Capítulo 38: Talvez seja necessário.

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Wyatt

Hannah Carson era com certeza minha pessoa favorita daquela família, depois de Hazel, é óbvio. Ela claramente tinha opniões bem fortes sobre tudo que envolvia a vida dela, isso incluía sua irmã gêmea e qualquer idiota que tentasse se envolver com ela. Acho que posso me incluir nessa lista de idiotas, ja que ela soltava risadinhas sarcásticas sempre que eu entrava nas partes tediosas da nossa conversa, como ela gostava de repetir.

—Ok, estrela do basquete, o que você quer saber de fato? Minha irmã não é um livro fechado. Na verdade é bem fácil saber do que ela gosta ou não. —Hannah afirmou, roubando uma batata frita do meu prato, enquanto eu olhava pra ela com certa curiosidade, porque costumava achar que ir mãos gêmeos normalmente gostavam das mesmas coisas.

—É, sua irmã não esconde muita coisa. —Falei, abrindo um sorriso de leve antes de abaixar os olhos, porque Hannah tinha resolvido me encarar. —Ela disse que se eu quiser beija-lá de novo, preciso fazer por merecer. Então estou esperando que você me dê alguma luz, porque não quero pisar fora da linha.

—Que bonitinho você se esforçando. —Hannah soltou, rindo da minha cara mais uma vez, enquanto eu fazia uma cara feia pra ela. —Por que não leva ela pra um daqueles aquários gigantes? É um lugar bonito pra levar uma garota e a Hazel gosta de animais.

—Ela gosta de animais? —Questionei, completamente surpreso, vendo Hannah me lançar um olhar confuso.

—Você não conheceu a Dottie? —Indagou, e eu franzi a testa, sem saber de quem ela estava falando. Hannah revirou os olhos. —A tartaruga, Wyatt. Você esteve no nosso quarto e não a viu?

—Desculpa, eu estava um pouco ocupado com a sua irmã. —Afirmei, vendo Hannah tombar a cabeça de lado e me lançar um sorriso maroto. —Sua irmã tem uma tartaruga de estimação chamada Dottie?

—Sim, uma mini tartaruga. Mas ela prefere sapos. —Falou, e eu abri e fechei a boca algumas vezes, me perguntando se tinha ouvido certo. Mas pela cara de Hannah, ela estava mesmo falando sério. Hazel era uma caixinha de surpresas pelo visto.

—Ela prefere sapos? —Repeti, coçando a garganta quando Hannah confirmou com a cabeça. —Isso é bem incomum, você sabe, né?

—Minha família é incomum no geral, se você parar pra prestar atenção. Eu também prefiro sapos. —Ela deu de ombros, como se não houvesse uma explicação boa o suficiente para aquilo. —São animais muito incompreendidos.

Ergui a mão para esfregar minha nuca, sem saber como reagir aquela nova descoberta sobre Hazel. Ok, era esquisito e fofo até certo ponto. Eu tinha minhas esquisitices também, que certamente a farão rir quando descobrir. Abri um sorriso, desviando os olhos de Hannah quando tive certeza de que conversar com ela tinha me ajudado mais do que o esperado.

[...]

Meu corpo sempre ficava incrivelmente dolorido depois dos treinos, como se eu tivesse corrido uma maratona. Meus músculos inteiros latejavam e minha cabeça pesada como se eu tivesse tomado um calmante muito forte. Era muito fácil pra mim cair na cama e dormir até o dia seguinte, sem me preocupar com mais nada.

Meus colegas de time estavam ocupando o silêncio do vestiário com risadas e conversas animadas sobre o próximo jogo fora de casa, porque todos tínhamos certeza de que ganharíamos. Claro que era horrível jogar fora de casa, porque quase nunca tínhamos torcida, além dos poucos que conseguiam viajar para nos assistir. Mas nesse a sorte estava do nosso lado. Ou talvez fosse o talento?

—Vamos descobrir se o Hollis ainda tem talento pra basquete ou se o teatro tá deixando ele lento. —Um dos meus colegas comentou, fazendo um coro de risadas ecoar por ali, enquanto eu abria um sorriso e negava com a cabeça, caminhando até meu armário depois de sair do chuveiro.

—Vamos descobrir se algum de vocês desenvolveu algum talento pro basquete ou se continham tão ruins quanto antes. —Retruquei, o que fez as risadas se tornarem alguns resmungos misturados com gargalhadas.

