Capítulo 30

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Valéria Dantas - Segunda feira, 1 dia depois.

Eles realmente destruíram minha casa na invasão de sábado. Atiraram do helicóptero e entraram quebrando tudo, queimaram minhas roupas, as roupas de Milena.

Sorte a nossa que trouxemos muita roupa pra casa de Hanna. Mas o prejuízo de ver minha casa destruída foi devastador.

Hoje era segunda, eu já tinha ido levar Lena na escola, agora estava esperando o menino que tava me levando e trazendo, ele ficou no lugar do K2 que viajou com Russo pra São Paulo.

Eu tô dormindo dois dias aqui com Hanna, Rato também viajou e ela ia acabar me chamando de qualquer jeito porque não gosta de ficar sozinha em casa.

Eu peguei meu celular pra olhar as notificações e tinha uma notificação do meu banco, avisando uma nova transferência. Vinda de Fogo.

Era o dobro do valor que vinha antes, Russo é um sem noção. Peguei as chaves de casa e fui andando pra saída.

- Você nem tomou café, já tá indo? - Hanna questionou e olhou o relógio. - Ainda faltam quarenta minutos pro seu horário de sair.

- Eu preciso resolver uma coisa antes. Já volto. - avisei e saí sentindo o olhar dela me acompanhando.

Desci um pouco o morro e entrei na boca sem falar com ninguém que tava ali na frente, os meninos só ficaram me encarando mas também não falaram nada.

Levantei a mão pra dar duas batidas no porta que tava meio aberta mas parei no meio do caminho quando ouvi vozes. Era TH, um outro que não reconheci e Fogo.

Estranho, até ontem eu tava sabendo que Fogo tava de cama, doente.

Eu ia virar as costas pra ir embora, mas fiquei quando ouvi que o assunto era Russo.

- Mas ele nem tá aqui, dá pra fazer isso aí. - TH falou.

- A Rocinha ta só esperando a nossa confirmação. - o outro que eu não conhecia a voz também falou.

- A gente vai fechar com a Rocinha mesmo? Vão querer tirar o Russo do cargo, só vão fazer isso matando ele. - Fogo falou meio contragosto.

- Russo tem que morrer mesmo, a gente só vai diminuir o trabalho da polícia. - TH falou e eles riram e eu arregalei os olhos.

Eles estão tramando contra Russo.

Pelo pouco que ouvi Russo falando de trabalho, eu sei que a Rocinha é rival. Eles querem fechar o que com a Rocinha? Eles querem que Russo morra?

Porque?

São muitas perguntas e eu não vou ficar aqui. Preciso dar um jeito de falar com Russo, talvez através de Rato ou até o K2.

Andei rápido pra fora da boca, saí dali e fui direto pra casa, ansiosa pra contar isso pra alguém. Mas eu me lembrava da frase de Russo.

"Ninguém é confiável!"

E realmente, não é porque é confiável pra mim que vai ser confiável em todos os aspectos. Eu quero contar, mas vou esperar por Russo, ele tem que ser o primeiro a saber.

Abri a porta e Hanna tava no mesmo lugar, comendo um pedaço de pão e mexendo no celular.

- Conseguiu resolver? - ela me analisou. - Você tá meio pálida, come logo!

Sentei na mesa e peguei um pão também, me servi mas sem vontade nenhuma de comer.

- Você tá conseguindo falar com Rato? - eu questionei ela como quem não quer nada. Ele seria um meio pra chegar ao Russo. Uma tentativa.

- Ele me responde só de madrugada e nem é todo dia. - ela explicou. - E você tem falado com Russo?

- Não! - respondi frustrada e ela riu.

- Achei que nunca ia te ver assim.

- Assim como?

- Toda apaixonadinha, é até estranho. - eu neguei com a cabeça.

- Eu não tô apaixonadinha. Mas cogitei firmar uma coisa mais séria.

- Com ele? Sério? Ele aceitou? Vocês estão juntos? - ela fez um milhão de perguntas, toda empolgada e eu ri.

- Não. A gente vai se resolver quando ele voltar. - eu expliquei e tomei meu café.

Ela somente assentiu e ficou em silêncio olhando pro nada. Eu tava sem fome, mas empurrei a comida pra dentro pra não desmaiar até o horário do almoço.

(...)
O dia passou arrastando, em momento nenhum deixei de pensar no diálogo que ouvi na boca, e pensava milhões de possibilidades de tentar dizer pra Russo.

Estão armando pra ele. Henrique não dizia muito sobre o trabalho, mas as poucas informações que ele me disse eu guardei.

A Rocinha tinha algum tipo de rixa com o Alemão. Eu não faço idéia do porquê, mas acredito ser coisa de facção ou algo assim.

Coisa que eu não fazia questão de saber.

Saí do trabalho e o novo vapor já tava me esperando.

- Boa tarde aí, dona Valéria. - eu ri e acenti.

- Boa tarde, WL. - cumprimenteu e coloquei o capacete. - Tu pode me deixar no mercado hoje? Preciso comprar umas coisas lá pra casa.

- A ordem é te deixar na tua casa patroa. Posso não! - eu revirei os olhos.

- Porra de ordem, eu preciso ir no mercado se não minha filha não come hoje. - fiz drama mesmo, lá na casa da Hanna tinha comida, mas eu queria repor umas coisas que usei. - Me leva lá, depois eu lido com quem deu a ordem. Eu já sei bem quem foi.

- Olha tu não vai me prejudicar não, dona. Bora lá. - eu subi e ele deu partida indo pro mercado.

Ele estacionou e eu mandei ele embora, já tava dentro do complexo e tava perto da casa da Hanna.

Entrei no mercado, peguei tudo o que eu precisava, peguei algumas coisas pra Leninha, no total deram quatro sacolas que eu dava conta de levar pra casa.

Saí do mercado e andei pelo complexo. Eu não conhecia aqui direito, só sabia os caminhos que fazia diariamente. Mas eu conhecia um beco que ia deixar o caminho mais curto.

Fiz o caminho na minha mente, segurei firme as sacolas e passei pelo beco. Tudo a minha volta parou quando eu senti uma mão no meu braço, me puxando pra um outro caminho e me colocando contra a parede.

Prendi a respiração e fechei os olhos com força, sentindo minhas costas reclamarem.

VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora