Capítulo 54: Talvez a peça possa ser adiada.

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Wyatt

Em um momento Hazel está dando um passo na minha direção com os olhos brilhantes e cheio de lágrimas. Em outro eu estou praticamente me jogando pra frente pra tentar alcançá-la. Não fui rápido o suficiente, porque Hazel desapareceu em um buraco que se abriu no chão da varanda.

Já estava correndo para descer as escadas quando escutei o grito dela e vi todos ao seu redor. Não me importei em ser gentil quando empurrei quem estava na frente para chegar até Hazel. Meu peito se apertou quando a vi chorando no chão, com a cabeça no colo de Elisa, enquanto a professora tocava seu braço.

—Ah, eu acho que quebrou. —A professora lamentou, enquanto eu me aproximava e ficava de joelhos ao lado de Hazel. Ela se virou para me encarar. As lágrimas borrando os olhos e molhando as bochechas vermelhas. —Vamos precisar levá-la pro hospital.

—Eu tenho carro professora. Posso levá-la. —Afirmei, porque não ia me separar de Hazel até que ela estivesse bem. A professora pareceu pensar um pouco, enquanto eu e Elisa ajudávamos Hazel a ficar de pé, tomando cuidado com o braço dela. Soltei o ar com força quando Hazel escondeu o rosto no meu peito, soltando um som angustiado com a boca quando toquei seu braço sem querer.

—Tudo bem, vocês podem a levar? Vou tentar descobrir o que aconteceu aqui. —A professora gesticulou em direção a varanda e as tábuas quebradas no chão. —E me deem notícia, por favor.

Assenti com a cabeça, olhando na direção de Elisa. Ela já tinha decido correndo do palco para pegar nossas coisas, enquanto eu pegava Hazel com todo cuidado no colo. Não sabia se ela tinha machucado mais alguma coisa além do braço, mas iria tomar todo cuidado possível até chegarmos no hospital.

—Eu consigo andar. —A voz dela saiu toda estranha contra o meu ombro, enquanto eu descia os degraus do palco. Apenas a apertei ainda mais contra mim, beijando o topo da sua cabeça enquanto seguíamos para fora.

—Eu sei, mas estava só esperando uma oportunidade para te pegar no colo e te carregar. —Falei, tentando aliviar o clima, mesmo que Hazel estivesse sentindo dor. Escutei a leve risada que ela soltou, se agarrando mais a mim como se eu fosse seu porto de segurança.

[...]

—Já liguei para o Caleb e avisei os outros. —Elisa se sentou ao meu lado na sala de espera, já que Hazel estava sendo atendida e não podíamos ficar na sala com ela. —Caleb está no escritório, mas vai falar com o meu pai e já vem.

—Acha que ela ainda vai conseguir participar da peça? —Questionei, me virando para olhar para Elisa. Ela hesitou em responder, parecendo um pouco tensa. —Se ela tiver mesmo quebrado o braço.

—Vamos torcer pra que ela não tenha quebrado. —Elisa sussurrou, e eu apertei meus lábios com força quando entendi o que aquilo significava, caso as coisas não dessem certo como a gente esperava. Abaixei e cabeça, passando a mão pelos cabelos, me sentindo muito frustrado.

Odiava quando precisava ficar sentado só esperando. E eu e Elisa ficamos encarando aquelas paredes brancas por vários minutos, até um enfermeiro finalmente aparecer e nos dizer que podíamos entrar para vê-la. Não pensei no quão aliviado eu ia ficar só de ouvir isso e principalmente por entrar no quarto e ver Hazel sentada na cama com o braço imobilizado.

Ela não está mais chorando, mas posso ver pela expressão amarga no rosto que não está nem um pouco feliz com o rumo das coisas. Eu e Elisa trocamos um olhar demorado, antes de eu a deixar se aproximar da cama primeiro para ver como Hazel estava. As duas trocaram palavras super baixas, de uma forma que não consegui entender nada antes de me aproximar também.

—Eu preciso esperar o resultado dos outros exames. Quebrei o braço com a queda, o que já era bem óbvio pra mim pela dor que eu estava sentindo. —Hazel passou a língua sobre os lábios, soltando uma respiração pesada. —Eles fizeram exames pra ver se eu não machuquei a cabeça, mesmo depois de eu repetir 50 vezes que não tinha batido a cabeça no chão quando cai.

—Vai ficar tudo bem, Hazel. Eles vão liberar você daqui a pouco e vai poder ir embora. —Elisa afirmou, mas Hazel balançou a cabeça negativamente, parecendo estar se segurando para não chorar. Os olhos vermelhos e os lábios tremendo. —Caleb já deve estar chegado.

—Eu não vou mais poder participar da peça. —Hazel olhou pra mim quando disse isso, com a voz saindo baixa demais, de uma forma que quase não ouvi o que ela disse. —Meu braço não vai se curar a tempo e não posso me apresentar com um braço imobilizado assim.

—Talvez a peça possa ser adiada. —Sugeri, e Hazel balançou a cabeça negativamente sem parar, enquanto eu via Elisa fechar os olhos e abaixar a cabeça. —Podemos pensar nisso depois, Hazel. Seu bem estar é mais importante que essa peça.

—É, mas eu sei que vai ser assim. Sei que a professora vai precisar me tirar, mesmo que isso seja péssimo pra peça. —Hazel usou a mão livre para ajeitar os cabelos atrás da orelha. —A Brianna é minha substituta, então você vai precisar fazer isso com ela.

Ergui a mão para esfregar o rosto, porque a forma tranquila e prática que ela falava isso me deixou um pouco irritado. Observei Elisa dar alguns passos para longe da cama, provavelmente sentindo a leve tensão que subia pela sala. A última coisa que eu queria no momento era falar sobre a peça, mesmo que eu soubesse que aquilo era importante para Hazel.

—O Caleb chegou. Eu vou lá embaixo encontrar com ele. —Elisa afirmou, saindo da sala antes que eu conseguisse segura-la, porque sabia que ela só estava fazendo aquilo para nos dar privacidade. Olhei para Hazel quando ficamos sozinhos, me aproximando da cama e segurando a mão dela que estava livre.

—Você vai conseguir fazer isso com ela. Sério, a Brianna é uma boa atriz apesar de ser uma chata. —Hazel sussurrou, e eu neguei com a cabeça, porque preferia morrer a beijar aquela garota em cima de um palco, mesmo que fosse só atuação. —Você é bom nisso. E eu vou ficar nos bastidores pra ajudar.

—Hazel, eu não vou fazer essa peça se não for com você. —Afirmei, sentindo a necessidade de deixar aquilo bem claro. Hazel me encarou surpresa, como se eu não estivesse fazendo sentido pra ela. —Eu só faço essa peça se for com você. Se você precisa sair, então eu também vou.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora