Coloquei Lena na cama depois que chegamos em casa, ela dormia pesado, provavelmente por conta dos medicamentos.
E eu suspirei assim que fechei a porta do quarto dela, fechei os olhos e consegui respirar. Andei até a sala e meu corpo estremeceu com a figura de Henrique parado na frente da porta, com os braços cruzados e com um olhar mortal pra cima de mim.
- Tá roubando meus soldados, tirando eles de posto. Tá com essa moral toda, porra? - ele puxou da cintura e engatilhou a arma e eu tentei não vacilar.
Ele deu dois passos na minha direção e eu não movi um músculo. Eu não tinha medo, mas ele estava me deixando nervosa.
- Do que você tá falando?
- Esqueci do quanto você é sonsa. - ele falou. - TH tava trabalhando, e sumiu. Meus vapores observam tudo, disseram que ele veio te pegar aqui e vocês saíram do morro.
Ele passou o cano da arma pelo meu braço.
- Lembra do nosso trato né? Não se envolver com ninguém além de mim. - o tom de voz dele tava baixo e eu tava tão cansada que só suspirei e fechei os olhos.
- Manda seus vapores trabalharem direito. Lena tava no banco de trás.
- Ah, saíram em família? Três horas da manhã?
- Para de ser babaca, minha filha passou mal, ele me ofereceu carona pro pronto socorro. Se você não tem empatia por uma criança, tem gente que tem coração e pensa no bem dos outros e faz o que tem que ser feito. - explodi. - Eu nem deveria dar satisfação de nada pra você, mas com uma arma apontada pra mim, eu me sinto obrigada a justificar.
Ele se calou e abaixou a arma. E baixou a guarda também.
- Tá com esse ciúme todo? - eu brinquei com fogo e ele se manteve sério.
- Tô vigiando o que é meu. - ele respondeu e eu neguei com a cabeça.
- A gente sabe que eu não sou sua. - eu falei e foi a vez dele de rir.
- Eu sei, e muito bem. Eu lembro aquela noite que você disse "é tudo seu" - ele falou a última frase com uma voz mais fina, me fazendo cerrar os olhos e se aproximou. - Eu sei muito bem.
- Então você também deve ficar sabendo que eu tô exausta e preciso dormir. Preciso de paz, pelo menos hoje. Mais tarde nos vemos. - dei as costas mas ele pegou no meu pulso.
- Me deixa dormir aqui, preta? - ele pediu e nem parecia o mesmo cara possesso de raiva que chegou aqui.
- Não. - falei e ele fez uma cara de cachorro que caiu da mudança.
- Deixa aí, preta. Tu não pode me negar, já é quarta feira. - ele jogou baixo e eu neguei com a cabeça.
- SÓ... dormir. - apontei o dedo pra ele.
- Beleza, só dormir. - ele confirmou com a cabeça e já foi logo tirando o chinelo, deixando ali perto da porta.
Observei ele andando em direção ao meu quarto que ele já sabia bem o caminho e se jogou na minha cama.
Ele sorriu de lado e tirou a camisa exibindo as tatuagens que eu já estava familiarizada, o peitoral era repleto dos desenhos mais aleatórios, incluindo uma metralhadora no quadril. E uma frase qualquer na costela, que eu ainda não parei pra ler. E várias outras aleatórias.
Eu tinha curiosidade de saber o que era e a o que se referia a frase, mas eu sempre lembrava do que havia dito quando nos conhecemos. "Quanto menos souber sobre ele, melhor."
Ele deu duas batidinhas na minha cama me chamando e eu deitei com a roupa que tava mesmo. Eu estava tão cansada que se encostasse, ia apagar.
- De calça jeans não, preta. É desconfortável. - eu resmunguei fechando os olhos e ele se levantou e desabotoou com cuidado a minha calça e tirou pelas minhas pernas.
Era até estranho. Sem nenhum olhar intencionado, sem nenhum sorrisinho de lado, só o ato de tirar pra que eu me sentisse mais confortável.
- Quer tirar a blusa também? Tá toda apertada aí. - eu neguei com a cabeça e ele não insistiu. Só deitou do meu lado e passou a mão pela minha cintura me puxando pra perto, sentindo o calor do seu corpo.
- Obrigada. - eu falei baixinho e ele só beijou meu ombro como resposta.
- Foi mal aí, extrapolei apontando a arma pra ti. - ele falou e eu neguei com a cabeça.
- Esquece isso. Se você apontar arma na minha cabeça de novo, eu atiro no seu pau pra você nem pensar em ter filhos e ainda ficar sem foder ninguém. - eu falei de olhos fechados e ele riu baixinho contra a pele do meu pescoço.
- Eita porra, esqueceu quem eu sou? - ele falou brincando.
- Você não assumiu o tráfico de novo, então é um foragido da polícia que tá se abrigando na minha casa. Inclusive vai comprar uma casa nunca?
- Vou comprar porra nenhuma, tô mais na boca do que em outro canto. - ele falou. - Porque? Tu quer que eu compre uma casa pra gente estrear a minha cama também?
- Como você é engraçadinho. Tem que pensar mais com a cabeça de cima e deixar a cabeça de baixo guardada. - eu falei e ele gargalhou. Uma risada rouca, bem no pé do meu ouvido que me arrepiou
Ele nunca tinha rido assim, as risadas eram sarcásticas ou quase não dava pra ouvir.
- A cabeça de baixo pode ficar muito bem guardada na tua boca né não? - ele falou e eu neguei com a cabeça prendendo uma risada. - Vai dormir, porra. Fica aí se remexendo e depois reclama que meu pau fica duro.
- Você que parece tá no cio. - me esfreguei mais nele que segurou com força minha cintura e apertou meu peito.
- Fica calada, caralho. Se não, vai dormir nunca. - eu ri e consegui fechar os olhos.
Ele cheirou meus cabelos e roçou a barba rala pela minha nuca, me arrepiando de novo. Mas seu corpo começou a pesar mais, e logo ele estava apagado. Assim como eu.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...