O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 68: O último ato do jogo.

Wyatt

Eu tinha tomado o banho mais rápido da minha vida, porque não queria chegar no auditório todo suado do jogo. E, principalmente, não queria beijar Hazel assim também. Tinha atravessado o campus correndo para chegar a tempo, depois de me vestir aos tropeços enquanto saia do vestiário. Ainda estava colocando o moletom do time de basquete quando entrei no auditório, abrindo um sorriso ao ver o lugar simplesmente lotado.

A ideia de Adam tinha dado mesmo certo. Todo mundo que tinha ido torcer por nós no jogo, tinha ido até ali pra ver qual apresentação ia acontecer. Acenei para os meus colegas de time, que ainda estavam todos de uniforme, suados e vermelhos do jogo. Meu treinador estava sentado perto deles, com os braços cruzados e uma expressão emburrada, mas eu sabia que por dentro ele estava feliz por me ter de volta, além de curioso.

—Você chegou bem na hora. —Hannah me encontrou no meio da rampa, com um sorriso animado nos lábios. Ela tinha me ajudado nas últimas semanas a colocar minha ideia em prática, assim como Adam e Caleb, além dos meus irmãos. —Elisa já levou a Hazel pra se trocar.

—Eu ainda preciso me trocar. —Afirmei, e Hannah negou com a cabeça, me acompanhando até as escadas que davam para o palco.

—Não vai dar tempo. Se apresenta assim mesmo, não tem problema. Esse moletom do time é um charme. —Hannah falou aquilo de uma forma tão genuína que eu acabei soltando uma risada alta que chamou a atenção de algumas pessoas ao redor. —Vai lá, Romeu, que vocês já vão começar.

Subi as escadas do palco, olhando para aquela plateia enorme. Não havia uma única cadeira vaga e as pessoas de pé se aglomeraram no fundo para não perder nada.  Abri um sorriso ao ver os Hollis sentados juntos com os Carson, assim como estavam na hora do jogo. Não pensei no quão grande aquele grupo ia aparecer até vê-los juntos.

Entrei nos bastidores, contando minha respiração para não ficar tenso, porque agora que estava ali e aquilo estava prestes a acontecer, o nervosismo ameaçou me partir no meio. Tinha ensaiado sozinho para manter tudo na cabeça e sabia que Hazel ia se sair perfeita também, porque aquele era o momento que ela mais brilhava, mesmo que pra mim ela sempre fosse uma estrela até mesmo fora dos palcos.

—Eu sei que não ensaiámos isso a semanas, mas vocês se lembram de como é. Acredito no potencial de todos vocês. —Escutei a voz da professora, vendo-a instruindo todo mundo no que deveriam fazer, antes dos meus olhos focarem em Hazel. —Vamos entrar em 5 minutos.

Fiquei completamente sem fôlego, sem conseguir abrir a boca para dizer alguma coisa quando ela saiu de um dos camarins usando um vestido azul claro de baile que a deixou muito mais do que só deslumbrante. Era como ver o sol se pondo no horizonte e querer parar naquele momento pra sempre, porque era a melhor vista de todas.

Os cabelos de Hazel estavam presos em um coque feito de tranças, assim como suas bochechas estavam super coradas, provavelmente porque eu não conseguia tirar meus olhos dela nem por um segundo. Acho que não estava nem respirando ou piscando quando ela parou na minha frente, observando os detalhes na saia do vestido dela, que parecia um céu azul estrelado, por conta dos detalhes brilhantes.

—Você é a coisa mais linda que eu provavelmente vou ver em toda minha vida. —Sussurrei, soltando o ar com tanta força que minha boca ficou seca. Hazel abriu um sorriso tímido, antes de abaixar a cabeça quando não conseguiu mais me encarar. —É uma pena que eu esteja aqui em cima com você, porque eu queria muito estar lá embaixo para te aplaudir de pé por pelo menos uma hora.

—Uma hora me aplaudindo, Wyatt? Isso parece impossível. —Hazel afirmou, e eu neguei com a cabeça na mesma hora, porque eu poderia muito bem fazer isso sim. —Não acredito que você fez tudo isso. Arrumou um jeito dessa peça acontecer de novo.

—Você mesmo disse, estrelinha. Nós dois faríamos isso melhor. —Repeti as palavras que Hazel havia usado pra mim, antes de erguer as mãos e envolver o rosto dela. Hazel sorriu pra mim, se segurando nos meus ombros para ficar na ponta dos pés e me beijar. Não consegui nem encostar nos lábios dela antes que Elisa passasse ali e me arrancasse de Hazel, com um sorriso sarcástico nos lábios.

—Beijo só na hora da peça. Agora vão lá que vamos começar. —Elisa afirmou, empurrando eu e Hazel na direção do palco, que estava com as cortinas fechadas.

Hazel alisou a saia do vestido, parecendo se concentrar enquanto nós dois parávamos nas nossas posições iniciais. Eu deveria olhar para as cortinas que seriam abertas a qualquer momento, mas não conseguia tirar meus olhos de Hazel e do quão linda ela estava vestida assim. E pelo brilho nos olhos dela quando olhou pra mim, eu sabia que ela estava absolutamente feliz por estar conseguindo fazer essa peça.

—Guarde esses olhares apaixonados para minha personagem. —Sussurrou, parecendo ainda mais tímida quando meus lábios se abriram em um sorriso muito fácil.

—Como eu poderia fazer isso se meu personagem sente por ela o mesmo que eu sinto por você? —Questionei, e aquilo deixou Hazel sem palavras, me encarando como se pudesse atravessar o palco e me beijar ali mesmo, antes do início da peça.

Olhei na direção da professora, vendo que ela estava contando nos dedos para mostrar quando iríamos começar. Eu tinha poucos segundos, então olhei pra Hazel de novo, que ainda me encarava completamente abalada. Aquilo facilmente poderia me fazer sorrir e beija-la até ficar sem fôlego. Mas preferi usar algo que seria muito melhor.

—Acha que não penso em você com frequência? Acha que não sonho com você? Penso em você tanto quanto respiro. As vezes, no meio do dia, desejo poder dormir para finalmente poder sonhar com você novamente, porque sei que você estará nos meus braços nesse momento. —Repeti as falas do personagem na cena do primeiro beijo, quando ele abre seu coração pra ela pela primeira vez.

Hazel reconhecia essas palavras, porque uma risada fraca escapou pelos seus lábios, enquanto seus olhos faiscavam na direção do meu como se ela fosse transbordar naquele momento. E eu sabia que Hazel ia reconhecer minhas próximas palavras também, porque elas não eram ditas pelo personagem nessa cena. Mas eu as as diria para Hazel pela primeira vez e depois por todos os dias que estivéssemos juntos.

—Amo você, estrelinha. —Sussurrei, sorrindo para Hazel quando ela absorveu o que eu tinha dito. A surpresa fazendo suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas do que já estavam. Dei um passo na direção dela e Hazel um na minha direção, quando esquecemos completamente aonde estávamos.

As cortinas vermelhas se abriram por completo antes que tivéssemos a chance de chegar um ao outro, revelando o auditório lotado que estava ali para nós assistir. Assistir nós dois, porque era a peça que deveríamos ter feito juntos desde o início. Era a segunda chance de Hazel e o meu momento de provar que conseguia fazer algo fora do basquete.

Nós dois fizemos aquilo juntos e quando terminou fomos aplaudidos de pé por todo mundo. Mas eu sabia que não merecia nada daquilo, porque aquela peça só tinha sido perfeita porque Hazel estava nela. A estrela do teatro. Entrelacei meus dedos aos dela quando paramos no meio do palco junto com nossos outros colegas, fazendo uma reverência em agradecimento a todo mundo que tinha ido até ali.

Os olhos de Hazel encontram os meus quando me ergui e soltei a mão dela para aplaudi-la como todos lá embaixo estavam fazendo. Pensei que ela ficaria super sem graça, mas em vez disso, ela deu um pulinho para alcançar meus ombros e me beijou bem ali, em cima daquele palco, no meio dos nossos colegas e na frente de uma plateia enorme. Passei os braços ao redor dela e a puxei pra mim, sorrindo contra seus lábios quando escutei toda a comemoração ao redor, porque tinha sido o final perfeito.

Epílogo...