Depois de um sexo gostoso cheio de saudade, comemos e deitamos na cama dela.
Porra, me sinto em casa. Nem é porque tô acostumado a estar com ela, é simplesmente pelo fato de ela me fazer sentir bem pra caralho perto dela, onde quer que seja.
- Tá pensando no que? - ela perguntou apoiando a cabeça em cima da mão, no meu peito.
- No quanto eu sou um cara sortudo. - ela me olhou sem entender.
- Porque?
- Porque com uma mulher dessa grudada em mim, é sorte demais. - eu brinquei e ea suspirou.
- Eu tô em paz. - ela comentou séria. - Não me sinto assim há anos. É como se eu tivesse vivendo agora uma nova fase. Com você. - era difícil arrancar qualquer declaração dela.
Agora ela tava toda soltinha e eu tava feliz vendo ela assim.
- Da última vez que eu senti isso, vivi o maior pesadelo da minha vida. - ela falou emotiva e eu a encarei sério.
- Quer contar? - perguntei deixando ela à vontade.
Ela pareceu pensar, não falou mais nada. Só soltou um suspiro e sorriu de leve.
- Eu quero. Tu é a primeira pessoa que vai saber de tudo, Hanna só sabe algumas coisas.
- Me sinto até importante. - ri.
- Eu me envolvi com André quando era nova, tinha só dezesseis. Foram anos perdidos da minha vida, poderia ter feito uma faculdade no tempo que tava com ele, ou um curso. Me arrependo muito. Não posso dizer que no início eram flores, ele nunca foi bom, ele me dava tudo que eu não tive na minha infância e adolescência e eu me contentava com isso, sem me importar com as surras e os gritos. Eu simplesmente aceitei.
Olhava pra ela segurando seu corpo em cima do meu. Meu sangue fervia em pensar tudo que aquele filho da puta fez contra ela.
- Até que Milena chegou na minha vida. Ela era pra ser minha mesmo, chegou no momento onde eu já não via mais saída. Ela foi a minha saída no meio do caos. - deu um sorriso. - Nem com o nascimento dela André me respeitou. Ele não respeitou meu pós cirúrgico, não respeitou meu puerpério, não respeitou nada. Chegou um dia onde ele sumiu do mapa. Só avisou semanas depois que tava com outra, formando família com ela. Eu pouco me importei, já tava conseguindo sobreviver sem ele.
- Tu é forte pra caralho, minha preta. - eu falei e ela fungou segurando o choro.
- Tô te contando isso não porque quero que você sinta pena. Mas porque eu quero embarcar nessa contigo, numa nova fase da minha vida, onde eu tô completamente feliz e entregue a algo leve.
- Você acha o que a gente tem leve? - questionei em dúvida mesmo.
- Eu acho. É algo sem cobrança, sem pressão. Eu gosto do que a gente vive.
- A gente se conecta. Eu também curto o que a gente vive. Além do sexo né?
- Além do sexo. - ela concordou e se inclinou pra me beijar.
Virei nossos corpos na cama e fiquei por cima dela. Observei daquele ângulo os olhos dela brilhando, seus cachos que eu tanto gostava de cheirar, seu rosto delicadinho. Dava até pena de dar os tapas que ela pedia na hora do sexo.
- Você tá me deixando sem graça. - ela riu ficando vermelha.
- Tô só te admirando. Linda pra caralho, gostosa pra porra, cheirosa da puta que pariu.
- Quanto palavrão. - ri e coloquei o rosto no seu pescoço. - Obrigada, Henrique.
- Pelo que, maluca? Fiz nada.
- Você fez muita coisa em mim, coisas que eu nem sabia que precisava. Até aqui dentro. - ela apontou pro peito do lado esquerdo.
- Porra... - beijei sua boca sem saber o que responder.
Minha língua encontrou a dela e a gente tava numa bolha. Onde só a gente importava.
- Bora dormir? Tu me explorou hoje, cansei. - eu falei e ela gargalhou.
- Bora. - ela virou pro lado e eu me encaixei por trás do seu corpo em uma conchinha.
- Tu é incrível pra caralho, pretinha. - ela se virou pra me dar um selinho.
- Tu é foda, Henrique. - Valéria respondeu e eu beijei seu ombro antes de fechar os olhos e me encostar nela pra dormir.
(...)
Valéria Dantas.Acordei no susto com o barulho de uma arma sendo engatilhada. Parecia no quarto, mas Russo não tava na cama mais, eu estava sozinha.
- Russo? - chamei por ele baixinho e fui me levantando da cama. - Russo...
Não ouvi sua voz, mas ouvi uma movimentação no banheiro do meu quarto. Bati duas vezes na porta e não tendo uma resposta, eu a abri.
Henrique tava olhando fixamente pro espelho, parecia em outro mundo, ele estava sonâmbulo. Era a primeira vez que isso acontecia.
O barulho de arma que eu ouvi era a própria arma dele que ele engatilhou. Mas pra que? Eu me preocupei em tirar a arma da mão dele, morrendo de medo e coloquei dentro da pia.
Corri pro meu celular pra pesquisar o que fazer. Li que eu precisava direcionar ele de volta pra cama, e falar com ele com a voz calma.
Mas eu tava agitada, era difícil manter a voz calma.
- Vem, Henrique. Vamos pra cama, você tem que voltar a dormir. - eu falei baixinho e peguei na sua mão pra levar ele de volta.
Deitei ele na cama com calma e ele deitou de bom grado. Ele fechou o olho e voltou a dormir.
Peguei meu celular de volta tentando entender porque isso tinha acontecido. Li em um site que isso podia ocorrer devido ao estresse físico e mental.
Eu imagino que com tudo isso acontecendo ele deve estar exausto mentalmente. Não sei nem como vou conseguir voltar a dormir por medo de ele levantar de novo e tentar fazer algo dormindo.
Sair na rua, atirar em alguém, dormir no chão frio, entrar em outra casa. São tantas possibilidades que me assustam.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...