O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 6: Cena do primeiro beijo.

Wyatt

Hazel tropeçou para perto de mim quando segurei seu braço, se afastando no automático e erguendo os olhos pra me encarar. Ela era muito mais baixa do que eu. Estava acostumado com isso, apesar de achar especificamente aquela diferença de altura entre nós adorável, porque Hazel precisava erguer muito o queixo se quisesse me encarar.

—Você passou no teste? —Questionei, ainda segurando o braço dela, porque ela não havia dado qualquer sinal de desconforto. Ele pareceu sincera quando disse que sentia muito por eu não ter conseguido, mesmo que eu ainda me lembrasse da sua língua doce falando mal de mim para a professora.

—Ainda não sei. Preciso esperar o resultado. —Hazel deu de ombros, parecendo um pouco distraída com o quão próximo nós dois estávamos. —Você ainda pode ajudar nos bastidores.

—Uma pena, porque eu passei o dia todo esperando pra ver você atuando em cima desse palco. —Afirmei, vendo os lábios de Hazel tremerem antes de ela rir e então soltar minha mão que segurava seu braço, dando um passo para trás com as bochechas coradas.

—Você costuma flertar com todas as garotas que conhece? —Questionou, erguendo a mão para colocar alguns fios de cabelo atrás da orelha, enquanto meu sorriso ficava maior, vendo que eu estava a deixando desestabilizada.

—Só com as que falam mal de mim. —Falei, tentando não rir quando ela ficou extremamente sem graça, me fazendo gostar de cada segundo daquele momento.

—Eu já pedi desculpas. —Sussurrou, mordendo o lábio quando eu tombei a cabeça de lado, passando a mão pelos meus cabelos.

—Ainda não sei se perdoo você. Sabe, você nem me conhecia e estava falando aquelas coisas. —Soltei um suspiro pesado, fingindo que aquilo realmente tinha me incomodado, enquanto a via me olhar com uma expressão desconfiada, como se soubesse o que eu estava fazendo. —Mas posso te dar uma segunda chance, se me deixar fazer isso com você.

—O que? —Hazel sorriu, erguendo o script da peça, enquanto dava alguns passos para longe de mim. —Você ouviu a professora. Sua chance já acabou.

—Não me importo. Quero fazer isso mesmo não valendo nada. Posso fazê-la mudar de ideia sobre mim. —Insisti, vendo-a engolir em seco, antes de abrir um sorriso e desviar os olhos.

—Posso fazê-lo desistir. —Retrucou, com um tom de voz baixo, e eu tombei a cabeça de lado, lançando a ela um sorriso nada sútil. Hazel umedeceu os lábios com a língua, estendendo os papéis pra mim. —Tudo bem, vamos ver se você tem talento pra isso.

—Posso escolher a cena? —Questionei, mordendo o lábios para não sorrir quando ela confirmou com a cabeça. Folheei os papéis até encontrar o que procurava, dando uma boa lida por cima. —Você precisa...

—Eu tenho tudo gravado. —Hazel falou, antes que eu terminasse, me fazendo erguer as sobrancelhas pra ela, sem evitar a surpresa. —Qual a parte?

—Ato dois. Cena do primeiro beijo.

Hazel estava andando de um lado para o outro, mas hesitou assim que me ouviu, me lançando um olhar tenso. Sorri pra ela, fingindo que não tinha feito tudo aquilo de caso pensando. Ela respirou fundo, ajeitando os cabelos atrás da orelha mais uma vez, antes de assentir e ficar de frente pra mim.

—Não consigo entender você. Também não sei como lidar com isso. —Ela gesticulou entre nós dois, erguendo os olhos pra me encarar. O rosto repleto de franqueza e medo. Era quase como se eu estivesse olhando para outra Hazel. —Você me procura e me enche de palavras bonitas. Você me olha como se precisasse de mim para respirar. Invade meus sonhos, mesmo quando quero mantê-lo longe.

—Acha que não penso em você com frequência? Acha que não sonho com você? —Me concentrei nas palavras daquele papel e as emoções que precisava demonstrar, dando alguns passos na direção de Hazel, como se tivesse abrindo meu coração pra ela. —Penso em você tando quanto respiro. As vezes, no meio do dia, desejo poder dormir para finalmente poder sonhar com você novamente, porque sei que você estará nos meus braços nesse momento.

—Pare de dizer essas coisas. —Suplicou, com os olhos ficando manejados, enquanto os lábios puxavam o ar com força, como se ela estivesse sem fôlego.

—Por que eu deveria? São a verdade. —Retruquei, me aproximando ainda mais dela, até estarmos quase respirando o mesmo ar. Hazel pareceu se assustar, dando um passo para trás. Mas levei minha mão até sua cintura e a mantive ali, junto comigo. —Essas palavras estão no meu coração, assim como você sempre esteve, desde o primeiro dia que a vi.

Ergui a mão e deslizei os dedos pela bochecha dela, observando-a engolir em seco e ficar completamente arrepiada. O peito subindo e descendo com força por conta da respiração forte, enquanto os olhos estavam pesados, perdidos no que quer que Hazel estivesse pensando naquele momento.

—Quero tanto que seja minha. Quero me casar com você. Quero rouba-la pra mim. —Inclinei meu rosto, até nossas respirações se misturarem, enquanto minha mão deslizava até a nuca dela. O calor se espalhando pelo meu corpo quando Hazel se segurou nos meus ombros. —Tudo que precisa fazer é dizer sim e eu a farei minha.

—Isso foi... —Hazel me empurrou pra longe quando fomos interrompidos, parecendo levar um susto. Nos viramos para a entrada, vendo a professora parada ali, com os olhos quase explodindo de animação. —Completamente perfeito! Vocês viram isso?

Havia outras três pessoas atrás dela, que eu não fazia ideia de quem eram, mas a professora os encarou animadíssima. Hazel ficou incrivelmente vermelha quando percebeu que ela não tinha sido a única a nos ver, enquanto eu não conseguir evitar o sorriso no meu rosto, porque tínhamos ido muito bem juntos.

—Wyatt, eu não fazia ideia de que você atuava tão bem. As emoções que você demonstrou foram tão reais. —A professora se aproximou de mim, parecendo não saber como agir, enquanto gesticulava entre eu e Hazel. —E a química entre vocês é maravilhosa. Fiquei sem ar vendo vocês dois juntos.

—Obrigada. —Falei, já que Hazel parecia ter ficado muda, o que era fofo. —Uma pena que eu tenha perdido o teste.

—Ah, isso não... —Ela parou, olhando pra mim e depois para Hazel, antes de olhar para as três pessoas na entrada. Dois homens e uma mulher, que nos observavam com interesse. —Esse é o Wyatt. Ele faz parte do time de basquete. Infelizmente ele chegou atrasado hoje porque estava no treino. Mas vocês se importariam de dar uma chance a ele? De considerá-lo como uma opção para a peça?

—Não vejo porque não poderíamos. —A mulher deu de ombros, soltando uma risada antes de apontar pra Hazel e eu. —Não vi nada tão bom quanto esses dois essa tarde.

Continua...