Alden
Desci do cavalo com passos firmes, sentindo o chão de areia úmida ceder levemente sob minhas botas. O cheiro salgado do mar preenchia o ar, misturado com algo mais pungente e amargo - um odor que só poderia ser de morte. A costa estava agitada, o mar golpeava as pedras com força, refletindo a tempestade iminente que se formava no horizonte.
Ao longe, avistei os piratas que haviam retornado dos barcos, suas silhuetas carregadas por uma tensão visível. Alguns carregavam corpos - completamente tostados, marcados pelo fogo que consumiu suas vidas. O brilho trêmulo da luz do dia refletia nos restos chamuscados, criando uma cena macabra que parecia saída de um pesadelo.
Me aproximei de um dos corpos, sentindo os olhares dos piratas em mim, tensos, temerosos. Assim que me abaixei, pude sentir o cheiro agridoce de pele queimada, uma lembrança vívida de batalhas que preferia esquecer. Por um momento, meu olhar permaneceu fixo naquele cadáver irreconhecível, e a realidade do que isso significava começou a me atingir como ondas sucessivas.
Porra... Foi ele.
Fechei os olhos por um instante, tentando controlar o turbilhão que ameaçava me engolir. Como isso aconteceu? Como ele descobriu que eu estava aqui? A pergunta ecoava na minha mente como um trovão distante. Quando abri os olhos novamente, o mundo ao meu redor parecia mais frio, mais sombrio.
Cerrei a mandíbula, o maxilar tenso enquanto minha mão formava um punho involuntariamente. Sem pensar duas vezes, me virei para um dos piratas que estava mais próximo, agarrando sua gola com força. Puxei-o para perto, sentindo sua respiração hesitante contra meu rosto.
- Descubra onde ele está. - minha voz saiu baixa, mas carregada de uma fúria contida, como um vulcão prestes a explodir. - Utilizem a força que desejarem, mas achem ele.
O homem assentiu rapidamente, quase tropeçando nas próprias palavras. - S-Sim, senhor!
Antes que ele pudesse se afastar, um chamado vindo de trás me chamou a atenção. - Senhor!
Virei-me, franzindo a testa ao ver um grupo de piratas reunidos em torno de algo. Caminhei até eles com passos largos e impacientes, empurrando um deles para o lado sem cerimônias. Assim que alcancei o centro do círculo, vi o que os prendia: dois corpos recém-mortos no chão. O cheiro de morte era mais forte aqui, misturado com o da água do mar.
- Eles foram mortos recentemente... - murmurou um dos piratas, a voz trêmula. - Isso significa que o assassino pode ainda estar por perto.
Olhei para os corpos, notando como a pele estava inchada e pálida, provavelmente por terem sido arrastados pela água. Meu nariz se franziu automaticamente de nojo, mas forcei minha atenção de volta ao que importava.
- Os corpos estavam na água? - perguntei, cruzando os braços, tentando ignorar o desconforto da cena.
- Sim - confirmou um deles, hesitante. - As sereias os encontraram e... disseram ter visto o que aconteceu. Mas não temos certeza se o que dizem é verídico. - Você sabe como elas são.
Meus olhos se estreitaram, analisando suas palavras com cuidado. - Prossiga.
O homem respirou fundo, evitando meu olhar antes de continuar. - Disseram ter visto um grupo. Incluindo o moleque ruivo.
Minha paciência já escassa se evaporou com aquelas palavras. O sangue ferveu em minhas veias, e um calor sufocante subiu pelo meu corpo enquanto cerrava os punhos. Estalei o pescoço lentamente, como se o movimento pudesse aliviar a raiva que tomava conta de mim.
- Como era esse grupo? - perguntei, embora já suspeitasse da resposta. O peso do que estava por vir já apertava meu peito.
Os piratas se entreolharam antes de responder, hesitando como se temessem as consequências. - Um homem de cabelos azuis, dois de cabelo preto e um loiro... uma mulher... e o garoto.
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A Maldição De Westerfair
Romance"Não adianta fugir de mim, coelhinha. Eu sempre estarei escutando cada passo que você der na Terra." Uma vila amaldiçoada, um mundo alternativo, um casarão assombrado, e um stalker. Cassie Kennedy decidiu trancar sua faculdade de psicologia na Calif...