Capítulo 20: Primeira dança.

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Wyatt

Já fazia alguns minutos que eu tinha enviado mensagem a Hazel e ela ainda não havia respondido. Fiquei checando a hora, me perguntando se ela me deixaria esperando, mesmo que aquilo não fosse um encontro e sim um momento pra ensaiarmos pra peça. Depois de uma hora, que eu já considerava tempo demais já que tínhamos combinado aquilo, mandei outra mensagem, porque Hazel não fazia do tipo que marcava e não ia propositalmente.

Wyatt — Pode passar aqui as 19:00 horas.
Estou sozinho em casa.
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Tudo bem?
Se não puder vir hoje tudo bem, só me avisa.

Fechei meus olhos com força, batendo de leve o celular na minha cabeça, porque estava esperando que meu interesse por ela sumisse depois de descobrir de quem ela era irmã. Verdade seja dita, ficar próximo de Caleb Carson é a última coisa que eu quero na minha vida. Mas eu esquecia completamente da existência dele quando Hazel estava na minha frente.

Me levantei da cama quando a campainha tocou, saindo do meu quarto para atender a porta. Estava esperando muitas coisas, menos encontrar Hazel parada ali abraçando o próprio corpo com uma expressão tímida, como se tivesse ficado com vergonha de bater na porta da minha casa. Franzi a testa, checando o celular para ver se ela tinha me respondido, mas não havia nada ali.

—Você não me avisou que estava vindo. Até achei que ia me deixar esperando a noite toda. —Afirmei, dando espaço para que Hazel entrasse. Ela fez uma careta, me olhando com pura confusão. —Você viu minhas mensagens, não viu?

—Você não me mandou mensagem nenhuma. —Hazel soltou, e eu puxei o celular enquanto fechava a porta, mostrando as mensagem pra ela. Hazel comprimiu os lábios, antes de olhar pra mim com as sobrancelhas erguidas. —Onde você arrumou esse número?

—Com a Brianna. —Dei de ombros, e Hazel ergueu a mão para esfregar a testa, exibindo uma expressão incrédula. Encarei as mensagens, antes de soltar um suspiro quando me dei conta de algo.

—Vocês duas não são amigas, não é? —Questionei, já sabendo a resposta antes mesmo de Hazel a dizer.

—Ela não me suporta, porque eu pego todos os papéis principais. —Falou, e eu assenti com a cabeça, pensando no quão falsa aquela garota era, porque fingiu direitinho que era amiga da Hazel. —Deveria ter pedido pra Elisa. Achei que vocês dois eram próximos.

—Tem razão, da próxima vez que quiser saber algo de você eu pergunto pra ela. Mas é que meu cérebro não funciona direito quando você está na minha frente. —Soltei, e Hazel deixou escapar uma risada, antes de me lançar um olhar ansioso.

Ela sempre parecia ficar nervosa quando eu falava algo assim, mesmo que sorrisse todas as vezes. Ela podia achar que eu premeditava aquelas coisas, mas eu só falava tudo que vinha na minha cabeça. Era automático. Talvez eu devesse filtrar mais as palavras, porque aquilo já me colocou em confusão por falar a coisa errada na hora errada. Mas com Hazel tudo que saía era genuíno demais.

—Desculpa, eu posso parar se isso te deixar desconfortável. —Afirmei, mesmo que fosse uma coisa muito difícil se eu tentasse. Hazel pareceu pensar no que eu tinha dito, e eu vi aquilo como um sinal bom, porque ela teria concordado na mesma hora se não gostasse.

—Não é isso, é só que... —Ela parou, me deixando muito curioso pra saber o que ela pretendia dizer antes. —A gente pode ensaiar alguma coisa? É melhor a gente não perder tempo, né?

—Claro. —Abri um sorriso, antes de indicar pra ela onde ficava meu quarto. Meus irmãos tinham saído e meus pais estavam no café, então não tinha a possibilidade de alguém atrapalhar nos dois tão cedo. —Quer escolher a cena ou eu posso escolher?

—Eu escolho. —Hazel se apressou em pegar os papeis, enquanto eu fechava a porta do meu quarto e tentava esconder uma risada, porque ela parecia com medo que eu escolhesse uma cena romântica demais, como foi da primeira vez. —Que tal a cena da primeira dança? A gente não precisa dançar, óbvio, porque ainda nem ensaiamos isso e nem sabemos a música, mas podemos ler as falas e tentar, sabe?

—Por mim tudo bem. —Concordei, deixando os papeis de lado dessa vez, porque tinha me sentido na obrigação de gravar tudo. Não podia ficar dependendo daquilo se quisesse provar para Hazel que conseguia fazer aquilo sem ser um desastre. —Você é boa de dança?

—Sim, fui líder de torcida no colegial e já teve várias cenas de danças em outras peças. —Hazel deu de ombros, observando as quatro prateleiras de troféus e medalhas que eu tinha em uma das paredes do quarto. Todas que ganhei no basquete. —Mas não tem problema se você não souber nada sobre dança. Vamos aprender tudo nas aulas.

Eu sabia que ela tinha razão sobre isso, mas eu ainda queria me sair o melhor possível. Mavie tinha marcado comigo amanhã, pra me ensinar algumas coisas. Não podia negar que estava um pouco nervoso com isso, porque era como se eu estivesse prestes a entrar em um jogo super importante e não pudesse errar um único ponto.

—Podemos começar então? —Hazel questionou, e eu concordei com a cabeça, observando ela atravessar meu quarto até ficar perto da janela.

Vi ela fazer o mesmo que das outras vezes. O momento fascinante que ela parava, respirava fundo e parecia mudar completamente, entrando na personagem como se ela fosse parte dela. Hazel me encarou, quase sem nem piscar, enquanto eu estava do lado oposto do quarto, sem conseguir desviar os olhos dela. Algo quente e caloroso deslizando pelo meu coração.

Caminhei lentamente na direção dela, observando-a engolir em seco muito lentamente, erguendo o queixo para conseguir encarar meus olhos quando parei na frente dela. Segurei o sorriso, com a expressão mais suave de todas quando me inclinei e segurei a mão dela, deixando um beijo demorado na pele quente. Vi o exato momento que Hazel ficou arrepiada, tendo certeza que aquilo era sobre ela e não sobre a personagem.

Senhorita. —Falei, soltando a mão dela muito lentamente. Deixando nossos dedos se roçarem antes de me afastar. —Perdoe-me, mas não lembro de ter visto uma dama tão linda quanto a senhorita está noite. Está deslumbrante.

Muito obrigada. —Um sorriso se abriu nos lábios dela. Tão tímido e doce que fez meu coração chegar a garganta, porque eu não conseguia entrar tão bem no personagem quanto ela. Aquilo parecia real demais pra mim. —É a coisa mais gentil que já me falaram está noite.

Que azar o deles então, porque seu sorriso me prendeu do outro lado do salão desde o momento que chegou. —Ergui minha mão e ofereci a ela, finalmente me permitindo sorrir como eu queria, observando Hazel piscar muito lentamente como se aquilo fosse demais pra ela também. —Hazel Carson, você me daria a honra de uma dança?



Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora