Sexta feira.
Dia de baile e movimento louco no morro. Mas mesmo assim, eu fiz questão de ir na boca conversar com Fogo sobre algo que eu pensei nos últimos dias.
Eu precisava de uma casa nova, maior. Minha dívida com ele tava paga, eu poderia pagar por algo melhor agora e mais confortável pra minha menina.
Eu estive essas quase duas semanas fugindo de Hanna. Pelo simples fato de que se ela me ver, vai saber que tem algo errado, principalmente se ver as marcas no meu corpo e o armário da minha casa abastecido.
Então tenho evitado ela, só conversamos por mensagem e eu dei a desculpa que tava muito tempo fora de casa procurando emprego. Me sentia culpada, mas quanto menos gente souber, menos vergonha vai vim pra mim.
Egoísmo, eu sei. Mas é o que eu penso, quero poupar a mim mesmo de receber olhares de pena ou de nojo.
Entrei na boca com os olhares em mim, fiz o caminho até onde eu sabia que era a salinha que Fogo ficava. Dei duas batidas na porta e ouvi a voz dele mandando entrar.
Abri a porta e ele me olhou dos pés a cabeça, minha mão estava na maçaneta ainda mas logo tratei de fechar.
- Quer o que, Valéria? - ele perguntou e eu respirei fundo antes de começar.
- Queria outra casa. Com dois quartos e dois banheiros, com quintal. Não tem nenhuma pelo morro? - ele me olhou franzindo a testa.
- Tem uma lá na rua quatro. Tem dois quartos, mas tem um banheiro só. E com quintal. - ele falou e eu concordei com a cabeça.
- Eu vou querer.
- Vou querer o pagamento adiantado pra reservar pra ti. - ele falou e eu assenti de novo.
- Contanto que você não me dê nenhum golpe, vou transferir o valor pra você. Vai ser por pouco tempo, logo logo eu vou conseguir sair daqui.
- Gosto de gente que sonha. Tu sonha bem alto, Valeria. - ele falou e eu não entendi.
- Se eu não sonhar, vou ficar presa aqui igual você. - eu alfinetei me sentindo ousada demais e ele me olhou com raiva. - Vou preparar tudo pra mudança, venho buscar a chave amanhã.
Me preparei pra sair dali mas ele me chamou.
- Como tem sido lá nas visitas? Russo pegou pesado? - ele questionou.
- Acho que não é da sua conta. Mas não, não pegou pesado. - eu respondi e encarei ele.
Ele concordou e eu saí dali ainda mais feliz. Finalmente vou ter meu cantinho só pra mim, amo dormir com a minha princesa, mas uma mãe precisa de privacidade às vezes.
Fui direto pra casa e assim que abri a porta, dei de cara com Hanna na minha sala com os braços cruzados.
- Eu vim ver você, tem quase duas semanas que você não quer falar comigo direito. Eu sabia que tinha algo acontecendo, mas fico feliz que seja algo bom né? - falou apontando pros armários cheios e a geladeira também.
- Hanna, eu... - ela negou com a cabeça.
- Eu sei que você tava ralando muito vendendo brigadeiro na praia. Mas amiga, isso aqui não dá pra entender. Não tô conseguindo formar uma linha de raciocínio na minha cabeça onde você de repente ficou rica. - ela deu uma risada negando com a cabeça. - De onde veio esse dinheiro, Val?
- Eu fiz uns bicos essas duas semanas. - ela esquadrinhou o meu corpo parando exatamente no meu pescoço, onde com certeza ainda tinha uma mancha roxa que eu tentei esconder embaixo da camisa de gola alta.
- Valéria... - ela apontou pra direção que tava olhando. - Porra, me diz o que tá acontecendo.
Se aproximou e eu acabei deixando que ela visse por si só o meu estado. Cheia de chupões, cheia de marcas.
- Eu não quero que me julgue. - eu falei querendo chorar. Ela é praticamente minha irmã e o olhar dela pra mim mostrava que estava horrorizada por me ver daquele jeito.
- Eu não te julgaria, você sabe disso. - ela falou e eu me senti confortável pra falar.
- Eu tô fazendo visita íntima. - Hanna arregalou os olhos e me olhou de cima a baixo. - Você disse que não ia julgar.
- Não, eu não tô julgando. Eu só tô... processando. Meu Deus, visita íntima? Eu imaginei de tudo, menos isso.
- Mas eu tô bem, não tá sendo tão pesado como eu imaginei.
- É com Russo né? - ela questionou e eu assenti. - Rato me contou que estavam procurando uma puta pra ele, pra fazer essas visitas.
Rato era seu namorado e os dois eram grudados, era visível o sentimento que tinham um pelo outro. E ele era vapor na boca, braço direito de Fogo.
- Não acharam uma puta, mas me acharam. - ri com sarcasmo e ela me olhou com o olhar pesado em mim.
- Você tá bem mesmo? Ele não te obrigou a nada né? - ela questionou.
- Não, não me obrigou. Fiz por vontade própria e não me arrependo. Eu coloquei comida na mesa, Hanna. Isso foi o suficiente pra eu não me arrepender e nem ficar com peso nenhum na consciência.
- Ele é violento. - ela fez careta olhando pro meu pescoço de novo. - Não dói? - ela tentou tocar mas eu me esquivei. Tirei a camisa ficando de sutiã pra que ela visse melhor e sua boca abriu num "O". Tão chocada quanto eu quando cheguei em casa na quarta feira e me olhei no espelho.
Henrique prometeu e cumpriu. Deixou meu colo quase sem espaços em branco.
- Não dói, são só marcas que logo saem. - eu falei e ela tentou de novo me tocar e eu de novo me esquivei.
- Quando foi a primeira vez? - ela perguntou.
- Quarta feira passada. Eu recebi a proposta na terça, e na quarta de manhã eu fui. Ele me recebeu bem, melhor do que eu imaginei, é tudo muito bruto, mas me deixou satisfeita.
- Ele te fez go... Ai Deus, eu nem acredito que to perguntando da sua vida sexual que não me interessa, mas eu tô tão curiosa, me desculpa. - ela falou e eu ri negando a cabeça.
- Ele me fez gozar, contando com as de quarta, foram sete vezes. - lembrei do sorriso presunçoso daquele filho da puta e foi inevitável não dar um sorrisinho.
- Sete? - ela falou alto assustada. - Caramba, em duas transas você gozou mais que eu esse mês todo, que inveja. - ela brincou e eu suspirei por estar voltando ao normal, sem o clima pesado.
- Eu só peço que você não conte pra ninguém, ninguém mesmo. Nem pra Rato, sei que vocês fofocam.
- Eu não vou contar. Pode confiar em mim. - ela me puxou pra um abraço e beijou meu rosto.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...