Olhei na direção de Adam, vendo que ele já estava vestido e pegando sua mochila, parecendo com pressa para ir embora. Ele olhou na direção da entrada, assim como eu, quando escutamos um gritinho feminino assustado, junto com a porta do vestiário batendo. Meu queixo quase caiu quando eu vi que era Hazel, completamente vermelha, sem saber pra onde olhar já que a maioria dos caras ainda estava só de toalha e alguns simplesmente sem nada.

—Hazel! —Adam exclamou, enquanto ela soltava um palavrão e tampava os olhos com as mãos muito rápido, enquanto alguns dos caras puxavam toalhas, mochilas e o que quer que estivesse disponível para se cobrirem. —O que diabos você está fazendo aqui?

—Eles estão pelados. —Sussurrou, praticamente chocada, o que fez alguns dos caras rirem. Comprimi meus lábios em resignação ao ver eles olharem pra ela, antes de Adam cruzar o espaço e cobrir os olhos dela com suas mãos também.

—Claro, isso aqui é um vestiário. A gente acabou de sair do treino. O que você está fazendo aqui? —Adam indagou, antes de se virar e olhar para todos nós, ainda tampando os olhos dela. —Vistam logo a porcaria de uma calça, seus idiotas!

Eles se apressaram em fazer o que Adam mandou, notando que ele não estava brincando. Hazel balançou a cabeça negativamente, enquanto eu pegava minhas roupas do armário, tentando não rir da situação, começando a me vestir também, porque tinha a sensação que não era uma boa ideia continuar de toalha.

—Ainda bem que eu tô vestido, puta merda! —Adam resmungou, soando muito resignado e incrédulo naquele momento. —Hollis, a ordem foi pra você também!

—Foi a sua prima que entrou aqui de penetra. —Retruquei, fazendo meus colegas rirem, antes de Hazel empurrar as mãos de Adam e olhar na minha direção com uma expressão furiosa ao perceber que eu estava ali também.

Engoli em seco, vendo ela apontar para a porta. Não era pra mim e eu sabia que meus colegas tinham entendido o recado, porque eles pegaram suas coisas e foram saindo aos poucos, lançando olhares de pena na minha direção, como se soubessem que eu estava encrencado.

—Quer que eu espere lá fora ajudar a esconder o corpo? —Adam questionou, ignorando a minha existência ali. —Porque você está olhando pra ele com uma expressão meio assassina.

—Talvez seja necessário. —Hazel afirmou, e eu ergui as sobrancelhas, fechando meu armário. Adam olhou de Hazel pra mim, como se tentasse adivinhar o que estava acontecendo e se deveria interferir. Depois encarou a expressão furiosa de Hazel, parecendo decidir que ela podia dar conta disso sozinha, e então foi embora, nos deixando sozinhos.

—Você fica fofa quando está irritada, sabia, estrelinha? —Questionei, vendo Hazel marchar na minha direção como se fosse mesmo me matar. —Antes de qualquer coisa, eu não fiz nada.

—Não fez? Então porque diabos a universidade toda acha que nós dois estamos namorando? —Indagou, e eu abri e fechei a boca, me dando conta de qual era o problema. Hazel ergueu o queixo, com as bochechas vermelhas e os olhos faiscando na minha direção. —E por que a professora do teatro deixou bem claro que você praticamente confirmou isso?

—Ok, talvez eu tenha dado a entender alguma coisa quando ela me questionou mais cedo, mas não fui eu que espalhei essa história. —Afirmei, e Hazel me encarou como se não acreditasse nem um pouco em mim. —É uma ofensa tão grande acharem que a gente está namorando?

—Não me vem com esse tipo de pergunta. —Retrucou, com os lábios tremendo e as mãos fechadas em punho ao lado do corpo. —Você ainda foi atrás da minha irmã hoje. Todo mundo viu vocês dois almoçando juntos e acham que era eu. Por que você estava com a Hannah?

—Precisa mesmo que eu te responda isso? —Questionei, dando um passo na direção de Hazel, que a fez cambalear para trás. A raiva desaparecendo um pouco quando abri um sorrisinho que fez a respiração de Hazel falhar. —Você podia ter simplesmente negado que estamos juntos. Você veio aqui porque odiou isso ou porque queria que fosse verdade?

Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora