Lucas
Vou para o barco de resgate e logo percebo uma pequena agitação que acabou chamando a minha atenção.- O que foi?- pergunto me aproximando.Policial socorrista feminina - Ela levou um tiro de raspão.- respondo sem olhar para ele, já que estou atendendo ela.
Lucas - Deixa comigo.- ajoelho na frente dela interrompendo a colega socorrista.- Cadê o kit de primeiros socorros?
Policial - Só tenho esparadrapos aqui comigo, o kit maior acabou ficando na costa.
Lucas
Tento falar com ela, mas ela parece estar em choque, não responde nada e seu olhar é vago e vazio.- Você está bem? Fala comigo.- ela não diz nada. Como não vi esse ferimento antes?- me questiono já tirando o colete a prova de balas e a camiseta que rasguei para usar um pedaço como faixa e comprimir o local. Fiquei pressionando o local até o sangramento diminuir. Vesti somente o colete.Policial - Ela parece estar em choque, embora o ferimento tenha sido superficial...- ele concorda com a cabeça sem tirar os olhos dela.- Sabe ao menos como ela se chama? Preciso tentar encontrar algum familiar logo que chegarmos à costa.
Lucas - Amara Gomez.- ela me olha.- Está sentindo alguma coisa? Sente dor em mais algum lugar?
Amara - Zoe...- falo sussurrando, tentando não soltar todo o desespero da imagem do corpo dela naquele quarto.
Lucas - Eu sinto muito.- ela chora silenciosamente, mas chora muito. Tiro o meu escapulário e coloco nas mãos dela. Um pequeno gesto de empatia é tudo o que eu posso oferecer nesse momento tão difícil para ela.
Amara
Ele tentou conversar, mas acho que compreendeu que eu precisava ficar um pouco sozinha, então foi para perto dos outros soldados. Algumas meninas conversavam entre si, mas eu só queria continuar chorando quieta no meu canto. O meu braço parou de sangrar, mas estava bastante dolorido, coloquei a mão no meu cotovelo dando apoio e diminuindo um pouco a pressão na tentativa de diminuir a dor.
Já era de manhã quando chegamos em terra firme, nos ajudaram a descer do barco e senti um calafrio quando no outro barco muitos soldados desceram levando parte da quadrilha presa.Lucas - Toma, bebe um pouco de água. Você não aceitou nada a madrugada toda.- falo entregando a garrafinha para ela.
Amara - Obrigada.- bebo alguns goles.
Lucas - Vamos?
Amara - Para onde?
Lucas - Tem uma ambulância esperando por vocês, eles irão dar uma olhada no seu ferimento.- ela estende a mão e a ajudo a levantar.
Amara
Assim como as outras meninas, fui encaminhada para atendimento médico. Já tinham cerca de três ambulâncias à nossa espera. Uma socorrista limpou o meu ferimento e fez um curativo novo.Socorrista - Prontinho, não vai nem precisar levar pontos.- ela sorriu fraco.- Está sentindo mais alguma coisa?- ela nega.- Bom...- falo retirando as luvas para trocar por outra.-... então pode esperar ali com as outras meninas.
Ela levanta e sai, mas poucos passos depois desmaia. Ouço gritos e saio para atendê-la, um colega e o soldado que a trouxe a colocam dentro da ambulância.Lucas - O que houve?- pergunto confuso.
Socorrista - Não entendo, os sinais vitais estão bons, o ferimento não é letal e ela disse que estava se sentindo bem. Não sei o que pode ter passado despercebido.- falo enquanto a examino novamente.
Lucas - Ela bateu a cabeça.- noto o ferimento na testa.
Socorrista - Provavelmente foi agora quando desmaiou.
Decidimos levá-la para o hospital, já que permanecia desacordada e para verificar melhor a batida na cabeça. O soldado a acompanhou, ele informou que ela passou por um momento de muito estresse e que ficou em estado de choque por um tempo. Essa informação ajudou muito, já que ela apresentava períodos de respiração e batimentos fora do ritmo normal.
...Dom - E aí?
Lucas - Oi! Nada ainda, estão examinando ela. Conseguiu descobrir o que te pedi?
Dom - Então, ela não tem família nos Estados Unidos, é órfã de mãe, não tem registro de pai nos documentos e parece que depois que a mãe morreu foi criada por uma tia.- ele me olha sério.- Parece que essa tia a tratava como uma empregada. Quando completou 21 anos, viajou sozinha para os Estados Unidos, saiu sem avisar ninguém, cortou contato total com essa tia e já tem mais ou menos uns 7 anos que ela vive assim, sozinha.
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Operação Catalunha
FanfictionLucas, experiente soldado das forças especiais dos EUA, muito focado em sua carreira, precisou deixar tudo, inclusive sua família para trás para mantê-los seguros, vê sua vida tomar uma reviravolta em uma angustiante operação. Amara perdeu sua mãe a...