Capítulo 7

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Paulo Henrique.

Eu não vejo a hora de sair dessa porra.

Minha pena é de seis anos, mas nem que eu meta fuga. Vou ficar foragido o resto da vida, mas pelo menos a liberdade vai cantar.

Levantei da minha cama minúscula, olhei pra meu parceiro de cela, era a única cela que só tinham dois caras, as outras tinham três ou mais. André tava olhando pela mini janela o movimento lá da rua. Não dava pra ver muita coisa, no máximo os carros passando bem longe daqui.

Eu não era muito chegado nele, foi preso por violência doméstica e pegou uma surra na primeira semana aqui. Mas eu tava convivendo bem, não falava direito e assim seguia a vida. Pelo que entendi, ele bateu na mulher e no filho, e ela denunciou. Fez bem, lá na minha quebrada não tem essas coisas. Se o cara é homem pra bater em mulher, também vai ser homem pra ser cobrado. A lei do mundo do crime funciona muito melhor.

Ele me encarou com cara de poucos amigos e piscou devagar.

- Tá quase na hora da visita, consegui uma pra hoje também, oito horas. - ele comentou e eu assenti pouco interessado. Pelo visto ele tava observando as minhas saídas, sabia que hoje era dia de visita pra mim.

O cara parecia que queria fazer amizade de qualquer jeito. Mas eu não sou amigável pra isso, não tenho paciência. Amigo de cu é rola.

Fiquei ali sentado na cama, esperando que o guarda viesse me buscar. E não demorou muito pra ele aparecer. Coloquei logo minhas mãos pra ser algemado e fui andando no lado de fora, vendo que André tava vindo atrás de mim.

Ele andou mais rápido passando pela minha frente e eu tava tranquilo, sem pressa. Tinha duas horas pra fazer o que eu queria fazer, e Valéria não iria fugir de mim.

Chegamos na ala dos quartos privados e André olhou pra dentro do meu quarto, fixando os olhos ali. Ele parou bruscamente olhando Valéria que provavelmente já tava ali dentro esperando por mim, seu olhar tava nela. E quando me aproximei, vi os olhos dela arregalados, ela estava pálida.

Bati no ombro dele com o meu e entrei no quarto esperando o guarda tirar minha algema, entrei no quarto suspirando e ele trancou a porta atrás de mim.

Valéria tava paralisada. Sua boca entreaberta e o rosto em choque, mal se mexia e não tirou os olhos da porta, mesmo com ela fechada. Ela tava agindo no automático quando se levantou e tirou a roupa devagar, com o olhar bem longe do meu. Não era assim, não gostei dessa porra. O que André fez pra ela ficar assim?

- Dessa vez eu não trouxe o seu cigarro. - ela falou e não olhava pra mim.

Me aproximei pegando em seu pescoço, apertando de leve e trazendo o olhar dela pro meu, mas ainda assim ela tava abalada.

- Qual foi, Valéria? - ela tava tremendo, tava com medo. Mas de mim? De André?

- Não é nada. - forçou um sorriso sem mostrar os dentes e eu neguei com a cabeça.

- É muito difícil mentir pra mim, sabia? - ela assentiu mas não falou nada.

- Podemos ir ao que interessa? - ela pediu com os olhos cheios d'água querendo chorar.

- Claro, vamos ao que interessa sim. Depois que tu me disser que porra é essa. Quer chorar porque? Fiz alguma coisa? - eu não sabia ser delicado, acabei piorando a situação dela que começou a chorar.

- Você não fez nada, é que... é besteira. Eu tô bem! - ela passou as duas mãos pelo meu pescoço e arranhou a minha nuca. - Melhor não perder tempo tentando entender. - pouco me importei e ela continuou me olhando.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora