Capítulo 25

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Paulo Henrique.

Fui chamado cedinho na boca pra resolver uma situação. Fogo me chamou e eu me arrumei pra ir, deixei uma mensagem pra Valéria e vazei da casa dela, trancando tudo.

- Fala aí... - eu cheguei colocando a pistola na mesa junto com meu celular.

- Fala irmão, bom dia. - ele cumprimentou e eu sentei no sofá.

- Qual foi? - questionei curioso.

- Eu tô comendo uma policial gostosa em troca de informações. - ele começou e eu fiz cara de nojo.

- E o que eu tenho a ver com isso? - perguntei e ele riu.

- Ela me deu a primeira informação hoje, tem a ver contigo, achei que tu ia se interessar. - ele apontou o celular pra mim e eu peguei pra ouvir o áudio dela que foi enviado ontem a noite.

O contato tava salvo como "Duarte" e eu foquei na conversa.

- Ei, tu deve conhecer o Russo né? Ele era chefe aí do Alemão, foi preso e sumiu nessa última rebelião lá em Bangu. - deu uma pausa e respirou. - Chegou um maluco aqui na delegacia, perna toda ferrada, quebrada, querendo negociar a liberdade dele e entregar esse tal Russo, André o nome dele. Tô te avisando porque a gente tem um acordo né, e tu deve ter alguma notícia dele, se puder avisar que os caras estão preparando pra entrar no morro atrás dele, disseram que já até sabem onde ele tá dormindo, vão metralhar a casa dele na calada. Tem informante aí no meio de vocês, fiquem de olho.

Eu ouvi tudo atento e voltei a olhar o celular pra ler o resto das mensagens.

"A invasão tá programada pra ser domingo, de madrugada. Não me fode, eu tô fazendo minha parte."

Li tudo e devolvi o celular pra ele.

- Não tenho mais paz nesse caralho. - eu falei e ele montou três fileirinhas de cocaína. - Porra, os tira atrás de mim e tu se drogando. Tem mais jeito não.

- Eles tão atrás de tu, não de mim.

- Mas tu é meu sub né, seu filho da puta. - eu rolei os olhos.

- Quer? - ele apontou pra uma das fileiras e eu não neguei.

Cheirei e fiquei só nessa, só pra acordar mesmo.

- E aí? A gente vai fazer o que? - ele questionou.

- Eu vou vazar. Vou falar com o mano lá do Vidigal, ele tem um helicóptero, vou pra SP. Passo uma semana lá até a poeira abaixar e depois volto. É o tempo de limpar minha ficha e voltar pra minha vida normal.

- E nós aqui vamos fazer o que?

- Revidar, caralho. Tem arma, tem homem, tem condições. Dá pra fazer.

- Amanhã tinha baile, cancela? - ele perguntou e eu fechei os olhos pensando.

- Não, tem que ser convincente que a gente não sabe de nada. Eles vão chegar de surpresa e vai ter uma surpresa esperando eles aqui. Se cancelar, eles vão saber.

- Então mantém de pé e segue o plano. Tu vai pra São Paulo quando? - ele perguntou.

- Durante o baile, de madrugada mesmo, antes da invasão. - eu falei pensativo.

Tenho que levar Valéria e Lena também, a casa delas tá em risco. A casa de todo mundo ao meu redor tá em risco na verdade, mas eu durmo lá com ela.

- E quando tu volta?

- No outro domingo, ou na outra segunda. Depende da minha ficha, tenho que limpar ela antes da merda maior acontecer.

- E quem é esse André? - ele lembrou do nome que ouvimos no áudio.

- Era o cara que dividia a cela comigo, preso por violência doméstica. - eu disse sem dar muitos detalhes. A vida da Valéria não diz respeito a ninguém, e ela me contou essa parada do ex dela porque confiou em mim, não vou falar nada disso pra Fogo, nem precisa.

Eu sou um cara de palavra, não gosto que quebrem minha confiança por isso não quebro a confiança de ninguém. Sempre fui certo pelo certo.

- Então ele queria te entregar pra ficar livre? Filho da puta, burro pra caralho. - ele xingou e eu fechei os olhos respirando fundo caçando um pingo de paciência dentro de mim.

- Ele tá se fodendo sozinho. Quem disse que o BOPE negocia? Ele vai me entregar e vão colocar ele lá dentro do presídio de novo.

- Burrice demais, serve pra ser bandido não. - eu ri mas minha cabeça tava longe.

Eu tava pensando agora em como convencer Valéria de sair de casa, e viajar comigo pra São Paulo. Ela não vai aceitar isso, conhecendo aquela mulher, capaz de ela me mandar enfiar a viagem no cu e ainda rir da minha cara com essa proposta.

Valéria era previsível.

Eu levantei num supetão e peguei minhas coisas, guardando tudo nos bolsos e colocando a pistola na cintura.

- Tá indo aonde?

- Pra puta que pariu. - respondi e ele bufou com raiva.

Saí dali sem dar satisfação e peguei a moto, indo direto pra casa de Valéria. A porta tava aberta, então eu só entrei.

A mesa tava mexida, tinha vindo mais gente aqui. Ela não tava na sala, nem na cozinha, nem no banheiro.

- Valéria? - eu chamei num tom médio com medo de a menina dela ainda estar dormindo.

- Tô no quarto. - eu fui até ela vendo que ela dobrava roupas. - O que foi? Tá esquisito.

- Queria bater um papo na sinceridade contigo. - eu falei sentando na beirada da cama, mas ela logo me expulsou com medo de derrubar a pilha de roupa que ela dobrou ali em cima.

Sentei na cadeira da mesinha dela.

- O que você quer? - tão delicada.

- Eu quero te passar um bagulho. Senta aqui. - bati na minha coxa e me surpreendi quando ela veio e sentou, me obedecendo.

Era uma cena rara de se ver.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora