Capítulo 50: Você veio sozinha?

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Wyatt

Passamos pela porta do café, chamando a atenção de alguns clientes que estavam ali. Estava de mãos dadas com Hazel, sentindo a ansiedade dela ao perceber que eu estava a levando para a porta que dava para a cozinha. Meus pais provavelmente ainda estavam ali trabalhando, porque o café ainda estava movimentado.

Olhei para Hazel quando entramos na cozinha, observando-a engolir em seco quando viu meus pais ali, dando ordens e organizando os pedidos que deveriam ser levados. Minha mãe foi a primeira a notar minha presença, mesmo que não tivesse erguido a cabeça para me encarar.

—Wyatt, que bom que você chegou. A gente precisa... —Ela parou de falar quando se virou para olhar pra mim e percebeu que eu não estava sozinho. Abri um sorriso, vendo Hazel fazer o mesmo, parecendo muito tímida naquele momento.

—Oi, mãe, precisa de alguma coisa? —Questionei, porque ela claramente ia me pedir alguma coisa. Ela abriu a boca, sem dizer nada, antes de negar com a cabeça e encarar minha mão segurando a da Hazel. —Essa é a Hazel. Ela faz o teatro comigo. Hazel, essa é a minha mãe.

—É um prazer conhece-la, sra. Hollis. —Hazel sorriu ainda mais, parecendo perceber que minha mãe estava completamente sem reação. Precisei me segurar para não rir, porque imaginava porque ela estava assim. Hazel era a primeira garota que eu apresentava pra eles.

—O prazer é meu, querida. —Minha mãe finalmente abriu um sorriso, tentando chamar a atenção do meu pai disfarçadamente, mas ela não era nem um pouco boa nisso, porque até Hazel olhou pra mim com uma expressão que deixava claro que ela estava tentando não rir.

—Eu e a Hazel vamos assistir um filme lá em cima e ela vai dormir aqui depois, tudo bem? —Indaguei, e o queixo da minha mãe quase caiu dessa vez, porque ela claramente estava sofrendo muitas emoções para um único dia.

—Claro, sem problema. —Ela soltou uma risada baixa, finalmente conseguindo agarrar o braço do meu pai. Ela o puxou com tanta força que meu pai quase caiu quando se virou para encarar Hazel e eu. —Walter, seu filho trouxe uma garota pra casa!

Eu e Hazel nos olhamos, desviando os olhos para não cairmos na risada, porque minha mãe tinha tentado sussurrar aquilo, mas não tinha sido baixo o suficiente para não escutarmos. Na verdade, tinha a sensação que até os funcionários do café tinham ouvido, porque alguns passaram olhando pra nós.

Apresentei Hazel para o meu pai, que parecia não saber como agir, porque olhou para minha mãe algumas vezes em busca de apoio. Talvez se eu tivesse avisado eles não teriam sido pegos tão de surpresos. Passei o braço ao redor dos ombros de Hazel e a puxei em direção a escada, abrindo um sorriso quando percebi que meus pais nos seguiram com os olhos até desaparecermos.

—Seus pais são uma graça—Hazel afirmou, e era um comentário que eu já estava esperando dela. —Acho que você surpreendeu os dois comigo.

—Uma surpresa bem boa. —Falei, puxando Hazel pra perto até deixar um beijo na sua garganta. Ela se arrepiou inteira com isso, além de ter soltado o ar com força quando deixei que se afastasse. —Pipoca?

—Seria uma boa. —Hazel me encarou com uma expressão bem mais animada do que estava depois que saímos do auditório. Tinha a sensação de que havia acontecido alguma coisa antes dos ensaios, mas Hazel pareceu preferir não dividir comigo.

Peguei a mochila dela e deixei sobre a poltrona, antes de a puxar em direção a cozinha. Nos dois olhamos para o corredor quando escutamos um barulho. Luca surgiu dali, parecendo levar um susto quando viu nos dois, antes de soar muito sem graça, porque ele estava descabelado e sem camisa.

—Oi. —Ele abriu um sorriso meio torto, olhando pra mim como se não soubesse o que fazer com a presença de Hazel ali. —Desculpa, eu não sabia que tínhamos visita.

—Luca, não é? —Hazel abriu um sorriso e se recostou na bancada, parecendo muito tranquila com a presença dele. Na verdade, ela olhava pra ele como se estivesse muito curiosa. —Sou a Hazel.

—Já ouvi falar bastante de você por aqui. —Luca parecia estar prestes a dar meia volta para o quarto, mas mudou de ideia e se aproximou. Fui preparar a pipoca, esperando não ser sacaneado pelo meu irmão. —Irmã do Caleb, não é?

—Você o conhece? —Questionou, e eu torci os lábios ao ver o sorriso no rosto de Luca, enquanto ele tentava ajeitar os cabelos. Ele tinha o costume de gostar das pessoas que eu detestava.

—Sim, sou bem amigo da Elisa. Seu irmão é gente boa. —Luca afirmou, e Hazel lançou um olhar demorado na minha direção, como se estivesse se perguntando porque Luca gostava dele e eu não. Dei de ombros, focando na pipoca e tentando não revirar os olhos. —Você veio sozinha?

Olhei para Luca quando não entendi o sentido da pergunta dele, vendo Hazel confirmar e explicar nossos planos para aquela noite. Luca assentiu, comprimindo os lábios de leve antes de desviar da bancada para entrar na cozinha e pegar alguma coisa pra comer. Segui ele com os olhos, assim como Hazel estava fazendo, sentindo que estava perdendo alguma coisa ali.

—Você quer ajuda? —Hazel se aproximou e parou do meu lado, me lançando um sorrisinho que me distraiu o suficiente para eu esquecer que Luca estava ali. —Eu preciso ligar pra Hannah e avisar que vou dormir aqui, pra ela não ficar preocupada.

—Tudo bem, eu termino aqui bem rápido. Pode ir pro meu quarto se quiser, já sabe o caminho. —Falei, já que não era a primeira vez que Hazel ia até ali. Ela se inclinou e beijou minha bochecha, antes de se afastar. Observei ela pegar a mochila e então desaparecer no corredor, até a porta do meu quarto bater.

—Então isso está ficando mesmo sério. —Luca comentou, me lembrando de que ele estava ali e presenciou aquele momento. O encarei por cima do ombro, juntando as sobrancelhas. —Já estou vendo que nos próximos jantares em família eu vou ficar segurando velas.

—Arrume uma namorada que isso muda. —Retruquei, e Luca praticamente se engasgou com o suco que estava bebendo, antes de tentar falar alguma coisa e desistir. Meu irmão saiu sem dizer nada, e eu fiquei ainda mais confuso, porque aquilo tinha sido muito estranho.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora