Capítulo 31

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Eu estava com dificuldade pra respirar, minha coluna e minha cabeça bateram com força na parede.

- Olha pra mim, filha da puta. - era TH. Eu ainda estava de olhos fechados, mas reconheci a voz dele.

- Lobo em pele de cordeiro. Quem poderia imaginar né? - eu alfinetei e levantei a cabeça, encarando seu rosto.

- Cala a boca, Valéria. - ele apertou meu pescoço. Meu ar se foi de novo, eu morreria se não fizesse algo. - Ouve bem o que eu vou te falar. Pensa que eu não vi tua cara lá na boca, na hora que a gente tava conversando?

- Eu não sei... o que você tá falando. - falei com dificuldade.

- Para de se fazer de sonsa, caralho. Tu fica esperta porque se alguem ficar sabendo daquela conversa, a tua filha que tá em jogo e aquela tua amiguinha vai pro saco também. Fui bonzinho até onde deu, mas quero lidar contigo não. Então só me ouve! Milena e a tua amiga dependem de ti, só de você, linda.

- Me... solta! - ele apertou mais e eu busquei ar com a minha boca aberta.

- Fica esperta, Valéria. Quem caminha no erro aqui, vai direto pro fogo. - ele disse e me soltou com força, fazendo minha cabeça bater de novo na parede e meu corpo também ser jogado pra trás.

Ele deu as costas e saiu, fiquei ali observando e engolindo tudo o que tinha acabado de acontecer.

Peguei as sacolas que tinham caído no chão e andei rápido pra casa. Hanna tinha pego Milena na ginástica hoje e eu fiquei mais tranquila.

Hoje recebi meu primeiro salário lá da loja de roupas, tava empolgada pra usufruir do suor do meu trabalho, mas toda essa situação me deixou pra baixo, pensativa.

Cheguei em casa e as duas estavam na sala assistindo série. Coloquei meu melhor sorriso no rosto e fui cheirar minha pequena.

- Oi mamãe! - ela passou as mãos pelo meu pescoço e eu peguei no colo pra abraçar.

- Oi amor da minha vida! Como você tá? Como foi a aula e a ginástica hoje?

- Foi muito legal mamãe! Eu aprendi a fazer estrelinha, olha só! - ela saiu correndo e virou de ponta cabeça, fazendo o movimento meio desajeitado. Eu ri e ela veio pra perto.

- Que lindo, meu amor. E a tarefinha da escola? Já fez? - ela negou com a cabeça.

- Tava esperando a senhora pra me ajudar. Eu vou la buscar. - ela saiu correndo em direção ao quarto que a gente tava ficando.

- Você tá bem? - Hanna questionou.

- Tô ótima. E você? Como foi hoje? - mudei o foco pra ela que sorriu e negou com a cabeça.

- Você é toda espertinha. Eu não vou insistir, sei que não tá tudo bem, mas se quiser conversar, tô aqui. - eu assenti.

- Eu não posso falar, mas no momento certo, tudo vai vir à tona. - eu expliquei e ela suspirou. - Te amo! Obrigada pelo que você fez e faz por nós.

- Eu te amo! Amo a Milena. E você pode contar comigo. Pra tudo.

Nesse exato momento, eu percebi que talvez a decisão certa seria encontrar outro lugar pra morar, fora do complexo talvez. Pra que pessoas como Hanna não se envolvam na loucura que eu me meti.

Eu precisava me afastar pra que a única afetada seja eu. Eu não suporto a ideia de viver sem minha melhor amiga, ou muito menos sem a minha filha. Elas são a minha maior alegria e não seria justo colocar a vida delas em risco.

E também tem Russo nesse fogo cruzado, ele precisa saber tudo o que eu ouvi. Mas ainda assim a vida dele vai tá em risco. Eu precisava me afastar dele pra que os outros pensassem que a gente não está mais junto. Não que antes estávamos, mas como Henrique mesmo diz "eu tô no nome dele". O melhor agora é realmente me afastar de tudo e todos.

Assim eu consigo controlar tudo até que a poeira abaixe.

- Eu vou procurar uma casa pra alugar lá no asfalto. - falei do nada pra Hanna que me olhou assustada.

- Olha, se você acha que está me incomodando aqui, eu não tô incomodada, de verdade! Eu gosto de ter vocês mais perto.

- É pela minha segurança e a de Lena. A gente precisa estar seguras e aqui não tem como. - falei a verdade em certos pontos.

- Aqui você é intocável, Valéria. Você sabe disso. - ela falou e era fato.

- Mas não é a mesma coisa. Eu sinto que sempre tô em risco, principalmente depois que aquele policial do BOPE me levou do trabalho.

- Você tá no nome de Russo, não é só mais uma moradora daqui, você pode ficar aqui! Não tem problema.

- Eu realmente preciso ir. É questão de segurança e necessidade. - eu suspirei e ela assentiu.

- Você sabe que pode contar comigo. Tu é minha irmã, eu me acostumei a ter você e Lena por perto, então por favor, não some!

- Eu te amo, Hanna. Obrigada por me apoiar. - eu falei e ela me abraçou.

- Eu não tô te apoiando, porque sei que lá fora o perigo é bem maior. Mas eu tô deixando que você faça as suas escolhas. Porque eu te amo, quero vocês bem!

- Obrigada, isso significa muito pra mim. Hoje mesmo eu vou procurar alguma casa e quando achar, vou te chamar pra gente tomar um drink enquanto a Lena dorme.

Ela riu e eu funguei engolindo o choro.

Era mais fácil eu passar por isso sozinha sabendo que no fim todos vão estar bem. Principalmente a minha pequena.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora