O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 57: É um prazer conhecê-lo.

Hazel

Fechei meus olhos, enquanto sentia Adam mexendo nos meus cabelos. Fiquei quietinha enquanto ele terminava as duas tranças, tomando cuidado para que as fitas azuis ficassem muito bem colocadas. Hannah tinha saído cedo pra aula e Caleb tinha treino. Mesmo eu repetindo que estava bem, Adam ficou ali, com a desculpa que não tinha nada pra fazer, mesmo que eu soubesse que ele tinha aula também.

—Terminei. —Afirmou, e eu abri os olhos, sorrindo ao encarar o espelho e ver como tinha ficado. —Precisa de mais alguma coisa?

—Sabe que eu consigo me mexer, não é? Eu não quebrei meu corpo inteiro, foi só um braço. —Sussurrei, e Adam soltou uma risada, torcendo os lábios como se essa não fosse uma boa piada, mesmo que ele tivesse rido. —Tinha ensaio da peça hoje. Não acredito que vou perder tudo isso, quando estávamos tão perto.

—Vai ter outras oportunidades, Hazel. Sei que essa peça era super importante pra você. —Adam segurou minha mão e a apartou de leve, tentando me passar algum conforto, mesmo que eu já tivesse aceitado o fato, apesar de não acreditar ainda. —Sinto muito por isso.

—Tudo bem. —Falei, mas minha voz não saiu muito confiante, o que fez Adam soltar um suspiro pesado, como se estivesse preocupado comigo.

Alguém bateu na porta antes que ele tivesse a chance de dizer algo, o que me fez gritar para a pessoa entrar. Estava esperando Elisa, Taylor, Wyatt ou até um dos meus irmãos, mas não estava preparada para ver meus pais passando pela porta. Meu queixo caiu, enquanto Adam tentava disfarçar que não sabia, mesmo que ele claramente soubesse que eles estavam vindo.

—O que vocês dois estão fazendo aqui? Ninguém me contou que vocês vinham. —Afirmei, ficando de pé e caminhando até os dois. Minha mãe foi a primeira a vim ver como eu estava, enquanto meu pai deixava as malas dos dois no canto do quarto e fechava a porta.

—Estranho você pensar que nos não viríamos. —Minha mãe me abraçou, tomando cuidado com o meu braço, antes de se afastar e analisar meu estado. —Como você está, Hazel? Sentimos muito pela sua peça.

—Se quiser, podemos conversar com a professora pra ver se alguma coisa poderia ser feita. —Meu pai se aproximou e deixou um beijo na minha testa, enquanto eu abria um sorriso ao sentir todo o cuidado dos dois naquele momento.

—Está tudo bem. Eu estou bem. —Deixei claro, porque sabia que as vezes isso não era o suficiente para deixa-los tranquilos. —Não precisa falar com a professora. Não tem como adiar a peça e muito menos eu participar assim. Faz parte, não tem problema.

—E o seu namorado? —Meu pai questionou, e eu abri e fechei a boca algumas vezes, porque meu pai tinha me pegado de surpresa com aquela pergunta tão direta.

—Ele não é meu namorado ainda. —Falei, soltando um suspiro constrangido quando meu pai ergueu as sobrancelhas. —Eu não sei. Não falei com ele hoje ainda. Mas ontem depois do que aconteceu ele disse que ia sair da peça já que não vou conseguir participar. Ele não quer fazer isso sem mim.

—Ah, já gostei dele. —Minha mãe exclamou, e eu soltei uma risada, antes de olhar para Adam para ver se ele estava vendo o que estava acontecendo ali.

—Vou aproveitar que vocês chegaram pra ir fazer minhas coisas. Hannah falou sobre almoçarmos todos juntos mais tarde. —Adam falou, e minha mãe concordou com a cabeça, dando um abraço nele antes que ele fosse embora.

Fui me sentar na cama, vendo dona Silvia analisando o caos que estava no quarto, enquanto meu pai ia para perto do aquário de Dottie. Puxei meu celular quando ele vibrou, fazendo uma careta porque estava acostumada a segura-lo com as duas mãos. Ainda mais quando ia digitar uma mensagem.

Wyatt — Estou aqui embaixo.
Posso subir?

Hazel — Pode sim.
Adam está saindo e já abre a porta pra você.
Meus pais estão aqui.

Deixei meu celular de lado, torcendo meus lábios de leve, porque não tinha certeza se Wyatt ia subir mesmo depois das minhas mensagens. Ele nunca pareceu negativo sobre a ideia de conhecer minha família, mas eu nunca tinha perguntado com todas as letras também. Então eu não tinha certeza de nada.

—Você está mesmo bem com a questão da peça? —Meu pai se sentou ao meu lado e eu encolhi meus ombros, porque não tinha certeza de qual resposta dar a ele. Tinha aceitado o fato, mas isso não me deixava menos triste. —Você estava animada.

—É, eu sei. Mas ainda vou ajudar nos bastidores. —Dei de ombros, fazendo uma careta quando isso fez meu braço mexer de uma forma que me deixou desconfortável. —Só é incrivelmente frustrante tudo isso, porque com esse braço quebrado limita muita coisa.

—Por isso que nós viemos. —Minha mãe afirmou, se inclinando para deixar um beijo na minha testa. —Sua irmã esqueceu como organizar um quarto?

—Pergunta isso pra ela. —Soltei, porque o lado de Hannah era realmente uma bagunça, enquanto o meu era organizado.

Olhei para a porta quando alguém bateu, sentindo minha pulsação disparar quando minha mãe caminhou até lá pra abri-la. Wyatt surgiu na frente dela. As mãos enfiadas dentro dos bolsos do moletom do time. Ele parecia super sem jeito, como se não soubesse como agir com os meus pais ali. Mas ele tinha subido mesmo assim. E abriu um sorriso assim que minha mãe pareceu surpresa.

—Senhora Carson. —Ele estendeu uma das mãos pra minha mãe, engolindo muito lentamente. —Sou o Wyatt, colega da Hazel no teatro.

—Colega? —Minha mãe abriu um sorrisinho e apertou a mão dele, enquanto meu queixo caía ao ver as bochechas de Wyatt ficando coradas. —É um prazer conhecê-lo.

Dei uma cotovelada no meu pai quando Wyatt entrou no quarto, já que ele não tinha feito menção de sair da cama e muito menos de ir cumprimentá-lo. Mas ele ficou de pé assim que lancei a ele um olhar torto, estendendo a mão para cumprimentar Wyatt também. Quase ri da expressão constrangida dele ao encarar meu pai.

—É bom conhecê-lo. Ouvi falar de você. —Meu pai afirmou, com um tom de voz que era uma mistura de gentileza com alerta. Wyatt engoliu em seco, assentindo.

—Também ouvi falar muito de vocês. Estava esperando conhecê-los no dia da peça. —Wyatt olhou pra mim, ficando um pouco tenso quando encarou meu braço. —Vim ver como a Hazel estava. Não queria atrapalhar vocês.

—Ah, você não atrapalhou nada, querido. Só viemos fazer companhia pra ela alguns dias. —Minha mãe foi rápida em falar, olhando para Wyatt como se ele fosse um sonho. Ok, eu meio que a entendia, porque também achava que ele era um sonho as vezes.

—Você falou com a professora? —Questionei, e pela cara que ele fez era bem óbvio que tinha conversado com ela logo cedo. Só esperava não arrumar problemas para Wyatt, porque sabia o quão importante esse teatro era pra sua formatura.

Continua...