Capítulo 29

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Paulo Henrique

A viagem pra SP foi estressante, K2 tava pilhado e me deixou pilhado. De cinco em cinco minutos ele perguntava se podia ligar pra mulher, mas nem tava pegando sinal nesse caralho.

E eu pretendia ficar incomunicável, não tava podendo esbanjar minha localização e principalmente dos caras que vieram comigo. Deixaram família, mulher, filho e a porra toda por fidelidade ao tráfico, então tenho que manter eles a salvo.

A primeira coisa que eu faria pra limpar a minha barra era procurar a policial que ficou de limpar minha ficha, a negociação seria por ligação então não teria perigo, era só usar um celular descartável.

Mas porra, era tudo incerto, eu não queria vir não.

Chegamos no hotel depois de quase duas horas de carro. Hotel de esquina, insalubre, pagamento em dinheiro e com identidade falsa. A vida tinha que ser assim agora, pra não revelar onde eu tô.

Os meninos quiseram dividir quarto pra não ficar caro, mas eu gosto da minha privacidade, então peguei um quarto sozinho.

Eu só fodo com a minha privacidade quando tô com Valéria, ela me faz jogar a porra da privacidade no lixo.

Cara, como pode? Conheci a mulher tem uns dois meses ou mais, e ela conseguiu cativar meu lado mais humano.

Porra, Valéria, nem a quilômetros de distância vai me deixar em paz.

Além disso ela ainda fez a proposta de tentar alguma coisa quando tudo isso acabasse, e eu nem precisei pensar muito, porque eu quero pra caralho.

Terminei de colocar minhas coisas no armário, tudo dentro da mala ainda pra caso precisasse sair nas pressas.

Puxei o celular pra fazer a última ligação antes de me desligar completamente.

- Alô? - ela atendeu na segunda chamada.

- Já apagou meu número, chata? - ela riu.

- Ah, é você, atendi sem olhar. Como ta aí? Chegaram bem? - ela perguntou e eu sentei na beirada da cama.

- Chegamos pô. Liguei só pra avisar que cheguei e dar os conformes pra ti.

- Pode falar. - ela disse e suspirou.

- Vou tá te monitorando ainda, mas preciso que tu fique ligadona porque os caras vão pra cima de ti. Sai do morro só pro necessário e depois é direto pra casa. Mantém a pequena perto de ti e qualquer coisa que acontecer, esquece esse número, esquece que eu existo. Não fala nada pra ninguém, quando eu voltar eu resolvo. Beleza?

- Ok... Beleza! - ela falou.

- Apaga esse contato do teu registro, apaga meu número e as conversas.

- Eu preciso só te mandar um negócio antes de apagar tudo, peraí. - ela demorou uns cinte segundos parecendo mexer em alguma coisa e o celular vibrou aparecendo um vídeo de visualização única.

Nove segundos. Um vídeo do caralho, a minha visão comendo ela de quatro, que mulher sensacional.

Uma puta tortura. Essa mulher é malandra.

- Que isso, caralho? Quer me matar? - ela riu do outro lado.

- É pra matar a saudade. Quando você esquecer de mim, mando de novo esse vídeo pra lembrar.

- Vou bater uma punheta aqui pensando em você, sua filha da puta. - ela gargalhou. - Mas na moral, saudade já ein. Garanto que quando eu voltar vou te macetar tanto que tu vai ficar dois dias sem conseguir sentar.

- Tu é só promessa, Henrique.

- Teu defeito é duvidar demais de mim, preta. Eu tô fazendo uma promessa, pô. Vou voltar pra cumprir.

- Se cuida ein, não quero receber suas cinzas numa vasilha de plástico. - ela brincou.

- Quem disse que vai pra você? Vou mandar entregarem na mão na Milena pra ela jogar na sua cama enquanto você dorme. - ela riu de novo e eu ri também.

- Mas é sério. Se cuida, qualquer coisa vou estar aqui, se precisar é só chamar. - ela falou e eu fechei o olho.

- Beleza, preta. - falei baixo. - Se cuida aí também, lembra dessa nossa conversa. Eu vou voltar e tu sabe o que vai acontecer né?

- Eu sei! Eu quero e tô disposta. Vou te esperar. - eu sorri e ela suspirou do outro lado.

- Fé aí, preta. Valeu!

- Fé aí, Russo. Se precisar de mim, me liga. - ela falou e eu concordei antes de me despedir pra desligar.

Fui no banheiro tomar um banho rápido e coloquei uma roupa pra deitar e dormir, pelo menos até umas nove horas. Eu precisava descansar porque amanhã eu não sabia como seria meu dia e nem que horas eu ia voltar pro hotel.

Pretendia achar a policial logo, negociar a minha ficha e seguir minha vida. O processo pra limpar demora mais ou menos quatro ou cinco dias, e nesses dias eu vou ficar por aqui. Vou aproveitar também pra achar o X9 no nosso meio, não era difícil, era só logar os pontos. Eu já tinha minhas desconfianças.

Deitei na cama e peguei o celular pra começar a apagar as coisas, se pegarem o celular, não vão achar vínculo nenhum meu com Valéria. E espero que ela tenha feito a mesma coisa.

Ouvi batidas na porta e peguei a pistola pra colocar no cós da bermuda. Olhei pelo olho mágico e vi que era K2. Abri rápido e ele entrou cheio de treco na mão.

- Posso tomar banho no teu banheiro pô? - ele pediu e eu apontei pro banheiro. - Tá sem chuveiro quente no nosso quarto e tá frio pra caralho pra tomar banho gelado.

- Pode usar esse aí, cara. Só fica calado. - eu voltei a deitar na cama e fechei os olhos. - Quando sair me chama pra trancar a porta.

Falei e apaguei.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora