Capítulo 44: Confeitaria.

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Wyatt

Soltei uma risada ao ver o queixo de Hazel cair quando viu a fachada do restaurante. Ela praticamente pulou de dentro do carro, soltando um gritinho de animação antes de dar a volta e me abraçar apertado quando desci também. Não consegui parar de rir, porque era óbvio que ela tinha gostado bem mais daquela surpresa.

—É da sua família, não é? —Questionei, observando o logo enorme do restaurante dos Willis. Hannah tinha me enviado o endereço e me dito para levar Hazel ali, porque seria como fechar a noite com o toque perfeito.

—Sim, é do meu cunhado. —Hazel se virou e olhou pro restaurante, soltando um suspiro feliz enquanto eu a abraçava pela cintura e escorava meu queixo na sua cabeça. —Collin e o pai dele tem vários restaurantes espalhados pelo país. Não acredito que você conseguiu encontrar um deles aqui pra me trazer.

—Não posso ficar com o crédito todo. Hannah me ajudou nisso. —Afirmei, e Hazel me olhou por cima do ombro, com os olhos enormes e brilhantes, como duas estrelas. Não precisava de muito pra perceber que ela gostava de saber que tinha dedo da irmã dela nisso. —E eu estava esperando ganhar muitos pontos essa noite.

—Algum motivo em especial, Hollis? —Questionou, e eu acabei rindo enquanto segurava a mão dela e a levava na direção do restaurante. Hazel não tirou os olhos de mim, esperando que eu desse uma resposta pra ela.

—Alguns motivos no plural. Mas acho que você pode começar a descobrir eles aos poucos. —Falei, piscando para Hazel e abrindo um sorriso com o canto dos lábios, que eu sabia que acabaria a deixando abalada de alguma forma.

Ela normalmente ficava com as bochechas vermelhas quando eu abria um sorriso e aquilo era uma graça pra mim. Eu poderia facilmente sorrir o tempo todo só para vê-la desse jeito. Caramba, eu poderia fazer muitas coisas se fosse pra Hazel sorrir o tempo todo pra mim também, como está fazendo essa noite. Acho que eu nunca ia esperar que aquela garota que escutei falando mal de mim semanas atrás ia estar agora de mãos dadas comigo saindo pra um jantar.

Nos dois entramos no restaurante e fomos guisados até a mesa que eu tinha reservado. Enquanto Hazel escolhia o que queria comer, não consegui tirar os olhos dela um segundo sequer, tentando gravar cada detalhe que chamava a minha atenção. A forma como ela sorria quando estava envergonhada. A forma como colocava os cabelos atrás da orelha quando ficava nervosa. Ou quando mordia o lábio quando percebia que eu estava a encarando demais.

—O que foi? —Questionou, parecendo um pouco sem graça quando dei de ombros e continuei olhando pra ela, achando que aquela era com certeza a melhor parte daquele dia. A vitória no jogo tinha sido importante, mas aquilo ali parecia mais. Parecia especial.

—Acho que eu deveria te levar pra sair mais vezes. —Afirmei, o que a fez sorrir ainda mais e tombar a cabeça de lado enquanto me encarava, como se essa fosse a coisa mais certa que eu pudesse ter dito.

—Você pode me levar pra fazer coisas que você gosta. —Hazel sugeriu, parecendo pensar muito antes de falar. —Assim eu posso conhecer mais você além do basquete.

—Não tem nada além do basquete. Eu trabalho no café dos meus pais algumas vezes, ajudando eles quando o movimento é muito grande. —Umedeci os lábios com a língua, sabendo que não era muito comum ela ir até lá, nem os irmãos dela, ou a gente já teria se cruzado muito antes. —Eu ajudo as minhas irmãs também. A Mavie e a Jas. Não sei se a Mavie te falou, mas elas são donas de uma confeitaria.

—Nos duas não conversamos muito aquele dia. Eu estava meio constrangida, pra falar a verdade. —Ela soltou uma risadinha nervosa, enquanto eu negava com a cabeça ao pensar na ideia brilhante que Mavie teve aquele dia em chamá-la. —Mas confeitarias e minha família não são algo que costumem dar muito certo quando estão juntas.

—Como assim? —Indaguei, franzindo a testa quando não entendi onde Hazel queria chegar com aquilo. Ela mordeu o interior da bochecha, demorando a responder já que o rapaz apareceu para pegar nossos pedidos.

—Sempre que estamos em um lugar assim, sempre acontece alguma coisa errada. Alguém caindo de cara no bolo ou pedaços voando pra todo lado. —Ela riu da minha expressão incrédula, antes de sutilmente erguer as mãos de leve como se aquilo nem fosse nada. —Eu disse, minha família é bem caótica.

—Acho que vou precisar descobrir isso levando você até lá. —Foi uma simples sugestão, mas Hazel balançou a cabeça negativamente com muita veemência, como se essa fosse uma péssima ideia. —Está acabando com a minha diversão, estrelinha.

—Eu sou calma quando estou longe dos meus irmãos, então não vai ter diversão nenhuma nos dois indo lá. —Hazel retrucou, e eu parei por um momento, sabendo que ela passava bastante tempo com os irmãos e fazia muitas coisas com eles.

Comprimi meus lábios ao me perguntar como seria sair com Hazel e todos eles. Sabia que Elisa já tinha sido incluída no grupo quando começou a namorar Caleb, então provavelmente seria algo que fosse acontecer naturalmente se eu e Hazel continuássemos saindo com frequência. Mas a ideia de sair com Caleb e Adam era o suficiente para eu sentir um arrepio desagradável pelo corpo.

—O que você estava pensando? Você fez uma careta involuntária. —Hazel afirmou, e eu engoli em seco, soltando uma risada sútil. —Aposto que era no meu irmão. Vocês dois são tão esquisitos.

—Não tem alguém que você conheça que você não vá nem um pouco com a cara? —Questionei, e Hazel se preparou para me dar uma resposta rápida, antes de hesitar e fazer uma careta também. —Acho que peguei você.

—Não, não pegou. Ainda acho bobagem. —Hazel batucou os dedos na mesa, me encarando por tempo demais, com uma expressão pensativa. —Você sabe que eu tenho outros irmãos, não é? Quatro no total. Seis, contando com o Adam e o Collin. Ah, e tem o meu pai.

—Você está tentando me assustar? —Questionei, tentando não rir quando Hazel fingiu que não era exatamente isso que ela estava fazendo. —Fiz aula de autodefesa desde criança. Então eu acho que posso sobreviver. E eu já disse, ia dar uma briga boa com o Caleb, mas não vamos chegar a essa ponto.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora