Capítulo 19: Minha casa então?

695 165 50
                                    

Hazel

Eu e Elisa tínhamos acabado de começar a ensaiar uma cena juntas quando Wyatt chegou. Ele se sentou mais afastado de todo mundo, observando nos duas juntas com curiosidade. Tentei continuar o que estava fazendo, fingindo que ele não estava ali olhando pra nos duas. Mas era difícil quando eu sentia meu rosto esquentando, mesmo que eu já tivesse feito aquilo varias vezes.

Depois que nos duas terminamos, saímos do palco e Wyatt foi chamado, junto com outros colegas pra ensaiar uma cena do baile que ele faria com eles. A cena que antecedia nosso primeiro encontro na peça. Me sentei no meu lugar e observei Wyatt o tempo todo, porque era incrível o quanto ele conseguia entrar no personagem muito bem.

Quando a aula chegou ao fim, me levantei e juntei minhas coisas, vendo Elisa se despedir antes de sair rapidinho do auditório, porque ainda tinha aula de balé. Engoli em seco quando escutei a professora me chamando, sabendo que Wyatt estava bem ao lado dela. Respirei fundo algumas vezes antes de ir até eles, porque não sabia como agir depois da festa.

—Eu gostaria de fazer um pedido a vocês dois. Essa é a maior peça que temos para produzir. São muitas cenas que precisam funcionar perfeitamente. Vou tentar aumentar nossas aulas, mas isso é quase impossível porque todos tem seus próprios compromissos. —Ela gesticulou para a jaqueta de Wyatt, do time de basquete, como se quisesse evidenciar o que tinha acabado de dizer. —Vocês dois são o casal principal. Vocês vão fazer a peça funcionar. Queria pedir que se vocês dois pudessem, ensaiassem em alguns dos seus horários livres.

—Tipo, quando não tivermos em aula? —Questionei, olhando de relance na direção de Wyatt, porque queria muito saber a reação dele sobre aquilo. Mas ele estava completamente sério, encarando a professora.

—Sim, Hazel. Sei que isso é injusto, porque vocês merecem um descanso. Mas apenas algumas vezes, ok? —Ela abriu um sorriso doce pra mim, como sempre fazia quando eu conseguia me sair muito bem em alguma coisa do teatro. —E isso vai ser até bom pra vocês dois se entrosarem mais, sabem?

Nenhum de nós dois disse nada, mas eu sabia que ela estava se referindo a nosso primeiro encontro, quando resolvi ser uma pessoa de merda e fui pega no flagra por Wyatt. Abri um sorrisinho para a professora, tentando não demonstrar minha ansiedade, antes de ela pegar suas coisas e ir embora. Já tinha notado que ela fazia um ótimo trabalho em deixar eu e Wyatt sozinhos.

—Ela deve pensar que a gente se odeia. —Wyatt afirmou, me fazendo soltar uma risada baixa e negar com a cabeça. —Bem, meio que você realmente me odeia, então ela não está totalmente errada.

—Eu não odeio você. —Retruquei, me virando para encara-lo. Wyatt cruzou os braços na frente do corpo, me lançando um olhar cético enquanto tombava a cabeça de lado. Soltei um suspiro pesado, cruzando os braços da mesma forma que ele. —Achei que a gente já tinha superado isso.

—Você ameaçou fazer de novo se eu flertasse com você. —Wyatt deu de ombros, e eu torci os lábios para não soltar uma risada meio histérica.

Me afastei dele para pegar minhas coisas, ignorando minha pulsação disparando quando percebi que ele estava vindo atrás de mim. Aquilo era estranhamente familiar, porque ele sempre fazia isso, assim como eu estava sempre tentando me afastar dele.

—A gente pode conversar sobre a sugestão dela ou você é absolutamente contra? —Questionou, e eu sabia que aquela era uma pergunta genuína, já que precisávamos mesmo falar sobre aquilo. Tinha sido uma sugestão direta da professora pro bem da peça.

—Sou absolutamente a favor de qualquer coisa que melhore a peça. —Afirmei, subindo as escadas do auditório até as portas de saída, sentindo ele bem atrás de mim. Não conseguia não me sentir balançada com aquilo, quando ele estava tão perto assim.

—Eu também sou a favor. Sendo sincero, você sabe que essa é minha primeira vez atuando, então eu quero me sair muito bem. Sei que você pode me ajudar com qualquer coisa que eu estiver fazendo errado, porque você é a melhor nisso. —Wyatt deixou claro, e eu parei bem em frente as portas, me virando para olhar pra ele, o observando enfiar as mãos no bolso da calça e dar de ombros. —Ou você ainda está esperando que eu desista?

—Faz diferença o que eu espero ou não? —Questionei, e os lábios dele se abriram em um sorriso que eu podia jurar que ele estava tentando segurar.

—Pra mim sim. —Assentiu, me fazendo morder o lábio com força, porque era muito difícil lidar com ele quando eu não sabia se ele estava flertando comigo, sendo sincero ou apenas me sacaneando. —Se você não está feliz, eu também não estou.

—Brega, Wyatt, você já foi melhor nisso. —Afirmei, sem conseguir evitar uma risada alta, porque aquela tinha sido mesmo ruim. O sorriso dele ficou maior, como se aquela tivesse sido a intenção dele desde o inicio.

—Me lembro de você dizendo que minhas cantadas eram péssimas. —Ele ergueu as sobrancelhas, como se estivesse me testando, e eu me lembrava muito bem de ter dito aquilo. Mas elas não eram péssimas, porque ele sempre me fazia sorrir com elas, mesmo quando eu não queria. —Você vai fazer alguma coisa hoje a noite? Não estou tentando te convidar pra um encontro, eu juro.

—Não, eu estou livre se quiser ensaiar alguma cena. —Falei, mesmo que eu soubesse que era uma ideia horrível eu ficar sozinha com Wyatt, ensaiando aquelas cenas super românticas. —Mas não pode ser no meu alojamento.

—Minha casa então? —Wyatt questionou, e eu me arrependi na mesma hora de falar que não podia ser no meu alojamento. Mas eu ficaria completamente constrangida de ensaiar na frente de Hannah, sabendo que ela teria muito a falar sobre isso mais tarde. —Meus irmãos ajudam no café, então temos um tempo livre se você quiser evitá-los.

—Não tenho problemas com seus irmãos. —Afirmei, mordendo o lábio enquanto tentava encontrar uma outra opção, mas não havia nenhuma. Eu não conhecia qualquer lugar que poderíamos usar para ensaiar.

—Eu sei, seu problema é comigo. —Wyatt retrucou, e eu lancei a ele um olhar sarcástico, porque ele não fazia ideia do que estava falando. Ou talvez ele fazia, mesmo que provavelmente não estivesse pensando no mesmo que eu. —E então?

—Você tem meu número? —Questionei, e ele confirmou com a cabeça, com aquela expressão seria que eu jurava que ele estava tentando disfarçar alguma coisa. —Me manda o horário então. Eu apareço na sua casa e a gente ensaia alguma coisa.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora