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Amara - Você já teve alguma resposta sobre o julgamento da sua suspensão?- pergunto deitada sobre o seu peito.

Lucas - Sim, fui absolvido.

Amara - Nem me disse nada.- levanto a cabeça e apoio o queixo sobre o seu peito.

Lucas - Era importante pra você saber?

Amara - Sim, você foi suspenso por minha causa.

Lucas - Não foi por sua causa, foi por uma série de atos impensados e atitudes inapropriadas.- ela levanta da cama e sai do quarto. Fico sem entender, mas ela demora a voltar.

Amara
Desço e sento em uma cadeira no quintal, fico olhando o reflexo da lua no mar e tentando entender a fala dele.
Dom disse que ele agiu daquela forma por minha causa, porque estava apaixonado e às vezes realmente acho que ele sente algo por mim. Mas todas às vezes que entramos nesse assunto, pergunto algo relacionado a sentimentos ou a mim, ele faz questão de dizer que não é por mim, que é pela profissão ou dá respostas vagas.
Será que Dom estava enganado?
Será que o Lucas está fingindo?
Ou será que eu é que sou apaixonada e iludida?
Mas tem tanto carinho na forma que ele me trata.- lembro.- Não, não pode ser só sexo.- penso triste.

Lucas - Desculpa!- falo sentando na cadeira ao lado dela que me olha brevemente.

Amara - Pelo que?- pergunto um pouco ríspida.

Lucas - Acho que você ficou chateada com algo que eu disse, ou algo que eu não disse, sei lá.

Amara - Não!

Lucas - Não?- ela nega.- Então por que você saiu daquele jeito e veio aqui pra fora?

Amara - Eu gosto de ver o mar.

Lucas - De noite?

Amara - Sim, você já viu algo mais lindo do que o reflexo da lua no mar?- ele olha para o mar e depois pra mim.

Lucas - Já!- falo olhando para ela, mas acho que ela não entendeu a intenção da minha resposta.

Amara - Pois é!- ele ri.

Lucas - Tá tudo bem mesmo?

Amara - Sim!- respondo sem olhar para ele, não quero que os meus olhos me denunciem.

Lucas - Vamos entrar, já está tarde.- levanto e estendo a mão para ela que levanta.

Amara - Você lembra da nossa primeira vez?- ele solta a minha mão ficando de frente pra mim e me olha.

Lucas - Lembro.

Amara - Naquele dia...- olho fixamente para ele.- Eu perguntei o que mais você sentia em relação a mim, você disse que não entendeu, ou tentou me enrolar e no fim não respondeu. Eu quero saber o que você sente. Você gosta de mim?- ele respira fundo, mas sua fisionomia permanece a mesma.

Lucas - Eu não sei responder a sua pergunta.

Amara - Por que não? É uma pergunta simples e a gente já está dormindo juntos há um pouco mais de um mês...

Lucas - Eu não preciso ter nenhum sentimento pra dormir com alguém.

Amara
Depois de alguns segundos em silêncio processando a resposta seca dele, eu sinceramente me questiono se deveria ter feito essa pergunta.

Lucas - Olha, eu não sou bom no que se diz respeito a perguntas relacionadas a sentimentos...- tento consertar o que disse.

Amara - Eu acho que você é ótimo, suas respostas são sempre objetivas, diretas, secas ou nulas.- passo por ele para entrar em casa, mas ele segura a minha mão.

Lucas - Eu não sei o que você quer que eu diga.- ela me olha, seu olhar é triste e é óbvio que me sinto culpado.

Amara - Nada, não quero que você diga nada.- viro novamente, mas ele segura minha mão de novo.

Lucas - Eu não te entendo. Me diz o que você quer.- peço.

Amara - Eu quero que... Eu quero que você me solte.- ele solta a minha mão, subo para o meu quarto e tranco a porta.
Sento no banco da janela e continuo olhando o mar, mas dessa vez choro. Eu queria sim que ele me amasse, e queria muito ter dito isso, mas seria inútil já que ele mesmo admitiu que é só sexo. Em meio às lágrimas ouço barulhos que não consigo identificar, mas minha cabeça está um turbilhão e nem consigo pensar direito.

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