O último ato do jogo / Vol. 2

Capítulo 26: Estou indo rápido demais?

Wyatt

Aquele era o momento que eu sabia que ou Hazel iria se afastar de vez, ou ela ficaria e as coisas entre nós iriam pra algo muito diferente de amizade. Ela pareceu um pouco abalada com as minhas palavras, engolindo muito lentamente enquanto a respiração saia tremula por entre os lábios abertos. Ergui a mão e deslizei pela bochecha dela, vendo-a erguer um pouco o queixo, de uma forma que minha mão encaixou perfeitamente no seu rosto.

Inclinei o rosto para perto do dela, até nossos narizes se roçarem. Ainda sim, Hazel não disse absolutamente nada, como se estivesse esperando para ver até onde eu poderia ir. Ergui a outra mão e segurei o outro lado do rosto dela, roçando meus lábios na ponta do nariz dela, antes de subir para sua testa, onde deixei um beijo demorado.

—Precisa de um banquinho, Hazel? —Questionei, escutando ela rir, antes de inclinar a cabeça para trás para poder encarar meus olhos. Havia um brilho de ansiedade ali, junto com uma pitada de coragem.

—O que você está fazendo? —Hazel sussurrou, umedecendo os lábios com a língua quando encarei a boca dela, ajeitando seus cabelos antes de usar uma das mãos para segurar seu queixo. Passei o polegar sobre os lábios dela, engolindo muito lentamente quando minha boca ficou subitamente seca. A vontade de me abaixar e beija-la quase me deixando louco.

—Você sabe. Você me pediu sinceridade. —Falei, envolvendo a cintura dela como fazia quando estávamos dançando. Mas dessa vez usei isso para grudar o corpo pequeno no meu. Hazel era mesmo muito baixa, mas isso não impediu que meus lábios descessem até a bochecha dela. —Estou indo rápido demais?

Ela balançou a cabeça que sim, antes de hesitar e dessa vez negar com a cabeça. Soltei uma risada baixa, sentindo a pele dela se arrepiar inteira, porque minha boca ainda estava grudada na sua bochecha. Procurei pelos olhos dela, tentando ter certeza de que ela estava na mesma sintonia que eu.

—Acho que eu deixei alguém sem palavras. —Sussurrei, observando ela franzir a testa, como se eu a tivesse desafiando de alguma forma.

Encarei os lábios dela de novo, apertando minha mão na sua cintura quando o desejo quase queimou meu corpo. Nossos lábios quase se roçaram quando encostei nossas testas, vendo Hazel fechar os olhos com força e soltar uma respiração trêmula. Ela estava se controlando, mas eu não queria que fizesse isso. Queria que ela fizesse o que estava com vontade.

—Fácil demais, Wyatt. —Hazel afirmou, com a voz completamente rouca, colocando a mão no meu peito e me empurrando para trás. Abri um sorriso, percebendo que ela estava com tanta vontade quanto eu, mas não ia ceder tão fácil. Mas não tinha problema, porque eu sabia que uma hora eu ia acabar beijando aquela boca. —Digo que somos amigos e você já tenta me beijar.

—Não vejo onde está o problema quando você claramente queria que eu te beijasse. —Retruquei, vendo as bochechas dela se pintarem de vermelho quando me ouviu, antes de rir e balançar a cabeça. Mas ela não negou, o que quase me fez avançar o espaço que nos separava e tentar mais uma vez. —Tudo bem, Hazel. Eu sou paciente. Mas vou te dar mais uma sinceridade. Vou beijar você antes da peça, porque me recuso a deixar que nosso primeiro beijo seja lá. Quando eu te beijar, quero que você tenha certeza de que é real.

—Você está muito confiante. —Hazel me lançou um olhar brilhante, mordendo o lábio com força como se quisesse conter o restante das palavras que queria dizer pra mim.

Olhamos para trás quando escutamos um barulho na escada. Nathan estava no meio dos degraus, fazendo menção de subir. Ele fechou os olhos com força quando percebeu que tínhamos o pegado no flagra, como se tivesse tentando voltar lá pra cima sem que nós dois notássemos. Cruzei os braços na frente do peito, enquanto Hazel desviava os olhos envergonhada. Mas ela não parecia mais constrangida do que ele.

—Eu estou subindo. —Nathan gesticulou lá pra cima, me lançando um olhar que era quase um pedido de desculpa misturado com vergonha. —Eu nem escutei nada. Podem... podem continuar. Eu vou...

Ele parou de falar e subiu correndo, desaparecendo em segundos. Comprimi os lábios e soltei uma risada nasal, porque sabia que ele ia contar o que tinha presenciado na sala pra Mavie. Me virei para Hazel, sorrindo ao ver que ela estava tentando fingir naturalidade. Olhei a hora, antes de perceber que era quase hora do almoço e mais tarde eu teria mais treino.

—Acho que Mavie não vai descer mais depois disso. —Afirmei, vendo Hazel engolir em seco quando entendeu o que eu queria dizer. Ela se virou a procura das suas coisas, ainda mais tímida do que antes. —Posso te dar uma carona pra casa? Ou pra onde você quiser ir?

—Que fofo você sendo um cavalheiro. —Ela zombou, me fazendo soltar uma risada e lançar a ela um olhar afiado, porque ela não fazia ideia de como eu poderia ser incrível com ela se ela deixasse.

—Prometo que não vou tentar beijar você de novo. —Falei, piscando inocentemente na direção dela, observando o ceticismo no seu rosto quando não acreditou em mim. —Essa promessa acaba em poucos minutos, então...

—Melhor eu aproveitar os poucos minutos que me restam antes de você me colocar em tentação. —Sibilou, e eu abri e fechei a boca algumas vezes, observando ela passar por mim e soltar uma risadinha baixa, como se tivesse vencido essa.

—Pelo menos você não nega que me quer. —Soltei, pegando minhas coisas e indo atrás de Hazel, porque ela não fez nenhuma questão de esperar por mim. Ela ignorou minhas últimas palavras, mas não tinha importância, porque eu já estava com um sorriso idiota no rosto quando abri a porta do meu carro e esperei ela entrar.

Hazel também não olhou pra mim enquanto entrava no carro, como se a onda de coragem dela já tivesse acabado. Dei a volta e me sentei no banco do motorista, vendo os olhos dela procuraram os meus, como se nós dois estivéssemos pensando a mesma coisa. Íamos sim confundir as coisas na peça, porque nós dois estávamos bem cientes do que o outro queria.

Continua...