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Amara
Nos levam para um lugar frio, úmido e pouco iluminado. Elise se afasta e acende a única luz fluorescente que ilumina aquele espaço horrível. Podemos ver algumas jaulas, quatro para ser mais exata e algumas delas já estavam ocupadas por mais cinco meninas.- Mas o que é isso?- questiono.

Elise - O quarto de vocês por alguns dias. Prendam-nas.- ordeno e elas gritam, algumas se desesperam e se debatem.

Amara - Me solta!- grito quando um dos guardas tentam me levar para dentro daquela jaula. Me debato e acabo acertando uma joelhada nele, mas o tal General Travis estava por perto e me acertou com a arma na cabeça, me deixando um pouco tonta. Ele me levantou do chão pelos cabelos, mesmo ainda tonta, tento me soltar e fico batendo nele, mas ele é muito mais forte e me bate. Ele me bateu tanto que não consegui levantar do chão, sendo arrastada para dentro da jaula por ele pelos cabelos.

Elise - Chega de escândalos, ninguém vai ouvir vocês daqui. Sugiro que fiquem calmas, vai ser melhor para vocês. Revistem todas e peguem os celulares.

Zoe - O que é isso? O que vocês querem de nós?

Elise - Queremos o melhor para vocês, mas vocês precisam colaborar. Acreditem, vocês são nossos bens mais preciosos, mas se não colaborarem, não irei pensar duas vezes em deixá-las sem água e sem comida.- saio dali e apago a luz.

Amara
Eu estava dolorida e machucada, chorei ainda sem entender ou acreditar no que estava acontecendo. Sentei encolhida no chão daquela cela, abraçando os meus joelhos e debruçando a minha cabeça sobre os meus braços. Eles nos jogaram nessas celas de três em três, como se fôssemos animais e ainda fiquei separada da Zoe.
As celas estavam vazias, não tinham camas, nem colchões ou cadeiras, tinham uma privada, uma pia e um rolo de papel higiênico, as condições de higiene eram péssimas. Tenho certeza absoluta que vi alguns ratos e baratas durante essa madrugada que pareceu ser a mais longa da minha vida. Na manhã seguinte, ainda sob a escuridão total, vimos apenas luzes de lanternas, acredito que eram os guardas daquele inferno fazendo uma espécie de ronda. Nesse dia não nos deram água e nem comida.
A minha cabeça doía muito, partes do meu corpo também, algumas meninas choravam, assim como eu e outras cochichavam, teorizando sobre coisas que poderiam acontecer com a gente.

Zoe - Amara?- a chamo.- Onde você está?

Amara
Me aproximo da grade para tentar vê-la, mas não consigo.- Estou aqui!- coloco uma das mãos para fora, entre as grades, mas está tão escuro que não conseguimos ver uma à outra.

Zoe - Você está bem?

Amara - Não!

Zoe
Ela chora, assim como outras meninas. Me sinto culpada por ter incentivado ela a vir e impotente por não estar ao lado dela para abraçá-la.

Amara - Você está bem? Eles te machucaram?

Zoe - Não, não me machucaram.
No outro dia ficamos esperando alguém aparecer, mas só vieram os guardas com suas lanternas fazer a ronda. Novamente, não nos alimentaram.

Amara
Eu estava tão fraca, com muita sede, fome, frio e dolorida, quando vi as luzes das lanternas novamente. O guarda abriu a cela e se aproximou, me arrepiei inteira e me encolhi de medo.

Lucas - Vocês estão bem?

Menina 1 - Estamos com muita sede e fome.- ele tira da mochila uma garrafa de água e três maçãs e nos oferece. A sede e a fome eram tantas que não pensamos duas vezes em aceitar.

Lucas - Come.- ela se afasta mais e fica encolhida, pego o canivete e corto um pedaço da maçã, comendo para ela entender que não tem perigo em aceitar.- Pode pegar.- ela aceita e come me olhando assustada, depois aceitou a água também.

Dom - Elas não comem nada desde que chegaram aqui.

Lucas - Já percebi.

Dom - Dei as maçãs e umas bolachas que guardei do lanche.

Lucas - Eu só tinha maçãs.- falo saindo e fechando a cela.- Todas comeram um pouco pelo menos?- pergunto um pouco preocupado.

Dom - Sim, mas não sei se foi o suficiente, pouca água também...- ele olha ao redor.- Ninguém pode saber que demos algo para vocês. Ok?- elas entenderam, finalizamos a ronda e voltamos para os nossos postos.

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