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Amara
Dom me acordou assim que chegamos, fui direto tomar um banho, estava cansada e vesti apenas um shortinho e camiseta. Quando desci, Dom estava comendo um sanduíche sozinho.- Cadê o Lucas?

Dom - Adivinha? Foi descarregar o estresse na academia.- ela ri.

Amara - Não sei como não cansa...- Dom ri.

Dom - Tá com fome?- ela concorda e não demorou muito para fazer um sanduíche e se juntar a mim na mesa.

Amara - Agora me conta.- ele me olha.

Dom - Contar o que?

Amara - Eu estava um pouco sonolenta, mas eu ouvi aquilo no carro.- ele ri de canto.- Ele foi suspenso por minha causa?

Dom - Na verdade ele foi suspenso porque é burro.

Amara - Não estou entendendo nada.

Dom - Quando o sujeito solicitou trocar você por ele, ele não hesitou. Saiu sem autorização de um superior, sem reforços, tomou decisões importantes sozinho e isso configura desertar.

Amara - Mas ele me salvou. Deu tudo certo, não deu? Por que suspender ele por causa disso?

Dom - Não foi só por causa disso, tem alguns detalhes...

Amara - O que mais então?

Dom - Somos soldados da elite especial, extremamente bem treinados, inclusive para separar o profissional do pessoal.

Amara - Mas ele fez o trabalho dele, foi profissional, não foi?!- falo sem compreender a explicação de Dom.

Dom - Somos treinados para acertar um alvo com um único disparo.- ela me olha.- Único e certeiro. Lucas é o melhor soldado de elite do batalhão, ele nunca errou, mas ele descarregou o revólver no cara que te levou.

Amara - Mas isso tem explicação. Ele pode ter ficado nervoso, eu estava muito nervosa também, sei lá...

Dom - O Lucas nervoso? Ele está... Ah, deixa pra lá.

Amara - Não deixo não! Eu quero saber.

Dom - Não é ético.

Amara - Então me conta a sua versão, longe de suspensão, de ética e do que os outros acham.- peço.

Dom - A minha versão é menos ética ainda.- respondo rindo de nervoso.

Amara - Por favor.

Dom - Ele acertou o cara de primeira, foi certeiro e não tinha o porquê descarregar a arma em um morto. Certo?- ela me olha.- A não ser que o morto quando ainda estava vivo, tivesse ameaçado, colocado em risco ou o que é o mais provável, tocado na garota que ele gosta.

Amara - Ele gosta de mim?- pergunto sussurrado, ainda sem acreditar no que acabo de ouvir.

Dom - Você pediu a minha versão. Eu conheço o Lucas há mais de oito anos, já vimos coisas horríveis e eu mais do que ninguém sei que ele não suporta nenhum tipo de violência contra crianças e mulheres, mas ele nunca agiu assim no impulso. Ele matou dois caras que tentaram tocar em você, primeiro o general que ele jogou no mar lá no navio, e agora esse que virou peneira de tanto buraco.- ela parece um pouco confusa.- Se você disser que te contei essas coisas, ele me mata.- ela me olha.

Amara - Não vou dizer nada.

Dom - Bom, preciso voltar. Trabalho amanhã de manhã.

Amara - Mas já está de noite. Não vai dormir aqui?- o Lucas chega nesse momento e entra na cozinha para beber água.

Dom - Melhor não. Se eu ficar vou ter que sair muito cedo amanhã e vai ser cansativo depois.

Lucas - Também prefiro que ele fique, mas ele curte dirigir a noite.

Dom - Eu curto mesmo. Vou aproveitar pra bisbilhotar alguma coisa sobre a audiência.- falo pegando a minha mochila.- Se descobrir alguma coisa te falo.- nos despedimos. O Lucas me emprestou um dos carros dele.- Espero te ver em breve.- me aproximo pra me despedir dela que me abraça.

Lucas - Vou subir e tomar um banho.- falo logo que Dom sai.- Você já comeu?- ela me olha.- Amara?

Amara - Hã?

Lucas - Você já comeu alguma coisa?

Amara - Sim...

Lucas - Tá, daqui a pouco eu desço.

Amara
Ele sobe e o meu pensamento está nas coisas que o Dom disse. Mas e se ele estiver enganado? Se Lucas somente estivesse exercendo o seu papel de soldado e tivesse de fato tido um surto nervoso. O que explicaria o fato dele ter atirado tantas vezes naquele homem... E o general, bom, ele não teve escolha. Se não tivesse feito aquilo, seria descoberto já que ele estava trabalhando disfarçado.- penso em todas as possibilidades.
Fico em um misto de emoções, quero ir lá e falar com ele. Mas se tudo for um grande equívoco, eu posso estragar tudo.
Ando de um lado para o outro na sala, dessa vez nem a imagem do mar me acalma. A única coisa que consigo pensar é na sensação das mãos dele em mim, quando me ensinava a nadar, das poucas vezes que percebi o seu olhar, dele nervoso no carro por causa de algo que Dom disse, do quanto o meu coração acelera quando observo os seus detalhes... olhos, mãos, boca, sobrancelhas, cabelo, peito, tatuagens, tudo... Estou apaixonada?- fico ainda mais nervosa quando me dou conta.

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