Mais tarde...
Lucas - Desculpa!- me aproximo dele na copa enquanto pegava um café.- Eu não sei o que deu em mim. Eu sei que você não estava olhando pra ela "daquela" forma. Eu exagerei.
Dom - Cara, você está com ciúmes.- ele me olha torto e dou risada.
Lucas - Não dá pra falar sério com você.- retruco saindo.
Dom - Você está interessado nela?- pergunto seguindo ele.
Lucas - É claro que não!
Dom - Não?
Lucas - Não!
Dom - Então o que é isso?- mostro uma foto que tirei dele enquanto ele estava distraído olhando para ela.- Essa cara de cachorro sem dono?
Lucas - Impressão sua.
Dom - Então não dá nada se eu tentar pegar ela?- ele passa a mão no rosto e me olha muito sério, dou uma gargalhada.- Calma, eu tô só zoando. Cara, seria legal você arrumar alguém, uma namorada, sei lá.
Lucas - Você sabe que na nossa profissão construir família, ter amigos, namorada, qualquer coisa é muito perigoso. Eu não quero colocar ninguém em risco.
Dom - Então sai e fica com alguém, alguém que te interesse. Você precisa de sexo, tá com o humor pior que mulher na TPM.- ele nega com a cabeça e ri de canto.
Lucas - Já me arrependi de ter vindo conversar contigo.- ele ri.
Dom - Estamos de boa!- o desculpo.- Mas, se tu não for pegar ela me avisa que eu quero.- ele estava andando e voltou, sai correndo pelo outro lado.- Eu tô brincando.- os soldados que estavam perto riram. Mais tarde vi ele observando ela chegar em casa pelo monitoramento.- Procura ela.- ele me olha.- Pra conversar, fazer amizade. Você sabe que ela não tem ninguém, fazer amizades faz bem.- ele não diz nada, desliga o monitor e fomos embora em seguida.
Lucas
Pego o meu carro e penso no que Dom falou, de fato necessito passar um tempo com alguém. Talvez me faça bem.- penso.
Pego o celular e ligo, sou atendido quase que imediatamente. Convido uma velha conhecida para jantar e passamos a noite juntos, mas saio cedo, antes dela acordar. Não quero que crie expectativas. Fui para casa e dormi mais um pouco.
...Amara
Tive uma semana bastante difícil, não sei se é TPM ou se é a proximidade do meu aniversário que me deixou assim. Como sou órfã, as datas comemorativas me deixam muito reflexiva e para baixo. Tem sido muito triste ver as coisas acontecendo, os dias passando e me ver como uma pessoa solitária. Eu não escolhi isso.
É horrível pegar o telefone e ter mil coisas para contar para a Zoe e lembrar que ela não está mais aqui. Gostaria de falar das coisas boas, das coisas que estou conquistando, reclamar que estou cansada, que o dia foi puxado, das boas gorjetas, das reclamações dos clientes e das risadas que eles me tiram... Já perdi as contas de quantas mensagens mandei para ela pelo whatsapp, eu sei que ela não vai responder, mas isso me conforta, sinto que ela me ouve.
Na noite retrasada tive um pesadelo horrível, sonhei com a nossa primeira noite naquele pesadelo de cruzeiro, com aquele homem que me bateu tentando me estuprar e o soldado me salvando. Lembrei dele, ainda uso o escapulário que ele me deu na tentativa de me confortar. Achei que fosse uma boa ideia reencontrar com ele, conversar, fazer amizade, sei lá. Então ontem fui na delegacia de polícia que fica perto da cafeteria no centro da cidade, mas não puderam me ajudar muito, já que só sei apenas o primeiro nome dele. Mas lembraram do meu caso, já que saiu nos noticiários. Já em casa, lembrei dos cartões que ele deixou por aqui, em algum lugar para caso eu precisasse de ajuda. Liguei, mas infelizmente ninguém sabia nada sobre ele, nem o conheciam.
Nos dias seguintes procurei por vários números de quartéis e delegacias de várias regiões e comecei a ligar, mas cada tentativa foi inútil. Desisti.
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Operação Catalunha
FanfictionLucas, experiente soldado das forças especiais dos EUA, muito focado em sua carreira, precisou deixar tudo, inclusive sua família para trás para mantê-los seguros, vê sua vida tomar uma reviravolta em uma angustiante operação. Amara perdeu sua mãe a...