35

21 3 3
                                    

Alguns dias depois...

Dom - Ela está te procurando.- deixo uma lista com os telefonemas que ela deu, em cima do teclado do computador dele.

Lucas - Eu já sei!- respondo sem olhar para ele.

Dom - Só isso?- ele não responde.- Você respondeu ou tentou entrar em contato com ela?

Lucas - Não!

Dom - E por que não?

Lucas - Estou muito ocupado me preparando para a próxima missão.

Dom - Sério?- ele me olha.- Otário!- resmungo.

Lucas - Mesmo? E o que você me sugere?- pergunto ironicamente e ele senta me olhando torto.- Você viu o tamanho do dossiê que temos que ler, analisar para depois sair pra campo? Eu não tenho tempo pra ficar perdendo por aí.

Dom - Sugiro que você viva, não só para o trabalho, mas que aproveite a vida.- ele vira e volta a ler o relatório.

Lucas
Ainda naquela mesma semana, soube que ela tentou me localizar novamente. Depois das conversas com o Dom, tentei observar ela menos pelo sistema de monitoramento.
...

Amara
Termino o meu expediente e passo no mercado antes de ir para casa, chego em casa e largo a bolsa em cima da poltrona e as sacolas em cima da mesa. Guardo o que preciso na geladeira e as demais coisas no armário. Deixando sob a mesa apenas o bolo de aniversário que ganhei dos meus colegas de trabalho e um vinho que comprei. Sento, abro a embalagem do bolo e me entristeço imediatamente ao perceber que embora eu esteja bem, viva e com saúde, não tenho motivo nenhum para comemorar. Não tenho minha mãe aqui comigo, não tenho mais a Zoe e não tenho família... Mesmo assim, reservo as poucas energias que esse momento de reflexão me trouxe e agradeço a Deus por mais um ano de vida. Acendo a vela e peço para Deus que algo de bom aconteça na minha vida nos próximos dias, ou meses, ou talvez anos, mas torcendo para que não demore tantos anos... Permaneço assim, com as mãos unidas, segurando o escapulário como se estivesse em oração, e estava, pedindo, implorando em um replay que coisas boas aconteçam a partir de hoje na minha vida. Assopro a vela, a tiro de cima do pequeno bolo e fecho a embalagem novamente. Definitivamente não tenho nada pra comemorar, e assim que terminei de fechar o bolo, ouvi o toque do interfone.- Pois não?

Entregador - Amara Gomez?

Amara - Sim.

Entregador - Tenho uma entrega para a senhora.

Amara - Pra mim?- ele confirma.- Mas eu não pedi nada.

Entregador - A senhora pode vir buscar por favor? Preciso voltar para o meu trabalho, tenho outras entregas pra fazer.

Amara - Só um minuto, já vou descer.- desligo o interfone e saio, desço um lance de escadas e abro a porta que dá acesso a rua. Na escada, um jovem me aguarda com um pequeno buquê de tulipas rosas e brancas. Assino que recebi e olho o arranjo, procurando por algum bilhete, até que encontro um pequeno envelope com um bilhete curto, escrito em uma folha de agenda dentro dele.

 Assino que recebi e olho o arranjo, procurando por algum bilhete, até que encontro um pequeno envelope com um bilhete curto, escrito em uma folha de agenda dentro dele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


No primeiro instante o meu coração deu uma leve acelerada, mas quando ele pediu para não procurar mais por ele, confesso que fiquei decepcionada.
Desço até a calçada e olho para os lados.- Será que ele está por perto? Como sabe que hoje é o meu aniversário?- penso. Chateada, volto para dentro e coloco o arranjo em um vaso ao lado do bolo. Fico olhando para aquele bilhete por um bom tempo.- Preciso muito relaxar.- falo pra mim mesmo. Coloco a banheira pra encher, sirvo uma taça de vinho quase até transbordar e bebo a metade, praticamente em dois ou três goles, completando a taça até quase transbordar novamente. Ligo o meu Spotify e coloco no modo aleatório, a primeira música que começa a tocar é:


Suspiro algumas vezes antes de esvaziar a taça e encher novamente, tiro a roupa e entro na banheira, mergulho. Aproveito que estou inteira molhada e choro, choro muito.- Desculpa Deus, eu sei que deveria ser grata pelo que tenho, mas ultimamente eu só consigo pensar no que não tenho e no que perdi. Choro na banheira, abraçada nos meus joelhos. Água, música, lágrimas e vinho tinto, tudo o que eu preciso nesse momento.

Operação Catalunha Onde histórias criam vida. Descubra agora