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Amara - E o Lucas?

Dom - Ele precisou ir pra casa tomar um banho e dar uma descansada, mais tarde ele volta.- ela olha para a tv.- Posso ligar pra ele e avisar que você acordou, e...

Amara - Não precisa, eu só queria saber se ele está bem. Foram tantos tiros e eu estava tão apavorada que não consigo lembrar de como ele ficou.

Dom - Não se preocupe, o Lucas é mais forte que o homem de ferro.- ela riu.

Amara - Ele não ficou machucado, né?

Dom - Não, ele está bem.- ela pareceu aliviada.
Por volta das 15h trouxeram café da tarde, mas ela não quis nada.

Amara - Quando eu vou poder ir pra casa?

Dom - Eu não sei bem, foi o Lucas que falou com o médico que te atendeu. Mas eu acho que você não vai mais voltar pro apartamento.

Amara - Por que? Eu fiz alguma coisa errada?

Dom - Não. Na verdade, como aquele homem invadiu o apartamento atrás de você, lá já não é um lugar seguro.

Amara - E o meu emprego?

Dom - Precisei mandar uma mensagem do seu celular, pedindo demissão.- ela me olha triste.- Desculpa, mas foi necessário, eles sabem onde você trabalha. Não são mais lugares seguros para você.

Amara - Eu vou pra onde agora?

Dom - Bom, nós trabalhamos em associação com redes sociais de apoio à vítimas de violência e testemunhas de crimes.- ela me olha sem entender.- Esses lugares são seguros e funcionam como esconderijos, até as pessoas que estão lá serem enviadas para lugares longe dos seus agressores...

Amara - Você já sabe para onde eu vou?

Dom - Alguém responsável lá do batalhão vai mandar o endereço logo.- ela olha para as mãos e mexe nos dedos.

Amara - Mas eu não posso viver em um abrigo, eu preciso voltar a trabalhar para me manter e...- paro para pensar na loucura que se tornou a minha vida.

Dom - Esses abrigos são provisórios, provavelmente você irá receber uma identidade nova e será encaminhada para outro estado ou país distante daqui, para sua segurança.

Amara - Outro país?- falo um pouco assustada.

Dom - Isso te incomoda?

Amara - Eu não sei, acho que só não quero voltar para o México.

Dom - Tudo bem!- a tranquilizo.
Ela ficou quieta por uns instantes, talvez estivesse processando esse monte de informações, depois deitou e permaneceu em silêncio. No início da noite o Lucas chega, conversamos um pouco, me despeço deles e saio.

Lucas - Você está bem?- ela concorda com a cabeça.- Passei no seu apartamento e trouxe algumas roupas e itens de higiene. Pensei que talvez você fosse precisar.

Amara - Obrigada! Você está bem?- ele concorda.

Lucas - Você quer alguma coisa?

Amara - Eu quero tomar um banho, mas não sei se posso sair daqui com esse soro no braço.- ele chamou a enfermeira, ela conseguiu autorização de um médico que estava de plantão e tirou o soro do meu braço. Tomei um banho e coloquei o meu pijama que o Lucas trouxe. Volto para o quarto e o jantar já estava lá, mas eu não tenho vontade de comer nada, deito e fico assistindo tv, enquanto o Lucas sai para buscar um café para ele.
A enfermeira voltou e colocou a bandeja com o jantar no meu colo, saindo em seguida.

Lucas - Sabe que se você não comer, pode ficar doente, não sabe? E aí sim que eles não vão te dar alta.

Amara - Não estou com fome...- olho para ele.

Lucas - Dom disse que você não comeu nada o dia todo.

Amara - Que bocudo!- resmungo e ele ri de canto.

Lucas - Precisa comer um pouco.- ela me olha e me aproximo sentando na beira da cama.- Vou precisar te dar comida na boca, como criança?- pego o garfo e tento dar para ela, mas ela não aceita e me entrega a bandeja.- Não vai mesmo comer nada?

Amara - Não.- deito de lado e fico olhando tv, sinto quando ele levanta da cama. Os meus olhos ficam pesados e acabo dormindo.

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