Me ofereci pra buscar Valéria na casa dela, mas ela negou dizendo que vinha com Hanna. Ela deixaria Lena com a menina que cuida de vez em quando dela, quando nenhuma das duas consegue ficar.
Por isso eu vim direto pra cá, o baile tava rolando solto, tinha uma porrada de vapor rondando tudo, todo mundo tava tenso com esse bagulho de invasão.
Eu senti uma mão passar pelo meu ombro, eu tava escorado na grade do camarote observando o fluxo lá de baixo.
Olhei pra trás por cima do ombro e vi uma menina, devia ter uns dezoito anos no máximo. Ela me lançou um sorriso cheio de segundas intenções, mas eu não tava no clima.
Por isso mandei logo ela pastar.
Segurei o copo e deixei o cigarro entre os dedos, Rato foi logo chegando perto junto com K2 e outro vapor que eu não lembrava o nome.
Os três iam comigo pra Sampa, fazer minha segurança e armar um plano pra limpar minha ficha. Descobri mais cedo que o policial que sempre limpava, morreu. Foi assassinado.
E eu fiquei de mãos atadas, sem saber o que fazer.
- Fala chefe. - Rato falou e eu acenei tomando um gole do meu whisky puro.
- E aí, cria. Como tá lá fora?
- Tá tranquilo até, sem sinal de invasor. - K2 falou me dando o celular, mostrando as câmeras das vielas no início do morro. - Ainda tá cedo, não dá pra dizer se eles vão agir mesmo de madrugada, ou se vão invadir outro dia porque...
Parei de prestar atenção quando vi Valéria entrando na quadra com Hanna. Ela tava bonita pra caralho, um vestido soltinho preto, tênis nos pés. Ela rodou os olhos no ambiente fazendo uma careta de quem não tava gostando e parou no bar com a amiga pra pedir uma bebida.
- Ih alá, minha mulher chegou. - Rato falou olhando pra mesma direção que eu. - Tá apegado na Valzinha né, chefe?
- Não pô. - eu neguei rápido.
- Precisa mentir não Russo, tava arranjando o novato lá da boca pra ela mas pelo visto vocês tão nessa aí. - ele deu um trago no cigarro de maconha e assoprou pra cima.
- Tamo em nada não cara, pode arrumar quem tu quiser, se ela quiser né! - eu falei e bebi um gole da minha bebida.
- Deixa eu trazer elas pra cá. - ele foi saindo e eu fiquei ali observando de novo o movimento. Tinha gente pra caralho, dançando, se pegando, bebendo, usando droga.
Tava movimentado, eu já ia ter que vazar pra viajar. Duas da manhã tinha que partir.
- K2 disse que tá cheio de mulher gostosa lá embaixo, chefe. Vai escolher nenhuma hoje? - um outro vapor passou por mim.
- Porra, tô com cabeça pra isso não. - eu falei e fechei logo a cara.
Observei aquele mano que tava com Valéria a uns dias atrás, TH se não me engano. Eu fiquei erradão quando fui cobrar a Val de um bagulho que eu coloquei na minha cabeça e na verdade era tudo ao contrário. Ele levou a filha dela no hospital e foi só isso, mas minha mente é maldosa, sempre espera o pior das pessoas.
É aquela coisa. A gente espera o pior pra não se decepcionar quando o tempo ruim chegar, e pra se surpreender se der certo.
TH tava encostado numa das mesas. O estranho era que os caras estavam falando com ele, mas o mano tava com a cara enfiada no celular. Tela no brilho mínimo, daqui eu enxergava que ele digitava o tempo todo.
Cerrei os olhos desconfiado, ele olhou pros lados e colocou o celular rápido no ouvido parecendo ouvir um áudio. O olhar dele vagou o ambiente todo e parou justamente em mim. Eu cerrei os olhos e o cara empalideceu, sustentei o olhar mas ele logo desviou.
Coisa errada eu sabia que tinha.
Agora o que?
Vou manter ele na minha mira, investigar e manter ele debaixo dos meus olhos. Porque se tem X9 no nosso meio, todo cuidado é pouco e geral é suspeito. Eu não sei em quem posso confiar, não sei quem me trairia, sabendo do que eu sou capaz de fazer.
Fui preso e não foi à toa não.
Parei de encarar ele e olhei pra entrada do camarote, onde Rato vinha com Hanna. Logo atrás deles vinha a mulher que roubou meus pensamentos nessas últimas semanas.
Valéria é uma filha da puta, deve ter feito alguma macumba pra mim porque eu nunca me senti tão atraído por nenhuma mulher que nem me sinto por ela.
E fora que ela adorava me encarar com aquele olhar de falsa inocência, porque de inocente ela não tem nada, já provei isso.
- Achei que ia me enrolar e não ia vim.
- Sou uma mulher de palavras. - ela disse se aproximando e eu puxei sua cintura pra perto.
- Quer beber o que, preta? - eu questionei e ela deu de ombros.
- O que tiver aí que não me deixe bêbada rápido. - ela falou e eu assenti.
Olhei pro moleque da segurança e fiz sinal pra ele vir pra perto.
- Descola duas bebidas pra mim lá. Daquelas mais leves. - ele assentiu e saiu.
Valéria observou a cena e quando o menino deu as costas ela me encarou, se aproximando mais do meu ouvido.
- Vai viajar que horas? - ela perguntou bem pertinho de mim, e baixo. Provavemente com medo de alguém ao nosso redor ouvir.
Eu falei pra ela que ninguém é confiável. E agora ela tá andando assim, toda desconfiada. Eu não acho ruim, porque queria isso mesmo.
- Daqui a pouco, duas da manhã tô vazando, devo chegar lá em SP umas três e meia. - expliquei no mesmo tom e ela assentiu. - Queria uma despedida, preta.
- É? - ela roçou o lábio no meu e eu suspirei.
- Porra, não me deixa de pau duro aqui não, filha da puta.
- Mas não tô fazendo nada. - ela disse em um tom de falsa inocencia.
- Diaba sonsa. - eu falei e mordi de leve seu lábio inferior. - Bora se despedir? Tem gente na tua casa?
- Não tem, já quer ir? - ela estranhou.
- Mal chegou né. Aproveita aí e quando der uma da manhã a gente vaza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...