Paulo Henrique.
Eu resolvi que iria buscar Valéria, no carro do K2. Eu ia esperar ela na casa dela quando chegasse, mas resolvi que iria lá.
K2 me deu as coordenadas e garantiu que o caminho era tranquilo, sem polícia na rua.
Liguei o carro blindado dele e saí do complexo com adrenalina na veia.
Eu dirigi na velocidade certa pra não chamar atenção e estacionei bem na frente do condomínio. Era um prédio de luxo, só dava pra ver engomadinho entrando.
Mas aí eu vi ela saindo de lá de dentro, a minha atenção foi toda nela. Porra de mulher bonita e gostosa, impossível não reparar no corpo dela que eu já conhecia de todos os ângulos e as coxas grandes que eu adorava apertar.
Ela avistou o carro e abriu a porta de trás, colocando a bolsa no banco, sem me olhar e sem falar nada e depois sentou na frente.
Só então ela reparou em mim, e deu um sorriso forçado, beijei sua boca e ela fez um carinho na minha perna.
- Gostou da surpresa, preta? - ela se remexeu desconfortável e eu franzi logo a cara.
- Gostei. - falou simples e eu estranhei logo. Que porra.
- Qual foi? - eu perguntei e ela deu de ombros.
- Nada não. É perigoso você ficar aqui, vamos logo. - ela falou olhando tudo ao redor e colocou o cinto de segurança.
Ela nem tava me olhando. Eu não tava entendendo legal não. Queria explicações.
Mas não iria insistir não. Se não quer falar então não vai falar.
Dei partida no carro e entrei no morro tranquilo, estacionei bem na porta dela e desci na intenção de entrar com ela.
Ouvi a porta do carro batendo e ela pegou a chave pra abrir a porta, ao invés de abrir logo, ela virou e me encarou.
- Desculpa, Russo. Mas preciso ficar esse tempo sozinha, foi cansativo e eu preciso pelo menos descansar. - ela falou sem me olhar no olho.
Essa não é a Valéria que eu conheço, a que me enfrenta mesmo sabendo que eu posso meter bala, a que não abaixa a cabeça pra ninguém, a que se protege acima de qualquer coisa.
- Porra, eu tô preocupado. Tá bem mesmo? Tu tá calada, toda estranha. - eu questionei e ela só assentiu.
Ela queria um tempo. Beleza!
Eu não sou tão filho da puta de forçar ela a falar. Poderia, mas não vou.
- Beleza, vou indo. Qualquer coisa me liga. - ela cruzou os braços e ficou por isso. Eu dei as costas e fui devolver o carro na boca.
Fiquei pensativo o dia todo nessa porra, pensando no que deve ter acontecido lá no trabalho novo dela, cheguei a conclusão de que deve ser cansaço mesmo. E forcei minha mente pra esquecer isso.
Anoiteceu e eu fiquei pela boca mesmo, os caras foram embora mas eu fiquei ali mexendo no celular.
Eu tava cansado, passei a noite em claro e ainda nem dormi. Mas a minha mente não queria parar por nada, eu deveria esquecer, esse era o plano.
Olhei no relógio vendo que tava cedo ainda, ia dar onze horas. Mas pra quem tava mais de vinte e quatro horas acordado, esse era o horário perfeito pra apagar.
E foi isso que eu fiz. Me ajeitei ali mesmo e fechei o olho pra dormir.
(...)
Acordei no meio da noite, parecia que nem tinha dormido. Mas eu sabia que tava fodido demais.Eu mesmo me meti nessa furada de dormir com a Valéria, agora não conseguia dormir bem quando tava longe. Era uma merda.
Puxei o celular e vi se tinha alguma mensagem importante mas não tinha. Eu sentei no colchão que tinha ali e respirei passando a mão no rosto.
Decidi que ia até a casa dela. Foda-se que ela não tava bem, eu só ia dormir, nem precisava bater papo.
Peguei minha chave e fui pra lá, abri a porta e tava tudo escuro, tudo em silêncio. Com certeza a essa hora ela já tava dormindo.
Eu tirei a camisa, coloquei no ombro e abri devagar a porta do quarto. Ela tava lá deitada, a respiração pesada provava que realmente tava apagada.
Eu coloquei a camisa na cômoda, junto da arma, tirei a bermuda e fiquei só com a cueca box.
Deitei do lado dela, trouxe seu corpo pra perto devagar e ela só deu uma respirada funda.
Coloquei meu rosto perto dos seus cabelos e senti o cheiro do seu shampoo, me deixava vidrado.
- Demorou hoje. - ouvi a voz dela baixinha e rouca.
- Tava me esperando, baixinha? - eu perguntei e ela deu um meio riso.
- Te esperando não, mas nem me assusto mais quando você chega no meio da noite. - falou e eu encostei o queixo no vão do seu pescoço.
- Tá bem? - ela concordou com a cabeça. - Se quiser conversar, tô aqui. - falei e virei pra dormir, fechei os olhos esperando o sono vir de novo.
- Eles são racistas. Falaram da minha pele. - ela falou baixo e eu abri os olhos de novo pra escutar bem.
- Quem? Quem foi que falou de ti? - perguntei rápido.
- Os meus chefes. - ela disse parecendo triste. - Falaram da minha pele, a dona da casa ficou a manhã inteira andando atrás de mim pela casa.
- Porra. Que merda! Não precisa trabalhar lá não, a gente dá um jeito. - eu falei. - Tu vai ficar lá ouvindo cada vez mais comentários dessa merda.
- Mas eu tenho que trabalhar. - ela falou. - Só faltam mais três semanas, e então não vou ter mais o dinheiro que vem de você. Eu na verdade nem quero mais receber por isso.
- Não quer? - perguntei confuso.
- Não faz mais sentido pra mim. - ela me deixou mais confuso.
- A gente dá um jeito, não volta pra lá não. - eu falei e ela suspirou virando de frente pra mim. - Tu é uma preta gata, gostosa, talentosa, muito superior a qualquer racista de merda que tá atazanando teu juízo. - beijei sua boca num selinho e ela concordou com a cabeça.
- Eu vou dar um jeito. - ela concordou.
- Me diz qual é o apartamento que eu vou colocar fogo nesse caralho. - eu falei e ela gargalhou.
- Você é maluco. - ela me abraçou e ficou ali.
Eu fechei o olho e finalmente consegui dormir bem.
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VISITA INTIMA - Além do Sexo [CONCLUÍDA]
RomanceQuando não se tem opção, você acaba tomando decisões que podem mudar a sua vida. Foi assim com Valéria ao aceitar fazer visitas íntimas a um homem temido no Rio de Janeiro. Russo era conhecido no mundo do crime pelos olhos azuis intensos e por não...