Capítulo 29: Estrelinha.

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Aspen, Colorado

Hazel

Wyatt não me beijou no dia seguinte, porque eu estava bem longe para que ele pudesse me encontrar. Mas não consegui evitar todos os sorrisos que surgiam nos meus lábios sempre que uma mensagem dele chegava no meu celular. Ele afirmando com todas as letras que estava me procurando pelo campus inteiro e que não desistiria até me encontrar.

No final, acabei contando a ele que não estava em Nova Iorque, porque estava ficando com pena dele me procurando praticamente o dia todo. Mas em minha defesa, foi ele quem prometeu algo com tanta confiança assim, quando nem sabia o que eu pretendia fazer no final de semana. E a vontade de vê-lo perceber que não ia conseguir o que queria era agradável demais.

Wyatt — Boa jogada, Hazel.
Você ganhou essa.
Mas segunda você não vai ter a mesma sorte.
Temos ensaio no primeiro período, né?
Talvez você devesse chegar cedo.

Hazel — Estou sentindo um tom de ameaça nessas suas palavras.

Wyatt — Não é ameaça quando eu sei que você quer o mesmo que eu.
E você não pode fugir de mim durante a semana.

Hazel — Eu acho que posso sim.

Wyatt — Estou ansioso pra ver você tentar, estrelinha.

Soltei uma risada nervosa, saindo da conversa e soltando o celular de lado. O apelido causando uma onda de borboletas pelo meu corpo inteiro. Podia ouvir a voz de Wyatt na minha cabeça me chamando daquele jeito. Não o respondi mais, mesmo sabendo que Wyatt ia ver isso como uma vitória. Nem precisava estar no mesmo lugar que ele para imaginar que ele provavelmente está com um sorriso enorme no rosto nesse momento.

Ergui os olhos quando minha mãe entrou na cozinha, observando a bagunça de pipoca que eu estava fazendo em cima do fogão. Emma iria chegar em breve para passar a tarde com Hannah e eu. Estava preparando a pipoca para assistirmos a algum filmes, mas minha desatenção causou um certo caos de pipocas pra todo lado, quando esqueci de tampar a panela.

—O que você está fazendo? —Minha mãe riu, deixando um beijo na minha testa antes de me ajudar a arrumar o caos. —Estou achando você meio distraída. Ontem a noite quando chegou também. Seu pai te encheu de perguntas sobre a peça e você quase não deu bola.

Ela tinha razão, ele tinha mesmo feito isso. Era uma coisa que meu pai tinha mania de fazer. Uma mania adorável na minha opinião. Ele se interessava pelo que gostávamos de fazer e sempre queria participar. Ontem depois que chegamos ele me perguntou sobre tudo que estava acontecendo na peça. Normalmente eu passaria horas conversando com meu pai sobre isso, mas tinha ficado tímida por conta de Wyatt.

—Tem um cara novo no teatro. —Falei, vendo minha mãe abrir um sorriso enorme, como se já soubesse o que vinha pela frente. Acabei sorrindo, mesmo com o meu coração disparando só de falar sobre ele com a minha mãe. —Ele vai ser meu par romântico na peça e as coisas entre nós dois estão...

—Deixando de ser só atuação? —Minha mãe questionou, e eu mordi o lábio, sabendo que desde o inicio não tinha sido atuação. Mas não queria precisar explicar tudo a ela. O fato de as coisas entre eu e Wyatt ter evoluído estava me deixando ansiosa.

Não pensei no que poderia acontecer depois que o beijasse. Não queria fazer aquilo na casa da irmã dele, quando ela poderia ver. Não que agora fizesse alguma diferença, porque Nathan deve ter contado a ela sobre o que viu na sala. Mas chamei ele pro meu quarto e deixei que ele me beijasse. Sabia que ia acontecer de novo mais cedo ou mais tarde, porque eu tinha gostado tanto e queria.

—Estou com medo de quebrar a cara. —Afirmei, vendo a compreensão tomar conta do rosto da minha mãe. —Gosto dele de certa forma e acho que ele também gosta de mim. Mas tenho medo de que isso não dê certo e acabe atrapalhando a peça, principalmente se eu sair machucada.

—Você acha que ele vai machucar você? —Minha mãe questionou, se escorando no balcão enquanto olhava pra mim com curiosidade. Hesitei em responder, me fazendo aquela mesma pergunta, mas eu nunca sabia que resposta dar a ela.

—Eu não sei. Não o conheço muito bem. —Dei de ombros, porque só conseguia pensar no que Adam tinha dito. Queria poder ter certeza de qualquer coisa, mas eu era ansiosa demais quando o assunto envolvia meus próprios sentimentos.

Sabia agora que Wyatt estava sendo sincero comigo. Ele queria me beijar, mas até quando? Eu não era como Hannah que não se incomodava em ficar com alguém só por ficar. Eu gostava de atenção. Gostava de gestos bonitos. Não beijava alguém sem pensar que isso poderia dar em alguma coisa a mais.

—Ele é irmão da Taylor. —Falei, vendo a surpresa tomar conta dos olhos da minha mãe. Todo mundo já sabia sobre Adam e Taylor, porque os dois já estavam combinando quando ela conheceria todo mundo. —Adam vai jantar na casa deles essa noite. Vai conhecer o restante da família da Taylor. Eles são meio que você e o papai, só que com filhos adotivos

—Então Adam o conhece. —Ela constatou, me fazendo comprimir os lábios, porque não era tão simples assim.

—Os dois são colegas de basquete. Caleb também o conhece, mas os dois não se dão muito bem. —Afirmei, e minha mãe assentiu, parecendo pensar no que eu tinha contado. —Estou tentando deixar as coisas fluírem naturalmente. Mas também já deixei claro pra ele o que eu espero.

—Se você deixou claro pra ele, então acho que não deveria ficar com medo. Se ele gostar de você e quiser o mesmo, tudo vai dar certo no final. —Minha mãe falou, abrindo um sorriso confiante pra mim. —Tenho certeza que seu irmão vai ficar de olho em vocês dois. E se ele te machucar...

—Eu ajudo o Caleb a bater nele com aquele taco de beisebol. —Sussurrei, fazendo minha mãe soltar uma risada e balançar a cabeça negativamente. Ela me deu outro beijo na testa e se afastou, me deixando sozinha com meus próprios pensamentos sobre Wyatt.

Terminei de arrumar a pipoca e sai da cozinha, abrindo um sorriso quando vi o carro de Emma estacionando do outro lado da rua. Corri até a saída e abri a porta, acenando para Emma quando ela desceu do carro com uma animação sem igual. Me senti muito mais tranquila naquele momento, porque sabia que se tinha alguém que podia me ajudar com aquela situação, era minha irmã mais velha.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora