as crianças dele.

- Se vocês quiserem dormir aqui, eu arrumo o quarto da Lena pra vocês ficarem. - eu falei e eles negaram.

- A gente vai pra casa, preciso descansar. Mas qualquer coisinha pode ligar pra gente, Val. Eu vou tirar até o meu celular do silencoso. - Hanna falou e eu assenti.

- Qualquer coisa pode acionar, Val! E descansa, tu passou por muita coisa hoje, não se preocupa não, ele vai sair dessa. - ele beijou minha cabeça e eu dei um abraço em Hanna.

Eles saíram e eu aproveitei pra ir pro meu quarto vendo minha pequena dormir tranquila, era um alívio ter ela de volta pra mim. Mas ficaria 100% quando Russo estivesse com a gente de novo.

Tomei um banho, lavei os cabelos pra me sentir ainda mais leve. Coloquei um pijama confortável e deitei do lado da minha pequena.

Minha noite foi resumida em acordar diversas vezes e conferir se Lena tava bem.

Acordei no outro dia mais descansada, mas como de costume, acordei antes das nove. Tinha uma mensagem de K2 no meu celular avisando que a cirurgia do Henrique tinha dado certo e que ele ainda não tinha acordado.

Eu suspirei aliviada.

"Já pode visitar ele?" - respondi a mensagem e logo ele respondeu.

"Só mais tarde, ele vai fazer exame daqui a pouco."

"Tá bom, vai me avisando. Obrigada, K2."

"Nada, patroa."

Respirei fundo e fui fazer um café da manhã reforçado pra minha princesinha. Fui na padaria aqui perto também pra comprar pão fresquinho que ela gostava.

Voltei, montei a mesa e fui acordar a bonita vendo que no relógio marcava quase dez da manhã.

Ela resmungou mas foi só prometer sorvete que ela despertou rapidinho. Muito fácil de comprar essa criança.

Dei um banho nela pra despertar, coloquei uma roupa fresquinha e penteei seus cabelos ainda úmidos e cacheados como os meus.

A aparência de Lena era toda minha, seus cabelos cacheados, a pele escura, os olhos bem castanhos parecendo duas amêndoas, até no tamanho ela puxou pra mim. As professoas sempre dizem que ela é a menor criança da turma.

Fomos pra cozinha e Lena sentou logo na cadeira pegando um pão com queijo e presunto.

Escutei batidas na minha porta e vi Hanna passando por ela usando um vestidinho que marcava a barriguinha minúscula dela.

- Oi, meus amores! - ela falou beijando a cabeça da Lena e a minha em seguida.

- Oi, minha buchuda. - eu beijei sua barriga. - Senta aí, come com a gente.

- Eu tomei café com Victor, mas porque não tomar café duas vezes né? Tô comendo por dois. - falou e eu ri.

- Se você usar essa desculpa pra comer tudo pela frente, essa criança vai nascer com seis quilos.

- Tem espaço pra isso tudo não. - ela me olhou assustada. - Como você tá? Com tudo isso?

- Me recuperando mentalmente, vou procurar um terapeuta depois que tudo der uma aliviada. - eu falei e ela concordou com a cabeça.

- Mamãe, cadê o tio Russo? Eu vi ele lá na casa ruim. - Lena falou chamando minha atenção.

A mente da criança é tão inocente. "Casa ruim" seria o local que ela ficou por horas, sem comer, sem segurança, sem ninguém por perto.

- Tio Russo tá descansando, amor. Daqui um tempo a gente vai ver ele de novo. - eu respondi e ela assentiu voltando a comer.

- Você tá sentindo falta dele né? - ela perguntou e eu só concordei com a cabeça.

- Ele faz parte da minha rotina, Hanna. É difícil ficar longe! Eu vou lá mais tarde visitar ele na upa, mesmo que ele ainda esteja desacordado.

- Vai dar tudo certo! Vocês vão ficar bem. - ela falou e eu sorri.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora