Capítulo 15: Você é péssimo.

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Hazel

Estava no meio de uma risada animada, girando no meio de todo mundo que dançava, quando senti as mãos de Wyatt na minha cintura. Meu corpo inteiro ficou arrepiado, porque eu sabia que era ele sem nem mesmo olhar. Não achava que ele iria até ali, porque ele parecia muito confortável escorado na parede com uma expressão de indiferença.

—Você pode olhar, Wyatt, mas você não pode tocar. —Afirmei, afastando as mãos dele na minha cintura, enquanto me virava para encara-lo. Ele estava sorrindo, como se estivesse se divertindo muito as minhas custas.

—Essa é sua nova arma de defesa? —Questionou, falando um pouco mais alto por causa da música alta. —Eu não te toco e você consegue fingir que não fica toda arrepiada quando faço isso.

—Odeio seu ego enorme. Sério, é quase impossível suportar. —Falei, o que o fez soltar uma risada e balançar a cabeça negativamente.

Alguém que estava dançando atrás de mim me empurrou, me fazendo ir com tudo pra cima de Wyatt. Minha testa bateu no peito dele quando ele tentou me segurar, envolvendo as mãos na minha cintura mais uma vez. Engoli um tremor que atravessou meu corpo, afastando o rosto dele e esfregando meu nariz.

—Acho que o universo não pensa igual a você, sabia? —O sorriso que ele me deu era divertido demais. Quase bonito demais.

Não podia fingir que ele não era bonito, quando ele realmente era. Os cabelos loiros bagunçados. Aqueles olhos que pareciam passar toda a confiança que ele tinha. O rosto, que parecia ter sido esculpido em mármore, de tão milimetricamente perfeito. Além de ele ser alto e forte. Wyatt era uma obra de arte.

—Vamos precisar dançar juntos na peça. Acho que deveríamos começar a treinar desde já. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada e negar com a cabeça, enquanto sentia ele ficar ainda mais perto de mim.

—Você é péssimo. Suas cantadas são péssimas. —Falei, batendo a ponta do dedo no peito de Wyatt, vendo o sorriso que se abriu no canto dos lábios dele, como se eu fosse muito engraçada.

—Minhas cantadas são ótimas. —Retrucou, e eu balancei a cabeça negativamente na mesma hora. —Você sempre fica corada ou ri quando eu flerto com você. Como pode dizer que minhas cantadas são péssimas?

Escondi o rosto entre as mãos, me perguntando porque diabos eu tinha que ter bebido naquela noite. Estava óbvio que eu estava mais animada e solta que o normal, porque em vez de afastar ele de novo, eu estava com o rosto praticamente grudado no seu peito. Eu era um desastre total tentando agir como alguém sensata numa hora como aquela.

Afastei o rosto, encarando as pessoas que dançavam ao redor, antes de levar a mão a boca quando senti um desconforto no estômago. Tinha bebido metade da cerveja muito rápido e depois pulado e girado como se isso não fosse ter algum resultado. Toquei o braço de Wyatt, sentindo minha cabeça girar e a ânsia subir para minha garganta.

—Acho que eu estou passando mal. —Soltei, mesmo que tivesse certeza sobre aquilo. Wyatt olhou ao redor, antes de segurar minha mão e abrir caminho para passarmos pelo meio de todos aqueles universitários bêbados. Precisei respirar fundo para não vomitar no meio da sala, soltando um muxoxo quando vi a fila enorme no banheiro.

—Tudo bem, vem comigo. —Wyatt me puxou até as escadas que davam para o segundo andar.

Havia um papel grudado na parede lateral da escada avisando que a festa não se estendia para aquele andar. Wyatt não pareceu se importar com isso. Na verdade, ele parecia conhecer aquela casa muito bem, porque atravessou o corredor cheio de portas comigo até uma das últimas.

—Acho que ele não deixou a porta trancada. —Wyatt falou, provavelmente se referindo a um dos seus colegas de time. Ele abriu a porta, revelando um quarto um tanto bagunçado, porque havia roupas por todo canto no chão.

—Alguém deveria ensinar organização a esse cara. —Afirmei, fazendo Wyatt rir, antes de soltar um suspiro de alívio quando ele me mostrou o banheiro do quarto. Entrei e fechei a porta, não querendo que ele me visse vomitar como uma bêbada na privada.

—Hazel, quer que eu pegue alguma coisa pra você? —Questionou, do outro lado, e eu balancei a cabeça negativamente no automático, antes de me dar conta de que ele não podia me ver. Soltei uma risada com a minha idiotice, antes de respirar fundo quando a ânsia veio mais uma vez.

—Eu estou bem. Só não deveria ter ido dançar logo depois de beber daquele jeito. —Falei, me escorando na parede e respirando fundo, antes de olhar para o meu estado no espelho. Eu estava um pouco descabelada e vermelha. A maquiagem que Hannah tinha se demorado fazendo em mim estava até borrada. Não era meu melhor dia, realmente.

—Posso entrar? —Wyatt questionou, e eu fechei meus olhos com força, me perguntando porque justamente ele tinha que ter me visto nesse estado.

Abri a boca para responder, antes de me abaixar na frente da privada quando não consegui me segurar dessa vez. Devo ter feito os sons mais nojentos de todos enquanto vomitava, porque simplesmente não consegui segurar. Minha barriga doeu como se eu tivesse comido brasa, enquanto eu colocava tudo pra fora. Quando consegui me controlar, estava suando, com um gosto horrível na boca.

Puxei a descarga e fui para a pia lavar minha boca, me sentindo muito melhor depois daquilo. Minha barriga ainda estava doendo, mas pelo menos eu conseguia respirar sem sentir vontade de vomitar de novo. Da próxima vez eu tomaria mais cuidado ao beber, pra não passar outra vergonha como aquela.

—Melhor? —Wyatt questionou, assim que eu abri a porta e olhei pra ele envergonhada. Ele sorriu quando balancei a cabeça que sim, puxando um chicletes do bolso e me dando. Quase gemi de felicidade, porque estava precisando mesmo de um.

—Desculpa por isso. Já fiz uma nota mental de não dançar igual uma maluca depois de beber. —Afirmei, abrindo um sorriso quando Wyatt soltou uma risada e negou com a cabeça. —Estraguei toda sua tentativa de flerte comigo.

—Ah, tudo bem. Vou ter outras oportunidades. —Wyatt deu de ombros, como se realmente não tivesse importância, enquanto eu revirava os olhos ao mesmo tempo que sorria.

Nos dois olhamos para a porta do quarto quando ela se abriu do nada, com força, a ponto de bater na parede. Apertei meus lábios com força quando Caleb apareceu, junto com Adam, Elisa e Taylor. Nem precisava de uma bola de cristal para saber o que eles estavam fazendo ali, porque a cara do meu irmão já dizia tudo.

—Vocês não tem autorização pra vir pro andar de cima. —Wyatt afirmou, ficando sério antes de olhar na direção de Adam como se esperasse por uma explicação dele.

—Não preciso de autorização pra saber o que um cara tá fazendo com a minha irmã em um quarto. —Caleb exclamou, e eu vi a expressão de Wyatt ir de séria para incrédula em poucos segundos.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora