O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 32: Vou pensar nisso.

Wyatt

Fiz uma careta, dando um passo para o lado e deixando os dois entrarem. Jasmine se aproximou e me deu um abraço apertado, antes de Briar fazer o mesmo, com aquele jeito irritante dele como se tivesse sentido minha falta. Ele estava com a minha irmã desde a faculdade, mas mesmo depois de anos ainda implicávamos um com o outro. Pelo menos ele tinha dado um casamento e tanto pra minha irmã.

—Duvido que você ainda me odeie. Já fiquei sabendo que você tem um novo cunhado favorito. —Briar afirmou, e eu comprimi os lábios ao lembrar de Adam, sabendo perfeitamente o que Briar estava querendo dizer com aquilo. —Seu amigo?

—Só colega de time. —Corrigi, porque nunca tinha sido próximo demais de Adam. Não que ele fosse um idiota. Havia caras piores no time. Mas ele nunca foi muito ligado ao restante da equipe, porque estava sempre andando por aí com os Carson's. —E ele não consegue ser pior que você.

—Ai, essa doeu! —Briar levou a mão no peito, como se tivesse sido atingido por alguma coisa. Soltei uma risada enquanto revirava os olhos, antes de Jasmine me empurrar de leve e depois dar um tapinha no ombro do marido.

—Dá pra parar vocês dois? —Questionou, lançando a nós dois um olhar afiado, como se soubesse que íamos ficar se provocando o restante da noite. —Joe já chegou?

—Não. Ele sempre é o último a chegar. Acho que ele gosta do suspense de voltar pra casa. —Falei, fazendo Jasmine rir, antes de seguirmos na direção da sala juntos.

Minha mãe estava na cozinha com Mavie e Taylor, preparando o jantar. Meu pai estava ocupado envolvido em uma conversa animada com Adam sobre basquete, coisa que ele normalmente fazia comigo, segurando um Henry apagado no colo. Nathan estava confortavelmente sentado no sofá em silêncio. Ele fazia do tipo que gostava de ter seu espaço quando estava em um lugar muito cheio. Então ele parecia muito confortável em silêncio.

—Briar! —Luca soltou uma exclamação animada quando o viu, saindo do sofá para vir dar um abraço nele, que também pareceu animado em vê-lo.

Apertei meus lábios com força, antes de negar com a cabeça, porque Luca gostava dele mais do que gostava de qualquer um. Acho que tinha a ver com a forma que ele havia sido adotado pelos meus pais, porque Briar teve uma parcela de participação nisso junto com Jasmine. Eu o entendia, mas era difícil ignorar a pontinha de inveja e ciúmes.

—Não vejo a hora de Joe chegar. Ele é o único que me entende nessa casa. —Suspirei resignado, fazendo Jasmine rir ao meu lado, antes de dar um tapinha carinhoso no meu ombro.

—Você nem nega que tem irmão favorito, não é? —Indagou, e eu olhei pra ela com as sobrancelhas erguidas, porque aquilo nem fazia sentido vindo da nossa família.

—Todo mundo aqui tem irmão favorito. Você e a Mavie preferem uma a outra. Desde sempre. Taylor e o Luca preferem um ao outro. Fico feliz por ser o irmão favorito do Joe também. —Afirmei, observando o sorriso enorme que minha irmã abriu, como se soubesse que cada palavra minha era verdade. —Isso não quer dizer que não gostamos dos outros.

—Claro que não. —Jasmine balançou a cabeça, como se tivesse ficado pensando no que eu tinha dito. —Vou lá conhecer o Adam. Quem sabe no próximo jantar não seja você a apresentar alguém pra gente?

—Caramba, Jas, você e a Mavie são fofoqueiras demais! —Exclamei, e ela soltou uma gargalhada que fez Briar girar a cabeça para saber o que tinha a feito rir desse jeito. Minha irmã se afastou de mim ainda rindo, enquanto eu caminhava até Nathan, porque podia aproveitar um pouco da tranquilidade dele. —Oi, Nathan.

—Desculpa contar pra sua irmã. —Falou, me lançando um olhar constrangido, como se não tivesse tido a intenção. Acabei rindo, porque era óbvio que ele sabia o motivo de eu ter chamado Jas e Mavie de fofoqueiras. Ele quem havia espalhado a informação primeiro. —E desculpa atrapalhar aquele dia. Vocês foram embora logo depois, não é? Acho que estraguei tudo.

—Não estragou nada. Não estávamos... —Parei de falar, porque não sabia como explicar aquele dia com Hazel. Ela não me deixou beija-lá na casa de Mavie, mas depois me convidou silenciosamente para o alojamento. Acho que ela só estava com medo de minha irmã ou Nathan nos pegar de fato. —Tá tudo bem, cara. Você não atrapalhou a gente. Hazel tinha acabado de me afastar quando você chegou.

—Sério? Que pena. Ela parece ser uma garota legal. —Nathan afirmou, e eu confirmei com a cabeça, porque ela era realmente uma garota legal, além de bonita e inteligente. Uma estrela.

—Ela é mesmo. —Falei, olhando para Nathan por um momento, sabendo que Mavie tinha tido muita sorte com ele, mas não tanta sorte quanto Nathan tinha tido de se casar com ela. —Estou aceitando algumas sugestões de coisas que posso fazer pra chamar a atenção dela. Que não sejam flores.

—Acho que não sou a pessoa ideal pra isso. —Nathan me lançou um olhar demorado, e eu acabei rindo. —Ela faz teatro, certa? Leva a ela a uma peça. Uma dessas grandes e famosas que acontecem na cidade as vezes. Acho que ela gostaria.

—Boa ideia. —Soltei, porque Hazel provavelmente ia gostar muito de ir em alguma. Isso se ela já não tivesse ido em todas elas com uma frequência considerável. —Vou pensar nisso. Obrigada, Nathan.

Olhei na direção de Adam, comprimindo os lábios ao vê-lo sorrindo todo gentil para todas as minhas irmãs, conquistando cada uma delas. Ele com certeza saberia me ajudar com a Hazel, mas eu me recusava a perguntar qualquer coisa a ele relacionada a ela. Seria como trabalhar com o inimigo. Pensei em algumas outras possibilidades, como Caleb, que estava fora de cogitação, Elisa e a irmã gêmea que eu ainda não conhecia.

Nathan batucou os dedos na perna, encarando a tv que estava desligada. Mas por algum motivo ela parecia ser a coisa mais interessante pra ele. Só percebi o porquê quando Mavie se moveu em algum ponto da cozinha e surgiu no reflexo dela. Abri um sorriso, porque era óbvio que ele estava observando ela o tempo todo.

Aquela coisa entre os dois, provavelmente era o que Hazel esperava quando dizia que era romântica. Mavie e Nathan tinham sido amigos antes de se apaixonarem um para o outro. E eles tinham mentido que estavam namorando, o que só descobrimos muito depois quando Nathan acidentalmente deixou a informação escapar em um dos nossos jantares em família.

Ergui a mão e esfreguei minha testa, antes de passar a mão nos cabelos. Sabia que Hazel gostava muito de teatro, além da coleção enorme de livros que havia no quarto dela. Tentei pensar em outras coisas que tinha visto no quarto dela. Pra ser sincero, não estava prestando atenção direito, porque eu estava animado demais com a percepção de que ela me queria lá.

—Wyatt, pode ir no mercado rapidinho comprar umas coisas que estão faltando? —Taylor se aproximou de mim, e eu balancei a cabeça no automático, antes de olhar pra ela e juntar as sobrancelhas. —Por que tá me olhando com essa cara de quem está morrendo?

—Quando é seu próximo treino de patinação?

Continua...