Valéria Dantas.
- Oi, Russo. - eu atendi o telefone depois de um tempo.
Com uma arma apontada pra minha cabeça, um homem na porta do quarto da minha filha e Fogo me encarando, sentado do meu lado. Ele fez sinal pra que eu colocasse no viva voz e eu o fiz.
- Porra preta, tu ta aonde? - ouvir a voz dele aqui era uma facada. Mas mantive minha voz firme pra ele não desconfiar.
- Eu tô bem, vou voltar quando a poeira abaixar!
- Que poeira? Já baixou, volta pra cá caralho, me diz onde tu tá que eu te busco. - ele falou meio irritado e eu olhei pra Fogo que me olhava negando com a cabeça.
- Eu vou voltar quando puder, mas agora não posso. De verdade! - me lembrei da conversa de alguns meses atrás. Era uma opção, eu só precisava que Russo lembrasse também, e entendesse o que tá acontecendo.
- Beleza pô. Ta precisando de alguma coisa?
- Não, tá tudo bem. Milena tá indo bem na escola nova, tá se adaptando. A gente tá com saudade, mas em breve a gente se vê. - falei devagar pra que ele entendesse o meu recado.
A linha ficou em silêncio por alguns segundos, ouvi sua respiração mudar, mas com certeza era algo que só eu percebia, somente eu notava isso nele.
- Fico feliz, pô. Qualquer coisa é só me ligar, qualquer coisa mesmo. Vamo esperar a poeira baixar então. - ele falou e parte de mim queria acreditar que ele tinha entendido, a outra parte sabia que talvez ele nem se lembrava.
Desliguei a chamada com os três me olhando como se eu fosse um bicho de sete cabeças.
- Vocês vão fazer o que? Eu não entreguei, eu não vou entregar!
- É só um aviso, filha da puta. - TH falou e eu passei minhas mãos nos cabelos.
- Eu não sei o que vocês querem de mim, eu já me afastei, já fiz o que vocês queriam.
- Bloqueia ele. Apaga o número e bloqueia. - ele apontou pro celular.
Eu fiz. Na frente dele apaguei tudo, menos as conversas. Ia ficar salvo e eu ia mandar outra mensagem mais tarde, assim que eles saíssem.
Precisava ver Russo, mas não queria colocar minha filha em mais risco.
(...)
Paulo Henrique.
Eu entendi aquele caralho.
Meu peito ficou apertado, Val tava em perigo.
Lembrei da nossa conversa lá atrás, onde eu tinha falado pra ela dizer sobre Lena. Minha primeira reação foi estranhar, geralmente ela não fala da Lena pra mim, ela não comenta muito sobre a própria vida.
Eu tava de mãos atadas, sem saber o que fazer.
Fiquei ali parado, pensando em mil coisas ao mesmo tempo, quinze minutos se passaram e eu não tinha arrumado nada pra resolver isso.
Meu celular apitou, e eu quase ignorei, mas corri pra ler a mensagem de Valéria.
"Me encontra na praça quinze, eu preciso te contar algo, vem acompanhado, não sai sozinho do complexo"
"Eu nunca achei que falaria isso, mas vem armado, por favor"
Mandei logo um áudio pra K2 e pra Rato. Eu sabia que poderia contar com eles, confiava em ninguém, mas precisava de ajuda.
- Cola aqui na boca, jogo bala. - mandei rápido e fiquei olhando a conversa com Valéria. O whatsapp aberto na conversa, rolei as mensagens, tinham semanas que a gente não conversava, essa foi a primeira conversa.
Passo alguns dias longe e quando chego tá tudo uma loucura.
Preciso da minha preta, só isso que eu sei!
Minha porta abriu e os dois entraram, com a cara amassada.
- Porra mal chegaram e já tavam dormindo?
- Claro, caralho. Tô duas semanas sem dormir direito. - K2 falou meio irritado e eu olhei de cara feia. - Foi mal pô, mas é verdade.
- Tem um monte de coisa errada acontecendo, quero que vocês me ajudem.
- Diz aí! - Rato falou.
- A primeira coisa é Fogo que se juntou com TH, ele era teu amigo né? - questionei Rato e ele assentiu estranhando. - Pois é, ele tá no meio, tão fazendo alguma merda.
- Puta que pariu. - ele falou surpreso.
- E outra coisa é Valéria, tá pedindo pra encontrar ela em publico, não ir sozinho. Liguei mais cedo e ela falou uns negócios estranhos, tá acontecendo alguma coisa.
- Bora então. - K2 se prontificou.
- Eu dirijo. - Rato pegou a chave do carro e a gente saiu em direção onde tava o civic dele.
A gente saiu apressado, mas armados até os dentes. Rato dirigia rápido e eu só conseguia pensar no que tava acontecendo. Minha cabeça armava um milhão de teorias.
Era estranho não ter minha pretinha por perto. Era mais estranho ainda tudo o que tava acontecendo.
Foi uma viagem longa, pra bem longe. Praça quinze não era pertinho do complexo.
Chegamos por lá e meus olhos bateram na bonitona sentada em um dos bancos, as pernas balançavam em sinal de ansiedade, ela olhava pra todos os lados, atenta a tudo e todos.
- Fiquem aqui, eu vou lá.
Saí do carro e eles concordaram, andei apressado e ela me olhou com um olhar pesado. Não entendi legal.
- Oi, preta! - falei me aproximando e sentando do lado dela.
- Oi, Russo. - ela falou e deu um sorriso nervoso.
- O que queria me falar? - eu questionei e ela respirou fundo. - Porque eu tinha que vim acompanhado e porque tem que ser ao ar livre?
- Eu não queria que fosse em ambiente fechado, eu tô muito tempo em casa.
- Cadê Lena? - eu perguntei olhando ao redor.
- Ali brincando com os pombos. - apontou pra uma direção perto de nós. - Eu não quero desgrudar dela.
- Me explica o que tá acontecendo, Valéria.
- Eu fui na boca esses dias. Ouvi sem querer uma conversa entre TH, Fogo e Muralha, foi no dia seguinte de vocês terem viajado.
- Duas semanas atrás? E aí? O que eles disseram?
- Eu ouvi eles falando sobre... querer você morto e também tinha alguma coisa a ver com a Rocinha. Eu achei importante que você soubesse.
- E aquilo na ligação? O que tá rolando?
- Eles descobriram que eu ouvi, agora me ameaçam, ameaçam Milena e Hanna. Por isso eu saí do complexo, eu precisava manter as duas a salvo.
- Teu problema é que tu quer segurar o mundo com as duas mãos. - passei a mão pelos seus cabelos soltos. Os cachos definidos e sempre cheirosos.
- Eu só quero manter vocês seguros. - ela falou e eu soltei uma risada sarcástica.
- Eu sou minha própria segurança, porra. Te preocupa comigo não. Bora voltar pro complexo, eu cuido de ti e da Lena, lá eu garanto a segurança das duas. - beijei seu ombro.
- Russo... - ela choraminhou. - Eu não posso voltar. E você não pode deixar que saibam que eu te contei tudo isso.
- Que mulher complicada que eu fui arrumar.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...