O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 33: Meus irmãos?

Hazel

Zack estava no jardim em frente a casa quando chegamos, brincando de guerra de bola de neve com as crianças. Mas on e Charlote gritaram assim que descemos do carro, vindo abraçar todo mundo com uma animação contagiante. Como normalmente acontecia, a atenção dos meus pais se voltou totalmente para os netos, enquanto esqueciam completamente dos filhos.

—Hoje vocês foram os primeiros a chegar. —Zack afirmou, abrindo um sorriso ao dar um abraço apertado em Hannah, antes de fazer o mesmo comigo e depois com Caleb. —Bia está lá dentro começando a preparar o jantar.

—Pelo visto hoje é o dia dos jantares importantes. Ela sabe onde o irmão dela anda? —Caleb questionou, já se encaminhando pra entrada da casa, enquanto eu e Hannah trocávamos um olhar demorado.

—Com a namorada dele. E você tá morrendo de inveja porque a Elisa não está aqui, certo? —Zack soltou, se esquivando quando Caleb se abaixou e juntou neve do chão, antes de lançar na direção dele. Ele quase acertou Hannah, que cruzou os braços na frente do peito e o olhou com uma expressão impaciente. —Ele passa a semana inteira grudada com ela e em um final de semana fica assim?

—Não, ele tá com essa cara de bunda desde que descobriu que a Hazel vai contracenar na peça com um dos caras que ele não gosta. —Hannah afirmou, e eu lancei a ela um olhar atravessado, porque não acreditava que ela tinha falado aquilo daquele jeito para Zack. Meu irmão se virou para me encarar, parecendo um pouco perdido.

—Hm, ok, eu acho que estou perdendo alguma coisa aqui. Não estou sabendo de nada disso. —Ele me encarou curioso, claramente esperando uma explicação.

—Não tem nada demais, tá? Ele só não vai com a cara de um dos colegas de time do Adam. Por uma enorme coincidência do destino ele vai fazer a próxima peça comigo. —Esclareci, antes de me lembrar de um detalhe importante. —Ah, e ele também é irmão da Taylor.

—Par romântico... —Hannah sussurrou, e eu quase me abaixei pra juntar neve do chão e jogar na cara dela, porque é óbvio que Zack tinha ouvido. E nossa, podia jurar que estava olhando para Caleb naquele momento, porque ele fez a mesma expressão incrédula e resignada de Caleb quando descobriu.

—Por favor, tenta não dar uma de irmão ciumento agora. —Falei, colocando as mãos nos ombros de Zack enquanto ele me encarava um tanto desconfiado. —Nem tem motivo pro Caleb não gostar dele. É literalmente só picuinha.

—Eu não vou dar uma de irmão ciumento. —Zack abriu um sorriso pra mim, que eu podia jurar que queria dizer que ele estava mentindo, antes de juntar as sobrancelhas em curiosidade. —Peter já está sabendo disso? Papai já está sabendo?

—Ah, pelo amor de Deus! —Exclamei, saindo de perto dele para entrar na casa, ignorando meu pai questionando o que estava acontecendo. Hannah soltou uma risadinha atrás de mim e eu prometi a mim mesma que ela ainda ia levar o troco, porque sabia que agora iria precisar lidar com quatro irmãos e um pai enciumado.

—O que foi? —Bia questionou da cozinha, assim que entrei na casa e tirei minhas botas de forma irritada. Caleb riu do sofá, provavelmente imaginando o que tinha acontecido. Ou talvez ele estivesse o tempo todo escutando a conversa da porta.

—Porque diabos eu tinha que ter nascido em uma família com 4 irmãos homens? As vezes eu gostaria de um sossego. —Afirmei, escutando Caleb soltar um choramingo do sofá, enquanto eu caminhava até a cozinha. Olhei pra ele, vendo-o levar a mão ao peito e fingir estar com dor, como se eu tivesse o machucado. —Vai lá fora contar pro Zack que você só tem ciúmes do Wyatt por causa da Elisa, isso vai aliviar minha vida.

—Quem é Wyatt? —Bia questionou, completamente confusa, enquanto Caleb soltava uma risada.

—Eu não tenho ciúmes dele por causa da Elisa. Você não entende a complexidade da situação. —Retrucou, e eu soltei um barulho de incredulidade com a boca, colocando as mãos na cintura.

—Complexidade da situação? Vocês homens são muito esquisitos, sabia? —Soltei, me afastando de Caleb antes que acabasse dando um soco na expressão consternada dele, que era totalmente falsa. Bia estava observando a situação com os lábios apertados como se quisesse rir. Voltei para sala assim que me lembrei de um detalhe. —E nada de fazer a caveira do Wyatt para os seus irmãos. Ele nem fez nada pra você.

—Meus irmãos? —Caleb quase caiu na risada naquele momento, o que me deixou quase furiosa com ele por não estar me levando a sério. —Kyle e o Peter vão gostar de ouvir que foram reduzidos a só meus irmãos. E eu não vou fazer a caveira de ninguém, Hazel. Tô me sentindo ofendido por você claramente preferir ele a mim, como se eu fosse um
monstro.

—Eu não prefiro... —Engoli uma onda de constrangimento, me dando conta de que Caleb estava começando a estranhar minha reação.

—Pra quem você vai correr caso tudo dê merda? —Questionou, e eu hesitei em responder, vendo que Caleb não queria uma resposta de fato, ele só queria que eu pensasse naquilo.

Adam podia ser meu melhor amigo e a pessoa que eu mais preferia conversar e contar meus segredos. Mas era para Caleb que eu sempre corria quando alguma coisa super errada acontecia. Quando meu coração foi partido pela primeira vez, foi pra ele que liguei pela primeira vez, porque era a coisa mais certa a se fazer.

—Eu não disse que você era um monstro. —Sussurrei, engolindo em seco quando Caleb assentiu. —Desculpa, eu tô meio estressada.

—Percebi. —Caleb assentiu, e eu me senti ainda mais envergonhada, porque meu irmão não era burro e provavelmente não ia demorar pra somar um mais um. Isso se ele já não tivesse somado. —Um abraço de um dos irmãos homens que você não queria ter pode ajudar?

Fiz uma careta pra ele, escutando a risada de Bia quando caminhei até o sofá e me joguei ao lado de Caleb, deixando ele me envolver em um abraço super aconchegante. Escondi meu rosto no peito dele, sabendo que eu só estava estressada e ansiosa daquele jeito porque não estava conseguindo lidar com as coisas entre Wyatt e eu. Ele estava me tirando da minha zona de conforto e aquilo estava me deixando zonza.

—Pra quem você vai correr? —Caleb questionou, e eu bufei, dando um tapa de leve no peito dele, porque ele já sabia qual era a resposta para aquilo.

—Pra você, seu idiota. —Resmunguei, abrindo um sorriso quando o peito dele tremeu quando ele começou a rir de mim.

—Tudo bem, eu só queria ter certeza de que você sabe que pode contar comigo. —Afirmou, me abraçando apertado até me deixar sem ar, antes de bagunçar meus cabelos. E eu já estava me sentindo muito melhor. Pelo menos até segunda feira eu podia fingir que não estava acontecendo nada.

Continua...