Capítulo 9

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Meu peito subia e descia e eu tentei gritar com medo de quem estava ali.

Sua outra mão subiu pela minha cintura e apertou forte ali, eu estava paralisada.

- Achei que ia me reconhecer, preta. - a voz dele entrou pelos meus ouvidos, causando um alvoroço nas borboletas do meu estômago.

Me virei rápido quando ele afrouxou o aperto e arregalei ainda mais os olhos vendo Henrique ali na minha frente, sem as roupas do presídio, com o cabelo cortado, a barba feita. Meu Deus!

Minha boca abriu em choque e ele riu de lado.

- O... o que? Você é louco? Como...? - eu mal conseguia formar uma frase e passei as mãos pelos seus braços vendo se era mesmo real.

- Meti fuga, cansei da vida atrás das grades. - ele falou e eu ri desacreditada.

- O que você tá fazendo aqui? - eu questionei ainda olhando pra ele. - Por isso mandaram a mensagem hoje.

- Fui eu. - ele falou rindo. - Vim te ver, fui muito bem recebido pelo visto. - ele olhou pra mim de cima a baixo, e eu lembrei das roupas que eu estava vestindo. - Eu avisei que um dia na semana não tava sendo suficiente pra mim. - ele se aproximou.

- E aí você fugiu? - eu perguntei incrédula.

- E aí eu fugi. - ele confirmou.

- Como você fez isso? - eu questionei e ele deu de ombros.

- É fácil quando faz amizades certas nos lugares certos. - ele explicou. - Eu comecei a rebelião e vazei quando os guardas foram pro meio da muvuca. O mundo é dos espertos. - ele passou a mão pela minha bunda como se fosse a coisa mais natural.

- Vi que foram dois que fugiram. - eu comecei e senti ele desconfortável.

- Eu e o meu parceiro de cela. - ele explicou sem muitos detalhes e eu assenti concordando.

- Mamãe? - Lena apareceu na sala sonolenta.

Empurrei o corpo alto de Henrique pro canto, onde ela não conseguiria ver.

- Oi meu amor. - eu falei me aproximando.

- Ouvi sua voz, vim ver se tava tudo bem. - ela falou e eu ri baixinho.

- Tá tudo bem sim, minha vida. Pode voltar a dormir. Eu tava falando sozinha. - expliquei e me odiei por mentir pra minha menina.

Mas seria muito mais difícil explicar o que Henrique tava fazendo na minha casa a essa hora.

- Tá bom, mãe. Te amo! - ela deu as costas.

- Te amo! - falei mais alto pra ela ouvir e suspirei quando estava mais longe e eu pude respirar.

- Ela parece com você. - ouvi a voz dele atrás de mim e senti suas mãos passando pela minha cintura em um abraço. Nunca achei que estaria confortável em um abraço.

- Ainda bem... - respondi e o encarei inclinando meu corpo pro lado e virando pra trás. - Acho que você pode ir. - expulsei.

- Não, preta. Vou dormir aqui e a gente vai adiantar a visita de amanhã, beleza? - ele riu safado e eu neguei com a cabeça.

- Beleza nada, eu quero dormir. - eu falei mesmo que meu corpo dissesse o contrário.

- A gente pode dormir então, eu tô sem casa por enquanto, bom que posso dormir de conchinha contigo. - fez graça.

Não parecia o tipo dele dormir de conchinha, não mesmo. Ele parecia o tipo de homem que fodia numa noite e fingia que não conhecia no dia seguinte.

- Vou fazer você voltar pra cadeia, tava melhor lá. - ele fechou a cara e eu respirei fundo antes de responder. - Você vai ficar calado, minha filha é uma fofoqueira, se te ver aqui, vai acabar contando pra tia dela. E vai ser maior problema. - eu falei.

- Eu sou um cara silencioso. - ele respondeu e eu ri.

Puxei ele pro meu quarto e ele entrou observando tudo ao redor. Ele parou os olhos no meu corpo e eu revirei os olhos. Parece que tá no cio.

- Realmente não vai rolar, Henrique. Hoje não! - ele fechou a cara.

- Mas tu é paga pra isso. - ele argumentou e eu ri.

- Sou paga pelas quartas feiras, ainda não é quarta. - eu falei e ele revirou os olhos tirando os chinelos e tirou a pistola da cintura colocando em cima da minha cômoda. - Não, não, não! Pode tirar isso daí, na minha casa não entra isso. Coloca na gaveta, onde eu não veja. Vai que dispare sem querer.

- Tá travada. - ele falou mas tirou da cômoda e colocou na gaveta, como eu pedi. Muito bem.

Ele se jogou na minha cama e colocou as duas mãos embaixo da cabeça. É uma folga sem limites, não dava pra entender.

- Como você conseguiu fugir? - eu perguntei desligando a luz e sentando na cama, um pouco afastada dele.

- Eu paguei os guardas, saí pelo portão dos fundos. Agora preciso garantir minha ficha limpa, porque por enquanto sou foragido e procurado pelos vermes. - ele explicou de olhos fechados.

- E quanto tempo pretende ficar aqui? - eu perguntei e ele me olhou sem entender.

- Eu tô em casa, preta. Não pretendo sair não. Cresci aqui, vou morrer aqui! - ele falou e deitou direito, me puxando pela cintura até que minha perna estava do lado do seu rosto e sua respiração batendo na minha coxa. - Eu te vi dando mole pra aquele arrombado do TH.

- Ciúmes, lindo? - brinquei olhando pra ele que tava com a cara fechada.

- Já te falei, se eu souber que tu tá com outro, é tu e ele que vão pra vala. Ainda faltam sete quartas. - ele falou e eu revirei os olhos.

- Não sou igual as putas que você come. E tô bem tranquila, não tô desesperada por rola. - falei e ele me olhou.

- Filha da puta.

Não tava preparada pra ele me derrubando na cama e subindo por cima de mim.

- Eu já falei que hoje não vai rolar. - eu falei olhando nos olhos dele que estava bem perto de mim, pressionando seu corpo contra o meu.

- Uhum, eu ouvi... - ele falou se aproximando mais de mim e roçando a boca na minha.

Filho da puta descarado. Ele não sabe receber não como resposta, mas comigo a coisa é diferente. Ele vai ter que aprender, porque eu não sei ceder.


VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora