Capítulo 48: Você vai conseguir.

371 105 26
                                    

Wyatt

Talvez eu devesse segurar um pouco a minha língua, mas era difícil quando eu me sentia inquieto na maior parte do tempo. Fiquei quieto observando a interação de Hazel com eles, evitando olhar para as demonstrações de carinho entre Adam e minha irmã e principalmente para Caleb, que estava fazendo um ótimo trabalho em me ignorar também.

Observei minha mãe e meu pai olharem na direção da nossa mesa algumas vezes, com uma clara expressão de que estavam loucos para conhecer Hazel. Eu estava com o braço ao redor do ombro dela, deixando bem evidente que estava rolando alguma coisa ali. Tinha certeza que depois disso ou apresentava ela pra eles, ou minha mãe me mataria.

Depois de algumas horas, eu fiquei encarregado de levar Hazel e Hannah pro alojamento. Adam não parecia ter a intenção de largar minha irmã tão cedo e Caleb tinha saído minutos antes pra levar Elisa pra casa. Parecia que aquela seria nossa rotina pelos próximos encontros, porque eu tinha a sensação que teriam outros.

—Tchau, pombinhos. —Hannah murmurou, saltando do carro e correndo para o alojamento, enquanto Hazel soltava uma risada ao meu lado e erguia a mão para ajeitar os cabelos.

—Foi uma noite interessante. —Comentei, e Hazel concordou com a cabeça, distraída mexendo no zíper da sua bolsa. Levei a mão até a dela, o que a fez olhar pra mim e abrir um sorriso meio torto. —O que foi?

—Você e meu irmão podiam se esforçar um pouquinho, né? Por mim, pelo menos. —Afirmou, e eu engoli muito lentamente quando compreendi que íamos falar sobre aquilo. —O clima ficou super estranho na mesa aquela hora porque você resolveu cutuca-lo de graça.

—Foi mais forte do que eu. —Dei de ombros, e Hazel tombou a cabeça de lado, como se não fosse isso que ela estivesse esperando ouvir. —Só eu vou ganhar um puxão de orelha?

—Não, pode ter certeza que a Elisa vai ficar encarregada disso com o meu irmão. —Hazel fez menção de abrir a porta, mas eu a segurei, me inclinando para perto dela para roubar um beijo.

—Sinto muito, estrelinha. Vou tentar não ser um idiota quando seu irmão estiver junto. Mas as coisas são complicadas. —Falei, sentindo uma pontada amarga na minha boca, porque não queira que a noite terminasse de um jeito ruim. Ok, eu tinha vacilado. Caleb estava na dele e eu o provoquei primeiro. Eu só precisava manter minha boca fechada da próxima vez.

—Me explique o porquê então. —Hazel pediu, e eu soltei um suspiro pesado, balançando a cabeça enquanto pensava no que dizer a ela. Como explicar aquela situação.

—Seu irmão é o exemplo que os professores sempre usam quando querem me criticar por alguma coisa. Ele é o aluno perfeito. Vai ter um futuro brilhante pela frente. —Afirmei, mesmo que soubesse que Hazel podia imaginar o quão bom o futuro do irmão dela poderia ser se ele quisesse. —Me sinto muito pressionado a ser perfeito também, sabia? E isso é simplesmente horrível. Odeio quando todos eles fazem eu me sentir mal por não conseguir ir bem em alguma coisa que não seja basquete, mesmo quando eu me esforço pra isso.

—Mas basquete é o seu futuro, não é? —Questionou, e eu confirmei com a cabeça, enquanto Hazel não tirava os olhos de mim e sua mão acariciava a minha.

—É sim, Hazel. E eu já deveria ter entrado em um time profissional, mas meus pais me pediram pra terminar a faculdade primeiro, porque é sempre bom ter uma segunda opção se algo der errado. —Abri um sorriso fraco, porque sabia que eles só estavam pensando no melhor pra mim. —Isso me frustrou muito na época, mas entendo porque eles me pediram isso. Eu nunca ia terminar a faculdade se já estivesse jogando fora.

—Mas você ainda se incomoda com isso. —Hazel comentou, e eu não consegui mentir pra ela que não me incomodava. Queria estar jogando de verdade e não pelo time da universidade. Eu poderia estar jogando por aí e ganhando títulos. Deixando minha marca no esporte que eu gostava mais do que qualquer coisa.

—O treinador odeia o fato de que eu ainda não participei do draft pra entrar em um time oficial. Bem, eu também odeio isso, então somos dois. —Umedeci os lábios com a língua, soltando um suspiro resignado quando vi que Hazel podia me entender, pela forma que ela me encarava. —Mas esse ano é tudo diferente. Vou me formar e no início da temporada de jogos vou poder participar e meu futuro vai estar bem nas minhas mãos.

—Você vai conseguir. E o teatro vai te dar todos os pontos que você precisa pra se formar. —Hazel afirmou, se inclinado para me dar um beijo. Fechei meus olhos e envolvi a nuca dela, puxando-a mais para mim para aprofundar o beijo, porque ainda não tinha superado o fato de ser com certeza o melhor da minha vida. Não tinha como nada ser melhor do que beijar Hazel Carson.

—O que você vai fazer depois da formatura? —Questionei, assim que ela se afastou um pouco, mesmo que nossos rostos ainda estivessem próximos.

—Vou continuar no teatro. É o que eu mais gosto. Já estou de olho em alguns que quero tentar quando sair da faculdade. Mas eu ainda tenho um longo caminho pela frente, diferente de você. —Falou, e eu balancei a cabeça negativamente, porque Hazel iria ter um futuro brilhante pela frente. Sabia disso só de olhar pra ela em cima de um palco.

—As coisas vão ser diferentes depois que a peça terminar, sabe disso, não é? —Questionei, ajeitando alguns fios de cabelo de Hazel atrás da orelha dela. Hazel sorriu, assentindo com a cabeça, mas senti que ela parecia um pouco hesitante sobre o que eu queria dizer com aquilo. —Mas acho que nós dois vamos nos sair muito bem. O que acha de ensaiarmos juntos amanhã? Sem ser no auditório com o restante do pessoal.

—Eu acho uma ótima ideia. —Afirmou, abrindo um sorriso muito grande, como se fosse a melhor ideia de todas. —Minha casa ou a sua?

—Pode ser na sua, já que da última vez foi lá em casa. —Dei de ombros, já que agora eu conhecia Hannah e tinha certeza que a garota não ia se importar comigo invadindo seu alojamento. —Você aproveita e me apresenta a sua tartaruga de estimação.

Hazel fez uma careta, antes de soltar uma risada e esconder o rosto na minha garganta. A abracei de lado, deixando um beijo no topo da sua cabeça. Acho que nós dois estávamos indo a algum lugar ali, e eu estava ansioso pra descobrir onde chegaríamos.


Continua...

O último ato do jogo / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora