Capítulo 64: Cópia da minha namorada.

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Wyatt

Caleb deixou a garrafa bater contra a mesa, enquanto erguia a mão e passava no rosto. Ele parecia acabado, como se sua semana estivesse sendo a pior de todas. Não o julgo, porque a minha também não estava sendo a melhor do mundo. Mas Caleb não tinha nada a ver com isso. Ou pelo menos não deveria ter, até eu o arrastar comigo.

Eu deveria me sentir feliz por ter conseguido o que queria. E eu realmente estava, mas a sensação de que eu estava falhando com todo mundo também estava me matando por dentro. Não estava ansioso para encontrar o treinador e muito menos a professora do teatro. Acho que ela nem iria me querer mais lá depois disso.

—Como foi a reação dos seus pais? —Questionei, já que os meus tinham quase me matado quando contei o que tinha acontecido. Acho que mereci o sermão que escutei, mesmo que eu só estivesse fazendo o que achava melhor.

—Acho que se a minha mãe não fosse tão controlada, ela teria me dado uma surra. —Caleb afirmou, encolhendo tanto os olhos que eu sabia que isso tinha o chateado por dentro. —Meu pai ficou super decepcionado e preocupado com meu estágio.

—Luc não ia te tirar do estágio por isso. —Retruquei, e Caleb concordou com a cabeça, mas não parecia nada conformado com esse fato.

—Acho que o pior ainda está por vir. —Caleb suspirou, antes de erguer os olhos para me encarar, dando um longo gole na cerveja. —Minha mãe não me matou, mas o treinador certamente vai fazer isso. Ele já está super infeliz porque não vou seguir no esporte.

—Ah, cara, espere até ver o meu. Eu posso fazer tudo certo, mas ele ainda vai achar qualquer coisa pequena pra me criticar e me colocar pra baixo. É simplesmente um saco. —Afirmei, torcendo os lábios em pura frustração, e Caleb praticamente gemeu em desânimo, bebendo o restante da cerveja quase em um gole só. —Você deveria conhecê-lo, sabia? É o exemplo de perfeição que ele usa pra tudo.

—Isso parece mais um pesadelo. —Caleb pareceu até sentir um arrepio desagradável pelo corpo, antes de acenar para o garçom e pedir mais uma cerveja. Fiz o mesmo, porque tinha terminado a minha e precisava de outra também. —Talvez a gente tenha escolhido o esporte errado, cara, porque meu treinador te acha o exemplo perfeito pra tudo também.

—Eu nunca me daria bem no beisebol. —Rebati, porque basquete parecia estar no meu sangue. —Por que eles são assim? A gente se esforça pra caramba. Da a alma pelo time. Mas isso não é suficiente. Estamos sempre cobertos de críticas que servem mais pra desmotivar do que qualquer outra coisa.

—Eu te entendo. —Caleb sussurrou, agradecendo o garçom quando ele deixou nossas cervejas. Peguei a garrafa nova, dando um gole pesado, sentindo o líquido praticamente queimar na minha garganta, porque já tinha bebido o suficiente. Só que eu não estava com vontade de parar e Caleb parecia pensar o mesmo.

Era uma grande ironia eu estar sentado em um bar ficando bêbado com Caleb Carson. Eu preferia passar por isso com qualquer outra pessoa, menos ele. Mas tínhamos chegado a um tipo de entendimento depois da nossa conversa após o treino dele. E não da pra negar que cair no soco com ele aliviou um pouco do estresse que estávamos sentindo.

—Pedi sua irmã em namoro ontem. —Falei, porque não sabia se Hazel já havia contado pra ele. Caleb revirou os olhos, como se essa fosse a última coisa que ele desejava ouvir no momento. Aquilo me fez rir, porque eu era do mesmo jeito quando o assunto era minhas irmãs. —Bom saber que você aprova. Isso é muito importante pra mim.

—Pode enfiar a ironia você sabe bem onde. —Caleb sibilou, e eu soltei uma gargalhada que soou mais alegre do que o normal. Meu Deus, nem lembrava quantas cervejas eu já tinha tomado, mas o álcool já estava deixando meu cérebro doído. —E é melhor cuidar da minha irmã, ou quebro a sua cara de novo.

—Que engraçado, pelo que eu me lembre fui eu quem quebrou a sua cara. —Gesticulei para o rosto dele, e Caleb exibiu uma careta antes de apontar o dedo do meio pra mim. —Eu vou cuidar muito bem dela, não se preocupe. Mas precisamos conversar sobre sua outra irmã. Não quero nenhum babaca andando por aí com uma cópia da minha namorada.

—Ah, graças a Deus nisso você concorda comigo. —Caleb explodiu, e eu acabei caindo na risada com a reação exagerada dele, como se finalmente tivesse encontrado alguém que concordava com ele.

—O que diabos vocês dois estão fazendo? —Luca questionou, e eu abri um sorriso enorme quando meu irmão apareceu ao lado da nossa mesa, colocando as mãos na cintura como se estivesse incrédulo. Adam surgiu atrás dele, negando com a cabeça como se não acreditasse no que estava vendo.

—O que diabos vocês dois estão fazendo? —Caleb repetiu a pergunta, balançando a cerveja entre o primo e o meu irmão. Não consegui parar de sorrir, porque era muito bom ver o rosto do meu irmãozinho.

—A gente veio buscar vocês, porque é óbvio que nenhum dos dois tem capacidade de ir embora daqui usando as próprias pernas. —Adam afirmou, e Caleb explodiu em uma gargalhada, que fez Adam e Luca trocarem um olhar demorado e de igual reprovação.

—A gente ainda tá bebendo. —Soltei, fazendo uma careta quando Luca me colocou de pé e me guiou para fora do bar, deixando o pagamento sobre a mesa. Adam estava ocupado carregando Caleb, que mal conseguia ficar de pé.

—Você vai é beber um café forte a hora que chegarmos em casa. —Luca retrucou, apertando os lábios com força como se estivesse se segurando para não rir quando tentei voltar para dentro do bar assim que passamos pela porta.

—Você chegou em uma péssima hora. Eu e Caleb ainda estávamos discutindo como faríamos para nenhum babaca namorar a Hannah. —Sussurrei, e meu irmão quase me derrubou no chão, antes de parar e olhar pra mim com as sobrancelhas unidas em confusão.

—Do que você está falando?

—Ah, ela é igualzinha a Hazel. Quer dizer, igual em partes, porque eu não gosto dela de qualquer outra forma romântica, assim como gosto da irmã dela. Mas não quero ver alguém beijando uma mulher que lembra minha namorada. —Esclareci, vendo Luca piscar muito lentamente, com uma expressão perdida que me fez rir.

—Você sabe que isso não faz o menor sentido, né? —Luca soltou, passando a mão no rosto e então puxando os cabelos para trás. Dei de ombros, porque pelo menos na minha cabeça fazia sentido.

Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora