Olhei de cara feia para Elisa quando ela se inclinou para perto de mim na aula, sussurrando que queria saber sobre tudo entre eu e Wyatt, e o nosso encontro no dia anterior. Balancei a cabeça negativamente, mordendo o lábio para não sorrir enquanto prestava atenção no professor na frente da turma, que explicava a matéria.
—Você não pode simplesmente me deixar no escuro. —Elisa insistiu, e eu lancei um olhar sarcástico na direção dela, porque eu podia muito bem fazer aquilo sim. —Eu conheço vocês dois, mereço saber como foi. Estava torcendo muito antes de todo mundo.
—Depois eu te conto. —Prometi, mas Elisa me olhou com uma expressão desconfiada, balançando a cabeça negativamente com muita veemência. Aquilo me fez rir, porque ela sabia que eu estava mentindo e depois daria um jeito de fugir e não contar absolutamente nada. —Você vai contar tudo para o Caleb depois.
—Eu vou estar tentando acalmar a preocupação do seu irmão. —Elisa se explicou, me fazendo cobrir a mão para evitar a risada alta que queria escapar pelos meus lábios. Elisa abriu a boca para insistir, antes de nós duas ficarmos quietas quando alguém abriu a porta da sala com força, fazendo-a bater contra a parede e todo mundo olhar para trás.
Fiz o mesmo, erguendo as sobrancelhas quando vi um rapaz com a roupa de uma floricultura segurando um buquê de flores, parecendo super constrangido por ter interrompido a aula. Olhei para o professor lá na frente, que cruzou os braços na frente do peito depois de gesticular de forma impaciente para que o rapaz fosse em frente.
—Amo quando seu irmão faz isso por mim. —Elisa suspirou toda apaixonada ao meu lado, enquanto eu sorria ao observar os rostos ansiosos e curiosos das garotas pela sala, se perguntando quem seria a sortuda. —Ah, meu Deus.
—O que foi? —Questionei, vendo Elisa olhar fixamente pra mim, assim como o restante do pessoal da turma. Só então virei o rosto e percebi que o rapaz tinha decido as escadas até parar ao lado da minha cadeira.
—Hazel Carson? —Indagou, e eu confirmei com a cabeça, sentindo o calor subir e se concentrar nas minhas bochechas quando ele checou o papel na sua mão e então estendeu as flores pra mim.
Provavelmente eu estava mais vermelha que um pimentão quando peguei as flores e murmurei um obrigada. Acho que o rapaz nem mesmo me ouviu, antes de disparar para fora da sala. Depositei as flores no meu colo, olhando na direção do professor lá na frente, que abriu um sorriso e negou com a cabeça, antes de voltar a dar aula.
Alguns colegas ainda estavam olhando na minha direção, mas peguei o cartão, rindo quando Elisa praticamente se jogou em cima de mim para ler também. Meu coração deu um pulinho dentro do peito quando li o recado de Wyatt, sentindo minhas bochechas arderem de tanto que eu estava sorrindo e me sentindo sem graça, mesmo que tivesse adorado aquilo.
—Hm, ele está te esperando lá fora. —Elisa sussurrou, me lançando um olhar cheio de significados, enquanto eu tentava não demonstrar o quão ansiosa eu estava para o fim da aula. —E você ainda se recusa e me contar tudo.
Lancei a ela um olhar que era mais um pedido de desculpas do que qualquer outra coisa. Elisa focou a atenção na aula enquanto eu não parava de babar nas flores que eu tinha ganhado. Não acreditava que Wyatt tinha tido a coragem de mandar o rapaz vir me entregar no meio da aula. Óbvio que ele sabia como eu ia me sentir e tinha feito tudo de caso pensado.
Quando finalmente fomos liberadas, passei o braço pelo de Elisa e saímos juntas da sala, sobre o olhar curioso de algumas pessoas que me viam com aquelas flores. Parei no corredor, fazendo Elisa parar também, vendo Brianna atravessar na nossa frente chorando e correr para o banheiro mais próximo.
—O que diabos aconteceu com ela? —Elisa questionou, parecendo tão confusa quanto eu ao ver aquela cena. Acho que nunca tinha visto Brianna chorar antes, e eu a conhecia a bastante tempo, porque sempre estivemos no teatro juntas.
—Vocês ainda não souberam? —Um cara que estava na mesma aula que nós duas passou por Elisa, escutando a pergunta dela. —Parece que ela fez umas acusações falsas contra o Hollis esses dias, que poderia causar um problemão pra ele. E vocês sabem, ninguém gosta de gente mentirosa.
—Que tipo de acusação? —Questionei, tentando não pensar no fato de que ele provavelmente estava se referindo ao Wyatt e não aos irmãos dele. O cara deu de ombros, se afastando de nós duas enquanto eu olhava para Elisa para ver se ela estava pensando o mesmo que eu.
[...]
Wyatt estava mesmo me esperando do lado de fora do prédio quando sai, escorado no carro com as mãos enfiadas no bolso do moletom do time. Abri um sorriso envergonhado quando ele olhou na minha direção e ergueu as sobrancelhas ao ver as flores, com um sorrisinho disfarçado no canto dos lábios.
—Você atrapalhou a aula, sabia? —Soltei, engolindo o susto quando Wyatt me puxou pela cintura e me beijou bem ali, no meio do campus, onde todo mundo que estava saindo da aula poderia ver. Não que as coisas entre nós não fossem bem óbvias, mas eu não sabia que ele era do tipo que demonstrava carinho em publico.
—Eu não atrapalhei nada. Estava bem comportado aqui esperando você. —Afirmou, se escorando no carro de novo e me puxando para perto, até meu corpo ficar grudado no dele. Parecíamos um casal para quem olhava de longe. E aquele pensamento fazia algumas borboletas voarem livres pelo meu estômago.
—Eu amei as flores. Obrigada. —Afirmei, e o sorriso de Wyatt chegou a deixar minhas pernas parecendo gelatina. —E você não tem nada de comportado. Que história é essa de você com a Brianna? Todo mundo está falando pelos corredores e ainda sim eu não entendi nada.
Wyatt inclinou a cabeça para trás e soltou um suspiro pesado, antes de voltar a me encarar com uma expressão inocente. Balancei a cabeça, porque já podia imaginar que aquilo significava que ele não tinha nada de inocente naquela história. Não que eu me preocupasse com Brianna, mas eu não estava preparada para ver a garota chorando.
—Lembra sobre ela ter me dado seu número errado? Bom, foi o número dela que ela passou no lugar. —Wyatt esclareceu quando confirmei com a cabeça, porque não esperava Brianna fazendo nada que fosse ao meu favor. —Encontrei ela no mercado um dia e questionei porque ela tinha feito isso. A gente meio que se desentendeu, porque ela estava claramente tentando sacanear nos dois de alguma forma. O problema é que eu avisei pra ela não fazer isso de novo.
—Avisou como? —Questionei, vendo Wyatt morder o lábio e ponderar sobre como me contar aquilo. Permaneci em silêncio quando ele começou a contar, balançando a cabeça negativamente quando entendi como uma coisa pequena se tornou grande em um piscar de olhos. —Ela estava chorando.
—Você está falando isso pra que eu me sinta mal? Porque eu não me sinto nem um pouco. Ações e consequências, estrelinha. —Wyatt inclinou o rosto para perto do meu e eu podia ver muito bem que ele não estava nem um pouco arrependido. —E eu nem inventei nenhuma mentira. Só contei pra uma pessoa chave que ela estava inventando uma mentira minha sobre ter sido agressivo com ela, que essa pessoa fez o favor de espalhar.
—E você avisou a ela. —Afirmei, e Wyatt confirmou com a cabeça, antes de eu esconder o rosto no peito dele quando senti vontade de rir. —Eu não deveria estar rindo, mas adoro quando o karma chega pra alguém.
—Bom saber que você tem a mesma mente perversa que eu. —Wyatt afirmou, e eu soltei uma gargalhada, apertando os olhos fechados quando ele segurou meu rosto e me beijou. —Agora vamos sair daqui que eu quero ficar sozinho com você, longe de toda essa gente fofoqueira.
Continua...
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O último ato do jogo / Vol. 2
RomanceHazel Carson é doce, gentil, atenciosa e completamente romântica. Mas ela também é determinada quando o assunto são peças de teatro, já que pra ela isso é tudo que importa na faculdade, além das suas notas perfeitas. E agora Hazel está prestes a con...